Algarve tem «oportunidades raras» com o PRR e o Portugal 2030, garante António Costa

«Seria difícil encontrar um local mais inspirador para partir para essa aventura destes próximos anos do que este local simbólico de Sagres»

{Play}António Costa em Sagres – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Estamos num ponto de viragem relativamente ao Algarve, temos nos próximos anos oportunidades raras», garantiu o primeiro-ministro António Costa esta quinta-feira, dia 2, ao final da tarde, na inauguração do Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres.

O chefe do Governo recordou que «o Algarve já há dois quadros comunitários, pelo menos, que não foi considerado região de coesão e por isso foi fortemente penalizado na atribuição de fundos comunitários». De tal forma que, «no quadro do Portugal 2020, que está agora a concluir-se», o Algarve teve apenas «acesso a 318 milhões de euros». Mas essa é uma situação que se irá alterar.

«Temos agora um quadro de oportunidades, fruto do Plano de Recuperação e Resiliência, mas também da negociação que foi possível fazer para o Portugal 2030, que dotarão o Algarve nos próximos anos com recursos substancialmente superiores aos que tivemos», salientou o primeiro-ministro.

Atualmente, já estão contratualizados 283 milhões de euros na região, no âmbito do PRR, «sobretudo nas áreas da Saúde, das Infraestruturas e da Capitalização e Inovação Empresarial», enquanto «no novo quadro do Portugal 2030», a região «vai dispor de 780 milhões de euros», Há, portanto, «uma duplicação dos fundos europeus», frisou António Costa.

 

Foto: Vanda Rita Oliveira

 

Classificando Sagres como «um ponto de partida» e um «lugar marcante da nossa identidade nacional», o primeiro-ministro acrescentou que o Centro Expositivo, aberto desde Novembro passado, mas só inaugurado oficialmente esta quinta-feira, «é seguramente um excelente exemplo de como o desenvolvimento do território, o desenvolvimento regional e a nossa coesão passam também pela valorização destes elementos culturais».

«Essa é uma marca importante e foi por isso que uma das decisões que hoje tomámos, no Conselho de Ministros, na reforma que fizemos das CCDR, é a valorização da cultura como elemento estratégico de cada uma das regiões», acrescentou.

«Isso é particularmente importante numa região onde a componente turística tem um peso muito significativo do seu desenvolvimento, assente sobretudo na oferta de sol e praia. Ora, a oferta turística do Algarve tem de se diversificar, no quadro da diversificação económica de toda a região», defendeu o chefe de Governo.

Por tudo isso, salientou ainda António Costa, «seria difícil encontrar um local mais inspirador para partir para essa aventura destes próximos anos do que este local simbólico de Sagres. Se daqui é possível imaginar que partimos para o mundo, não é difícil imaginar que consigamos partir para concluir a execução do 2020, executar o PRR e o Portugal 2030».

Além disso, acrescentou, «este centro de interpretação é um excelente exemplo de como podemos, com os nossos olhos de hoje, com a nossa consciência de hoje, interpretar a nossa História, na sua diversidade e em todas as suas facetas».

«O verso de Pessoa que está inscrito na fachada, dizendo que a Terra deve ser só uma e que o mar não a separa mas une, é talvez uma mensagem muito importante, neste mundo onde tanta gente quer abrir valas ou criar muros. Perceber que a Terra é só uma, que há uma só humanidade e é juntos que devemos seguir em frente», concluiu o primeiro-ministro António Costa.

 

A diretora regional de Cultura foi a guia da visita – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

A inauguração do Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres, que culminou os dois dias de “Governo + Próximo” no Algarve, contou ainda com a presença de três ministros – da Cultura, da Coesão Territorial e da Ciência – e uma secretária de Estado (da Cultura), bem como de autarcas de toda a região, da diretora regional de Cultura e de outros membros deste organismo, dos presidentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e da Região de Turismo do Algarve, entre outros responsáveis.

Também não faltou uma pequena mas ruidosa manifestação de uma dúzia de professores, mantidos à distância pelas autoridades.

Na cerimónia, a presidente da Câmara Rute Silva recordou as «muralhas feitas de tempo, de mar e de mundo», sublinhando que um dos símbolos da nova estrutura é uma porta, «antiga e persistente», mas também «porta para novas oportunidades».

A autarca aproveitou para reivindicar melhores «condições de acessibilidade», nomeadamente a «requalificação e infraestruturação da EN268», no troço urbano da entrada de Sagres.

Mas falou também dos investimentos em curso na área da Cultura, como o Museu Celeiro da História, na sede do concelho, em Vila do Bispo, para cuja inauguração, lá mais para o final do ano, convidou, desde logo, o primeiro-ministro e o ministro da Cultura.

 

A presidente da Câmara Rute Silva – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Rute Silva anunciou ainda a criação do Centro de Acolhimento à Investigação de Vila do Bispo, que será «sede, laboratório e domicílio dos investigadores que exploram o nosso território».

A presidente da Câmara manifestou igualmente disponibilidade para definir uma «estratégia comum para a potencialização integrada e promoção estruturada da oferta cultural do concelho de Vila do Bispo», que envolva a autarquia e a Direção Regional de Cultura. Desafiou mesmo esta entidade para estabelecer um protocolo «no âmbito da museologia e da rede de museus e centros de interpretação». Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura, aceitou prontamente.

Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, depois de ter recordado o montante elevado do investimento feito no Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres («perto de 4 milhões de euros»), salientou que o património não é um «arquivo morto».

Por isso, disse o governante, é «significativo que terminemos a visita [ao centro expositivo] num espaço dedicado à arte contemporânea», no caso, a exposição «Territórios Invisíveis», do artista plástico Manuel Baptista. Uma espécie de ligação entre a evocação do passado e o futuro.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

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