A Algarvia está de volta com os melhores do mundo e muitos turistas a reboque

Pelas estradas de todo o Algarve, vai passar um dos melhores pelotões mundiais, fazendo as delícias de adeptos portugueses e estrangeiros

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Cada vez há mais gente que se dedica ou interessa pelo ciclismo, em lazer e não só, e que tem poder económico», garantiu hoje João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), na apresentação da edição deste ano da Volta ao Algarve.

Além dos aspetos desportivos – a Algarvia trará à região, de 15 a 19 de Fevereiro, alguns dos maiores nomes mundiais da modalidade -, o dirigente da RTA sublinhou a importância desta prova para fomentar o turismo desportivo, para mais na época baixa.

A corrida de Granfondo, que acompanha a prova principal e se destina a turistas, visitantes e praticantes locais da modalidade, já tem «750 inscrições, mas vamos chegar às 1000», garantiu João Fernandes.

E há cada vez mais turistas que visitam a região nesta época do ano por causa da Algarvia, existindo mesmo «agências de viagens a fazer pacotes que incluem a Volta».

«O turismo desportivo tem de ser obrigatoriamente dinamizado [no Algarve], porque o turismo de sol e praia já deu o que tinha a dar», considerou, por seu lado, Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão.

Ela que era a anfitriã da apresentação oficial da Volta ao Algarve, que teve lugar na manhã desta quinta-feira no recuperado edifício da Antiga Lota de Portimão, na zona ribeirinha, acabou também por ser alvo da brincadeira bem humorada dos seus pares. É que Isilda Gomes trajava um casaco cor de rosa, a cor da camisola do vencedor do Giro de Itália, que até vai estar de facto na prova algarvia.

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Delmino Pereira, presidente da Federação de Ciclismo de Portugal, que organiza a prova, salientou que «o ciclismo é a modalidade que mais promove o território», indo ao encontro dos temas atuais, porque tem «preocupações ecológicas e de sustentabilidade».

«O Algarve tem de ser descoberto como destino de turismo desportivo. A Volta ao Algarve já dá o seu contributo, mas depois o negócio tem de ser organizado», acrescentou Delmino Pereira.

Para mais, porque os amantes da modalidade preferem a época baixa: «um turista, com 40 graus, não vai andar de bicicleta, mas, com 10, 15 graus, adora!», garantiu.

Uma das formas de «ativar o negócio do turismo desportivo» é potenciar a corrida de Granfondo, que, na opinião do presidente da Federação, tem condições para atrair «2000, 3000 participantes».

E sob o ponto de vista desportivo, que é, afinal, a razão de ser desta Volta ao Algarve? Delmino Pereira considera que João Almeida (UAE Team Emirates) e Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty), os dois ciclistas portugueses mais bem sucedidos da última década, são «a maior esperança nacional».

Numa prova onde participam muitos dos grandes nomes mundiais, mas também muitos jovens valores que mais tarde se afirmam, Custódio Moreno, diretor regional do Instituto Português da Juventude e do Desporto, entidade que patrocina a Camisola Branca da Juventude, afirmou: «quem ganha esta Volta arrisca-se a ser um grande campeão».

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Na apresentação, em Portimão, daquela que é a única corrida portuguesa do circuito UCI ProSeries, ficou a conhecer-se o nome dos 174 ciclistas pré-inscritos.

Nesta Volta, na qual participam 12 das 18 equipas do WorldTour, entre as quais as sete melhores do ranking internacional de 2022, a composição de cada equipa só confirmou a qualidade do pelotão.

Estarão presentes 20 corredores do top 100 mundial, vencedores de grandes voltas e de monumentos do ciclismo, campeões mundiais, europeus e olímpicos em título.

Será, por isso, uma oportunidade de ouro para os adeptos portugueses – e para todos quantos vêm ao Algarve, de propósito, nesta época do ano – verem de perto algumas estrelas planetárias. Mas será também oportunidade para as equipas portuguesas competirem ao mais elevado nível.

João Almeida e Rui Costa são apontados como os dois portugueses com mais condições para lutar pela camisola amarela final. Mas Delmino Pereira, falando aos jornalistas, salientou que as próprias equipas portuguesas que também participam se têm andado «a preparar para correr com os melhores», de modo a repetir o brilharete do ano passado.

