Duarte Cordeiro visitou santuário de cavalos-marinhos na Culatra

A visita integrou a iniciativa “Governo + Próximo”

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, visitou esta quinta-feira, 2 de Março, a área de refúgio para cavalos marinhos na Culatra que já está assinalada com boias. 

Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), «estes trabalhos constituem um passo essencial para que os utilizadores da ria reconheçam as zonas de refúgio onde não é permitido navegar, garantindo assim a preservação mais eficaz e continuada dos cavalos marinhos e o seu habitat natural na Ria Formosa».

A sinalização das áreas de refúgio dos cavalos marinhos resultou de um esforço conjunto entre a Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR) e do Almancil International Rotary Club.

Durante a última década, as populações de cavalos marinhos da Ria Formosa sofreram um grande decréscimo devido a vários fatores decorrentes da atividade humana na ria. Um desses fatores foi a pesca ilegal, motivado pela procura destas espécies para venda no mercado asiático enquanto produto muito apreciado e valorizado para a medicina tradicional chinesa.

Este impacto começou a ser detetado entre 2013 e 2015 e levou a um decréscimo súbito das populações, que devido à sua biologia e ecologia estão totalmente expostas às artes de pesca utilizadas.

Além disso, a pesca ilegal (praticada por arrasto) tem também um impacto indireto nos fundos da Ria Formosa.

A poluição sonora subaquática e fenómenos naturais de assoreamento (acumulação de detritos) em zonas perto das barras foram também identificadas como problemas para a conservação destas espécies.

Após ter sido identificada e confirmada a drástica redução das populações de cavalos marinhos entre os anos de 2018 e 2019, foi criado o Grupo para a Salvaguarda e Conservação da Populações de Cavalos Marinhos da Ria Formosa (GSCPCMRF). Este grupo inclui todas as instituições locais e nacionais que como poder decisivo e num ato conjunto poderiam ajudar a contribuir para a mitigação dos danos já impostos e propor e implementar medidas de conservação para o restabelecimento das populações de cavalos marinhos na ria Formosa.

Uma das primeiras medidas criadas por este grupo foi a implementação de áreas de refúgio também conhecidas como zonas de santuário para os cavalos marinhos.

Numa parceria entre este grupo e as associações de pescadores locais foram criadas duas áreas marinhas de refúgio, uma na zona da Culatra (contígua ao Canal de Olhão) e outra no esteiro da Geada (contíguo ao Canal de Faro).

A monitorização das populações de cavalos marinhos da ria Formosa, bem como das áreas de refúgio foram realizadas através do projeto HIPPOSAVE (financiamento MAR2020) da Universidade do Algarve.

Durante 2020 e 2022, foram realizadas campanhas de monitorização para avaliar o estado das populações das duas espécies de cavalos marinhos. Concluiu-se que entre os anos de 2020 e 2021, os valores registados foram bastante baixos em concordância com os valores observados em anos anteriores.

«No entanto, em 2022 foi registado um aumento significativo da população destas espécies (seis vezes superior face às campanhas de 2020 e 2021). Apesar ter sido verificado que em alguns dos 25 locais monitorizados, os cavalos marinhos ainda se encontravam ausentes ou presentes em números reduzidos, noutros locais foi observado um aumento significativo. Isto permitiu contabilizar um aumento global significativo na abundância de cavalos marinhos agora observado na Ria Formosa», diz o ICNF.

«A monitorização das Áreas de Refúgio também forneceu dados relevantes, verificando-se um aumento do número de cavalos marinhos nestas zonas. Após a implementação destas áreas em 2020 através de editais das Capitanias (prerrogativa do POPNRF), e numa fase pré-sinalização, em 2021 a abundância de cavalos marinhos dentro da área era já tão elevada (seis vezes maior) quanto a que veio a ser observada posteriormente em 2022 na Ria, valor que se manteve estável até hoje», acrescenta.

«Numa das Áreas de Refúgio foi ainda feita uma intervenção piloto de requalificação ambiental (igualmente operada no âmbito do projeto HIPPOSAVE) com recurso a estruturas artificiais. Nesta área verificou-se uma maior abundância de cavalos marinhos que atingindo o seu pico de ocorrência, teve uma abundância 100% superior à da zona envolvente. Este facto permitiu concluir que a implementação destas áreas é por si só benéfico para estas espécies, mas torna-se ainda mais relevante quando conjugada com a existência de um habitat adequado», conclui.

 

 



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