Bispo do Algarve diz que Igreja tem «de assumir consequências» dos abusos sexuais

Outra dimensão abordada pelo Bispo do Algarve nesta mensagem prende-se com a necessidade de ajudar os «mais necessitados»

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

Uma «chaga humana e social» que «ninguém pode abafar ou ignorar» e que obriga a Igreja a «assumir as consequências». Estas são ideias fortes da mensagem de Quaresma do Bispo do Algarve que se centra na recente publicação do relatório dos abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa. 

A Quaresma, considera D. Manuel Neto Quintas, é «um tempo favorável, em que todos os católicos são convidados à purificação, à renovação e penitência, sobretudo tendo em consideração «a recente publicação do relatório para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa pela Comissão Independente, a pedido da Conferência Episcopal», que o prelado algarvio classifica como «um veemente apelo à conversão».

O Bispo faz questão de realçar a «coragem e decisão em conhecer a verdade sobre esta “chaga humana e social” no âmbito da sua ação» por parte da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considerando que «ninguém pode abafar ou ignorar este grito», tratando-se «de uma realidade inqualificável», em relação à qual «também temos de assumir a responsabilidade que essa verdade reclama

«Com o pedido de perdão a todas as vítimas, inclusive àquelas que não tiveram a coragem de o manifestar», salienta.

Nesse sentido, o Bispo do Algarve aponta três caminhos que vê como obrigatórios.

São eles: «assumir as consequências destes atos inqualificáveis, cometidos por quem devia ser “defensor” e não “abusador” dos mais frágeis, conscientes de que tudo o que possamos fazer apenas atenuará o sofrimento e a humilhação das vítimas», bem como «promover ações de formação com todos os agentes de pastoral sobre este assunto com o objetivo de criar uma “cultura do cuidado e da transparência” em todas as instituições eclesiais».

A isto junta-se «incutir nas comunidades cristãs, e através delas na sociedade em geral, uma nova sensibilidade de modo a prevenir e a denunciar situações que possam ocorrer na proteção e defesa das crianças, adolescentes e adultos vulneráveis».

D. Manuel Quintas considera, ainda, que somos convidados, neste tempo de Quaresma, a «fazer uma experiência de superação das nossas faltas de fé e das nossas resistências» em seguir Cristo «pelo caminho da cruz», um caminho que identifica como «sinodal» e condutor a «uma transfiguração pessoal e eclesial, só possíveis aos que se decidem a escutar Jesus e a escutar os irmãos em Igreja».

Outra dimensão abordada pelo Bispo do Algarve prende-se com a necessidade de ajudar os «mais necessitados», ajuda essa que sintetiza toda a «espiritualidade deste tempo a partilha fraterna, através da denominada “renúncia quaresmal”, expressão solidária com os mais necessitados da Igreja local ou universal».

Em 2022, foi possível doar cerca de 10 mil euros à Diocese de S. Tomé e Príncipe.

Este ano, a “renúncia quaresmal” apoiará a Diocese de Viana (em Angola) e os “Missionários de Santa Teresa de Jesus” no «projeto de construírem uma Casa de Formação para os seus seminaristas (45) do curso de teologia».

No que toca à oração, destaca-se a iniciativa do Cabido da Sé de Faro, de promover, durante os domingos da Quaresma, orações orientadas por grupos diferentes, que terão sempre lugar às 17h00, procurando proporcionar a todos os católicos algarvios um espaço de «escola de liturgia, oração e espiritualidade».

A oração no dia 26 de Fevereiro, integrada no rito da eleição dos catecúmenos, será orientada pelo Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve; no dia 5 de Março, pelas Equipas de Nossa Senhora; no dia 12 pelo Renovamento Carismático Católico; no dia 19, pelo Caminho Neocatecumenal e, no dia 26, pelo Movimento dos Focolares.

 



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