Câmara de Silves discorda do Programa “Mais Habitação”, mas envia contributos para o melhorar

Medidas propostas pelo Governo são «desajustadas, desigualitárias, abusivas e lesivas do interesse público no âmbito do ordenamento do território e urbanismo»

Câmara Municipal de Silves – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

O Município de Silves remeteu ontem, dia 23 de março, os seus contributos para a discussão pública do Programa “Mais Habitação”, que incorpora um conjunto de medidas que visam, segundo o Governo, minorar os constrangimentos de acesso à habitação no território nacional.

A Câmara de Silves, presidida por Rosa Palma (CDU), considera que «as diferentes propostas apresentadas pelo Governo enfermam de um distanciamento global da realidade territorial nacional, em particular da do Algarve e de Silves, introduzem insegurança e desigualdade no que respeita às dinâmicas do ordenamento do território, e traduzem-se, simultaneamente, numa interferência grosseira na autonomia municipal, designadamente nas atribuições e competências dos municípios e no financiamento da sua prossecução».

As propostas de alteração à Lei de Bases da Política Pública de Solos, de Ordenamento do Território e do Urbanismo, ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, e ao Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, designadamente no que concerne ao regime de controlo prévio das operações de loteamento e demais operações urbanísticas, «não podem acolher a concordância do Município de Silves, porquanto se revelam desajustadas, desigualitárias, abusivas e lesivas do interesse público no âmbito do ordenamento do território e urbanismo», salienta a autarquia.

De igual modo, medidas como o arrendamento forçado dos fogos devolutos ou a contribuição extraordinária sobre os estabelecimentos de alojamento local revelam-se, segundo o parecer da Câmara de Silves, «de complexa operacionalização, para além de constituírem intrusões desconexas das especificidades territoriais, sem um efetivo impacte no reforço de soluções habitacionais acessíveis e com um potencial significativo de aumento de conflitualidade e litigiosidade».

Acresce ainda que o Programa Mais Habitação fica «muito aquém do esperado no domínio da reabilitação urbana, devido à ausência do aprofundamento dos benefícios fiscais e apoios financeiros que sirvam de incentivo à recuperação de imóveis sem função social, não integra medidas de fundo para garantir o direito à habitação da generalidade da população, nem incorpora uma avaliação do custo-benefício das medidas projetadas».

O Município de Silves manifestou, assim, «a sua discordância com a generalidade das medidas do Programa Mais Habitação, embora de forma construtiva e pragmática, apresentando os seus contributos para uma política que, efetivamente, garanta o direito constitucional de todos à habitação».

Clique aqui para conhecer o ofício da Câmara de Silves contendo os seus contributos para a discussão pública.

 



Comentários

pub