Alcoutim inaugura exposição de homenagem a Carlos Brito, histórico comunista

Combatente antifascista, Carlos Brito esteve preso e viveu na clandestinidade

“Carlos Brito – Vida e Obra”. Este é o título de uma exposição de homenagem ao alcoutenejo e histórico dirigente comunista que será inaugurada no próximo sábado, 11 de Fevereiro, na Praça da República, em Alcoutim. 

Nascido em 1933, Carlos Brito foi morar para Alcoutim com 4 anos, onde frequentou o ensino primário.

Um dos históricos dirigentes do PCP, esteve preso durante o Estado Novo, foi deputado constituinte e líder parlamentar dos comunistas durante 15 anos.

Em 1999, voltou a fixar-se em Alcoutim.

Segundo a Câmara de Alcoutim, esta exposição «retrata uma vida dedicada à defesa de ideais e convicções e de luta pela liberdade, por um país desenvolvido e socialmente justo».

«Homem culto, político esclarecido, combativo e coerente, Carlos Brito faz parte da história política de Portugal das últimas décadas. Mas o seu nome está igualmente ligado à história recente de Alcoutim, a terra que considera de origem e à qual tem dedicado os últimos anos», acrescenta.

No mesmo dia, após a inauguração da exposição, segue-se a pré-apresentação da mais recente obra de Carlos Brito, “Estar Presente”, no Salão Nobre em Alcoutim.

 

Quem é Carlos Brito?

Carlos Alfredo de Brito nasceu em Lourenço Marques, atual Maputo (Moçambique), a 9 de Fevereiro de 1933, indo residir para Alcoutim com 4 anos, onde frequentou o ensino primário. Em 1946 transferiu-se para Lisboa, matriculou-se na Escola Veiga Beirão e estudou Contabilidade no Instituto Comercial de Lisboa.

A partir de 1950, envolveu-se na luta oposicionista contra a ditadura, sendo preso pela primeira vez pela PIDE em 1953, por integrar a direção universitária do Movimento de Unidade Democrática (MUD Juvenil). Após sair da prisão foi convidado para militante do Partido Comunista Português (PCP), passando a viver na clandestinidade como funcionário do partido.

Voltou a ser preso em 1956 (durante sete meses) e em 1959 (ao longo de 7 anos e 2 meses), acusado de ser membro, funcionário e desempenhar funções de direção no PCP. Voltou à clandestinidade e estudou, durante um ano, em Moscovo, na escola do Partido Comunista da União Soviética para quadros estrangeiros.

Em 1967, integrou o comité central do PCP e passados três anos ingressou na sua comissão executiva, o principal organismo de direção do partido no interior do país. Após o 25 de Abril de 1974 incorporou a comissão política do comité central do partido.

Durante 16 anos desempenhou as funções de deputado. Primeiro, na Assembleia Constituinte, onde foi vice-presidente do grupo comunista e, depois, na Assembleia da República, onde ao longo de 15 anos foi líder parlamentar do PCP. Em 1980 foi candidato à presidência da República tendo desistido, nas vésperas do ato eleitoral, a favor da candidatura do general Ramalho Eanes.

Em 1999, fixou residência em Alcoutim, onde se inseriu ativamente na vida local. Pertenceu aos corpos sociais de algumas agremiações, fundou o Jornal do Baixo Guadiana (em 2000) e foi membro da Assembleia Municipal.

No ano de 2003, devido a divergências políticas e ideológicas, quebrou a sua relação com o PCP, continuando a manter as suas ideologias, apesar de fomentar um espírito de mudança e renovação.

Iniciou-se muito jovem na atividade literária, publicando poemas e artigos em revistas de cultura e na imprensa diária e regional. Em 1992 foi nomeado diretor do jornal «Avante», cargo que ocupou durante 6 anos. A sua obra literária reflete o seu intenso e longo empenhamento político, mas só começou a publicar os seus livros, além de textos de intervenção política, quando cessou as funções de líder parlamentar, em 1991. Tem quase duas dezenas de livros publicados, entre poesia, ficção, memórias e sobre a problemática do desenvolvimento regional.

Colaborou igualmente em várias obras coletivas e está representado em diversas antologias.

Ao longo do seu percurso de vida foi agraciado com diferentes condecorações, nomeadamente a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1997), grande oficial da Ordem da Liberdade (2004), pelo Presidente da República, a medalha de mérito municipal, grau prata (1996) e a medalha de honra (2019), ambas pela Câmara de Alcoutim.

 



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