Estudo diz que legalizar uso recreativo de canábis aumenta consumo sem reduzir criminalidade

O aviso é feito na mensagem da presidente do Conselho Internacional para o Controle de Narcóticos

O Conselho Internacional para o Controle de Narcóticos alertou esta quinta-feira, 9 de Março, que a legalização da canábis para uso recreativo pode levar a um aumento do consumo, principalmente entre os jovens, e não reduzirá a criminalidade associada.

O aviso é feito na mensagem da presidente do Conselho Internacional para o Controle de Narcóticos (INCB, na sigla em inglês), Jagjit Pavadia, no início do relatório anual do organismo, relativo a 2022.

O estudo indica ter analisado «detalhadamente essa tendência entre um pequeno número de governos» e observado «que a legalização da canábis pode causar muitos efeitos negativos na saúde, principalmente entre os jovens».

O organismo assinala que o uso não medicinal da droga «viola a Convenção Única sobre Estupefacientes de 1961», que a classifica «como uma substância altamente viciante».

De acordo com o relatório, em jurisdições onde a canábis foi legalizada para uso recreativo registou-se «um maior consumo» da substância, bem como um «aumento nos efeitos contra a saúde e de transtornos psicóticos» e um «impacto negativo na segurança rodoviária».

«Cerca de 4% da população global, à volta de 209 milhões de pessoas, usam canábis (dados de 2020)», o que a torna a «droga ilícita mais utilizada no mundo», indica o comunicado de divulgação do relatório, adiantando que «o cultivo da planta regista uma tendência de crescimento na última década» e que o número de utilizadores «cresceu 23%».

A utilização da droga varia bastante consoante as regiões, mas «é maior na América do Norte, na Oceania e na África Ocidental».

O INCB chama ainda a atenção para o facto de a legalização resultar numa «menor perceção do risco» do seu uso e «está particularmente preocupado com a expansão da indústria de canábis», que comercializa produtos à base da droga «de modo atraente para os jovens», refere Jagjit Pavadia.

Por outro lado, o conselho salienta que são «poucos os dados fiáveis disponíveis sobre o impacto da legalização da canábis para tirar conclusões significativas» e que «a variedade de modelos» utilizados dificulta a transferência de conjuntos de dados de um país para outro e as previsões sobre os sucessos ou falhas de uma eventual legalização.

Recomenda assim que «sejam mais estudados os efeitos do uso de canábis em indivíduos e sociedades antes da tomada de decisões vinculativas de longo prazo».

 



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