Era uma «necessidade» que a Universidade do Algarve (UAlg) vai satisfazer. O Orçamento Participativo da UAlg já foi lançado oficialmente e quer, acima de tudo, envolver a comunidade académica. A dotação é de 80 mil euros e os projetos vencedores vão ser concretizados no próximo ano.
O OP da Universidade do Algarve foi apresentado esta quinta-feira, 23 de Março, numa sessão no Anfiteatro Teresa Gamito, no Campus de Gambelas.
Em declarações ao Sul Informação, o professor António Fragoso, coordenador técnico-científico da Comissão de Acompanhamento do Orçamento Participativo da UAlg, explicou que a ideia de criar este novo instrumento partiu da reitoria, ainda antes da pandemia.
«Na minha ótica, havia a necessidade de termos um Orçamento Participativo. Nós, em todas as universidades, temos um enorme problema de representação», considerou.
Essa lacuna é também consequência do «regulamento jurídico das instituições de ensino superior, em que a gestão das universidades ficou mais concentrada, com os estudantes a perderem poder».

Este Orçamento Participativo começa com a divulgação do processo, até 30 de Março. A submissão de propostas arranca a 1 de Abril e durará até 4 de Maio.
Segue-se, depois, a análise técnica das propostas até 15 de Setembro. A votação será em Novembro e a divulgação dos resultados em Dezembro deste ano.
As propostas podem ser construídas individualmente ou por equipas até seis pessoas.
Os 80 mil euros serão distribuído da seguinte forma: 40 mil euros para estudantes e 40 mil euros para funcionários docentes, não-docentes e e investigadores.
Cada participante pode apresentar mais do que uma proposta, mas qualquer ideia tem de ser apoiada, pelo menos, por 10 membros da comunidade académica.

Para António Fragoso, um dos grandes objetivos deste Orçamento Participativo é «acordar as pessoas, fazendo-as perceber que a sua participação faz sentido».
«Quando nós tiramos os estudantes ou os funcionários não-docentes dos órgãos de decisão, a questão que se põe a estudante é: por que é que irei de participar se a minha contribuição não tem nenhuma consequência? É isso que queremos mudar», acrescentou.
Para esta primeira edição, os objetivos do Orçamento Participativo passam por «chegar a muitas pessoas, testar processos e conseguir que haja um bom volume de propostas», disse António Fragoso.
Na sessão de lançamento desta iniciativa, Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, também realçou o facto de este ser um instrumento que vai «fomentar a participação» da comunidade académica.
«É um contributo para a cidadania. Acima de tudo, este Orçamento Participativo não se pode ficar pela primeira edição e tem de ser entidade como um processo e não um projeto», concluiu.
A sessão também contou com a presença de Nelson Dias, um dos maiores especialistas mundiais em Orçamentos Participativos, que, além de saudar a iniciativa da UAlg, também fez um perspetiva histórica deste instrumento de participação dos cidadãos.
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