PAN Algarve propõe «sustentabilidade na futura central de dessalinização»

«É necessário que os Algarvios e Algarvias sintam que novas medidas na região servem para resolver problemas e não para criar novos»

A Comissão Política Distrital do PAN Algarve anunciou hoje que expôs recentemente à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), Agência Portuguesa de Ambiente (APA) e Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), entre outras organizações relevantes para a gestão ambiental na região e no país, «soluções sustentáveis no que toca à tecnologia a ser usada na futura central de dessalinização do Algarve».

O partido também indicou que vai questionar o Ministério do Ambiente, por intermédio da deputada e porta-voz do PAN Inês de Sousa Real, para «saber se o próprio Ministério irá considerar alternativas de dessalinização com métodos tecnológicos que favoreçam a sustentabilidade ecológica, sem esquecer propósitos como a preservação dos ecossistemas locais».

Uma das questões levantadas pelo PAN é a do «subproduto salmoura», que resulta do processo de dessalinização. O PAN considera que «tratando-se de um subproduto rico em diversos minerais que poderão ser extraídos e aproveitados comercialmente, estes devem ser tratados como uma matéria-prima e não como um resíduo ou uma externalidade».

Pedro Glória, membro suplente da Comissão Política Distrital do PAN de Faro, lembrou que «é do conhecimento público que está a ser preparada a instalação de uma central de dessalinização no Algarve, estando a escolha, ao que sabemos, a ser ponderada entre os municípios de Albufeira e de Lagos».

Sendo o avanço da central de dessalinização uma «inevitabilidade por parte do paradigma e vontades políticas atuais, é importante referir a existência de novas
abordagens tecnológicas à dessalinização, como é o caso da dessalinização “offshore”, com zero emissões de CO2, zero eletricidade externa, zero ocupação terrestre e zero químicos», acrescentou.

«Também os métodos de filtragem estão a passar por novos avanços, existindo agora melhores e mais eficientes membranas de filtragem para osmose (um processo de movimentação da água através de uma membrana semipermeável, usado nas tecnologias de dessalinização) capazes de debitar cerca de 50% mais material filtrado, o que consequentemente reduz também drasticamente a quantidade de energia necessária para o processo».

O PAN alerta ainda que. ao nível da gestão dos escassos recursos hídrico no Algarve, «não podem ser esquecidas outras intervenções ambientais que potenciem o reequilíbrio hidrológico da nossa região, como, por exemplo, o reforço de áreas florestais urbanas, a redução de zonas impermeabilizadas, a reutilização de águas residuais tratadas, a implementação de “paisagens de retenção de água”, a promoção da captura e utilização urbana de águas pluviais, a regeneração de áreas florestais (degradadas ou perdidas) com sistemas biodiversos ou uma regulamentação mais eficaz no que diz respeito ao licenciamento de grandes explorações monoculturais, procurando promover sempre que possível a implementação de sistemas pluriculturais complementares».

Nesta recomendação, foi também referido o conceito NBS (Nature-based solutions – soluções baseadas na natureza), uma abordagem definida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) com o objetivo de criar networks e ações para proteger, gerenciar e restaurar ecossistemas naturais de forma sustentável, adotando uma perspetiva de que a valorização ambiental também pode ter retroativos económicos.

«Este alinhamento económico verde ajudará a atingir os objetivos de redução de emissões de carbono no planeta e as práticas NBS ajudarão a trazer mais clareza à tomada de decisões, não apenas ambientais, mas nas restantes dimensões em que atua», salienta o PAN, que recorda que, nos dias 26, 27 e 28 de janeiro, decorreu em Portimão um ciclo de conferências sobre as práticas NBS, «cuja importância é bastante relevante para a região e para o país», acrescentou Pedro Glória.

Por seu lado, Saúl Rosa, comissário político do PAN Algarve, disse que, «sendo a transição climática, (mitigação às alterações climáticas), uma diretriz do
plano de recuperação e resiliência (PRR) é-nos natural que as medidas propostas por este plano tenham que conter um cariz de sustentabilidade, sejam eles energéticos, económicos, ou de outro âmbito das medidas-alvo do PRR».

«O cariz de sustentabilidade a que nos referimos é que as medidas para o Algarve e para o país considerem o nosso património florestal, orla costeira, bem como toda a sua biodiversidade e os fragilizados ecossistemas que não podem ter outro destino senão o da sua preservação», salientou ainda Saúl Rosa.

«Esperamos que, com esta recomendação às entidades responsáveis pela gestão do projeto da central de dessalinização, estas considerem as vias mais sustentáveis possíveis para a sua construção e funcionamento».

«É necessário que os Algarvios e Algarvias sintam que novas medidas na região servem para resolver problemas e não para criar novos», concluiu Saúl Rosa.

 



Comentários

pub