Arte de Vhils com peças de centrais da EDP mostra-se em Lisboa antes de ser afundada em Albufeira

EDP e Vhils transformam peças de centrais termoelétricas desativadas na primeira exposição subaquática da costa portuguesa

Algumas das peças de arte criadas por Alexandre Farto aka Vhils, que vão ser submersas no mar ao largo de Albufeira, para a criação da primeira exposição subaquática em Portugal, podem agora ser visitadas até ao dia 15 de Abril, na sede da EDP, em Lisboa.

Os visitantes poderão ver em primeira mão a intervenção feita pelo artista em peças de antigas centrais termoelétricas da EDP, que terão agora uma nova vida no fundo do oceano, frente à praia de Santa Eulália. A pré-exposição está disponível na sede da empresa, em Lisboa, e é de acesso livre e gratuito.

«No âmbito do seu compromisso de ser 100% verde até 2030 e de deixar de produzir energia a partir de combustíveis fósseis, a EDP desafiou Vhils a desenvolver um projeto artístico com peças que no passado serviram para produzir eletricidade», explica a empresa.

Agora que estas centrais «estão a ser descomissionadas para dar lugar a projetos de energias renováveis e polos de inovação, também estas peças terão uma nova vida», acrescenta a EDP.

Ao longo dos últimos três anos, o Vhils Studio e mais de 200 pessoas de várias equipas «envolveram-se na visita às centrais desmanteladas, na criação do conceito criativo do EDP Art Reef, na escolha dos materiais e na intervenção nos mesmos».

O resultado final será uma exposição subaquática ao largo da costa de Albufeira, com peças únicas e de grande envergadura que se transformarão ao longo do tempo pela influência dos elementos, tal como o Sul Informação noticiou em Agosto de 2022.

As obras foram pensadas de forma a gerar um novo recife artificial e estarão submersas a cerca de 12 metros de profundidade, frente à praia de Santa Eulália, em Albufeira, sendo por isso apenas visitáveis através da prática de mergulho qualificado. Assim, a visita à pré-exposição na sede da EDP permite a qualquer pessoa conhecer em primeira mão parte deste trabalho.

Ao que o nosso jornal apurou, o afundamento das peças escultóricas concebidas por Vhils deverá ter lugar ainda antes do próximo Verão, em Maio ou Junho.

«A ideia de submergir instalações compostas por peças de centrais termoelétricas desmanteladas no oceano carrega um forte peso metafórico, tanto no que diz respeito à consciencialização sobre a necessidade do uso responsável de recursos, como no sublinhar de questões ambientais que necessitam de respostas urgentes, e que advêm da atividade humana no planeta», comentou Vihls.

«O objetivo deste projeto é o de potenciar o desenvolvimento de formas inovadoras que levem à criação de sistemas que estabelecem uma relação de harmonia com a natureza. A transformação destes materiais num ecossistema propício ao crescimento de recifes de coral e ao acolhimento de várias formas de fauna e flora marítima é um exemplo desta abordagem, e espero que este seja o primeiro de muitos passos rumo a um futuro cada vez mais consciente e sustentável», acrescentou o artista.

 

 

O projeto EDP Art Reef pretende «confrontar o público com as consequências das ações do Homem, com a crescente instabilidade do meio aquático, os efeitos das alterações climáticas e a importância de reverter o impacto no planeta».

«Na EDP, acreditamos que este é o momento de ficar escrito na pedra que estamos comprometidos com o futuro das próximas gerações. Nunca foi tão importante trocar os combustíveis fósseis pelas fontes renováveis, promover a transição energética e garantir que esta é feita de forma justa e inclusiva», destaca Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP.

O EDP Art Reef, «um projeto pioneiro criado por um grande nome da arte contemporânea, é uma homenagem ao passado do setor elétrico e do nosso país, mas é também um compromisso com o futuro de todos nós», acrescenta Vera Pinto Pereira.

O EDP Art Reef , que foi sujeito a discussão pública do seu pedido de Título de Utilização Privativa do Espaço Marítimo Nacional (TUPEM), «foi aprovado pelas autoridades competentes, que concluíram que não terá impacto negativo no ecossistema, representando uma mais-valia ambiental que vai contribuir de forma positiva para o desenvolvimento do ecossistema local».

Por recomendação de biólogos marinhos que dão apoio técnico ao projeto, todas as peças foram pensadas de forma a permitir a passagem da fauna local, e serão implantados corais vivos resgatados e conservados em cativeiro na sua base.

Este local será monitorizado ao longo dos próximos anos, estando disponível para o estudo científico e ambiental, para além das suas vertentes culturais e de consciencialização.

Este será também um projeto que contribuirá para reforçar a importância da região do Algarve como destino de mergulho recreativo cultural.

O projeto foi, por isso, desenvolvido com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira, do Turismo de Portugal, do CCMar (Universidade do Algarve), entre outros, e validado pela Direção Geral de Recursos Naturais e pela Agência Portuguesa do Ambiente, assim como outras entidades competentes.

Por sua vez, o afundamento da exposição é licenciado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e pela Autoridade Marítima Nacional.

 

 

Descrição das peças em exposição na sede da EDP:

Periscópio
Esta peça representa o ponto de entrada na exposição, tendo um simbolismo acentuado, por via do seu posicionamento.
O visitante, ao passar no centro do moinho, poderá observar através das suas aberturas uma composição diferente referente aos três continentes atlânticos.
A sua orientação corresponderá à posição geográfica dos continentes.
Nestas aberturas, a intervenção artística consistirá em elementos metálicos vazados, compostos por padrões geométricos de olhares dos seus habitantes.
Esta obra representa o período em que o mar constitui um mero ponto de observação para a humanidade, uma fronteira intransponível que desperta curiosidade e, simultaneamente, receio do desconhecido.
Esta escultura de ferro, a mais alta da exposição, é fruto do aproveitamento do corpo de um moinho de carvão proveniente da desativação de uma central termoelétrica, que depois de capado e devidamente disponibilizado livre de qualquer contaminante, foi trabalhada pelo artista Vhils e irá apresentar três olhares talhados em ferro.
Escultura, cilíndrica, tem 5,30 metros de altura e 4,77 metros de diâmetro e será assente numa sapata de betão.

 

 

Carcer
O que serviu como depósito de água para sistemas de refrigeração da central termoelétrica do Carregado será convertido numa tela, representando uma cidade, expoente máximo do desenvolvimento tecnológico, económico, cultural e social.
Representa igualmente o estado de vivência atual da humanidade, “presa” nos centros urbanos e desconectadada meio natural.
É composta por uma escultura feita a partir de um tanque de ferro com 2,80 m de altura, 3 m de largura, 4,20 m de comprimento e uma sapata em betão com 4,20 m de largura e 3 m comprimento.

 

Parceiros e entidades envolvidas no EDP Art Reef:

Ambigroup, Autoridade Marítima Nacional, AMOP Synergies, Agência Portuguesa do Ambiente, Câmara Municipal de Albufeira, Câmara Municipal de Lisboa, Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Easydivers, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Interserv , Lindo Serviço, LS Engenharia Geográfica, Marina de Albufeira, Mota-Engil, Navalrocha, Pinguim Sub, PSP Lisboa – Divisão de Trânsito, Stagetec, Tiago Miguel Fraga – Arqueologia Marítima, Transgrua, Turismo de Portugal, Zilmo

 

 

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