A dupla de ciclistas portugueses terá concorrência de peso. Desde logo, dois corredores que subiram ao pódio de grandes voltas em 2022, como o australiano Jai Hindley (BORA-hansgrohe), vencedor do Giro d’Italia, e Geraint Thomas (INEOS Grenadiers), terceiro na Volta à França.

 

Remco Evenepoel, na Volta ao Algarve 2022 – Foto: Nelson Inácio | Sul Informação

 

Entre outros legítimos pretendentes a suceder a Remco Evenepoel (vencedor da Algarvia no ano passado), estão Michal Kwiatkowski (INEOS Grenadiers), vencedor da Volta ao Algarve na sua última participação, em 2018, ou os seus companheiros de equipa Daniel Martínez, terceiro no Algarve em 2022, e Thymen Arensman, sexto na Vuelta do ano passado.

Também há que contar com Sergio Higuita (BORA-hansgrohe), vencedor do Malhão em 2022, Gijs Leemreize e Sam Oomen (Jumbo-Visma), Mark Padun (EF Education Easy Post) ou Jay Vine (UAE Team Emirates), que começou esta época muito forte, sagrando-se campeão australiano de contrarrelógio e vencendo a geral do Tour Down Under.

As chegadas ao sprint – em Lagos e Tavira – deverão ser palco de empolgantes disputas entre o campeão da Europa de fundo, Fabio Jakobsen (Soudal Quick-Step), Alexander Krsitoff (UNO-S Pro Cycling Team), Jordi Meeus (BORA-hansgrohe), Hugo Hofstetter (Team Arkéa-Samsic), Jake Stewart (Groupama-FDJ), Mike Teunissen (Jumbo-Visma), John Degenkolb (Team DSM), Iúri Leitão (Caja Rural-Seguros RGA) ou Rui Oliveira (UAE Team Emirates).

A corrida termina com um contrarrelógio individual de 24,4 quilómetros, em Lagoa, mais longo que o habitual. José Carlos Gomes explicou, na apresentação, que este ano os vencedores das etapas serão bonificados com 10 segundos e os das metas volantes com 8 segundos. Tudo para «tornar a prova mais incerta e mais emocionante». Ora, para compensar isso, o CRI passa a ser mais longo. No fundo, acrescentou, há etapas para todos os tipos de ciclistas: sprinters, trepadores e contrarrelogistas.

Para o CRI, estarão no Algarve os melhores do mundo. Desde logo o campeão mundial e o campeão europeu em título, Tobias Foss (Jumbo-Visma) e Stefan Bissegger (EF Education Easy Post), respetivamente, mas também o vice-campeão mundial e europeu Stefan Küng (Goupama-FDJ), que foi campeão da Europa em 2020 e 2021, bem como o campeão mundial de 20 e 21 e atual recordista mundial da hora, Filippo Ganna (INEOS Grenadiers).

Além dos nomes consagrados, a edição deste ano da Volta ao Algarve conta com um lote muito interessante de jovens corredores, à procura de se afirmarem na elite, depois de já terem deixado a sua marca nas categorias jovens e em provas de menor dimensão.

Devem ser seguidos com atenção ciclistas como Dries de Pooter e Madis Mihkels (Intermarché-Circus-Wanty), Mick van Dijke e Tim van Dijke (Jumbo-Visma), Ilan van Wilder (Soudal Quick Step), Casper van Uden, Oscar Onley e Kevin Vermaerke (Team DSM), Filippo Baroncini, Natnael Tesfatsion e Mathias Vacek (Trek-Segafredo), Soren Waerenskjold e Tobias Halland Johannessen (UNO-X Pro Cycling Team).

Será também interessante acompanhar o desempenho das equipas portuguesas que, em 2022, foram protagonistas. João Matias (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua) surpreendeu os trepadores e ganhou a clsssificação de montanha. Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor) esteve com os melhores nas duas chegadas em alto, e Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho) foi a melhor das equipas portuguesas na final geral, no 19º lugar.

Qual será este ano a performance dos ciclistas das equipas portuguesas em geral e das algarvias em particular? É algo que se verá de 15 a 19 de Fevereiro.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

Etapas

15 de Fevereiro – 1.ª Etapa: Portimão – Lagos, 200,2 km

16 de Fevereiro – 2.ª Etapa: Sagres – Alto da Fóia, 189,4 km

17 de Fevereiro – 3.ª Etapa: Faro – Tavira, 203,1 km

18 de Fevereiro – 4.ª Etapa: Albufeira – Alto do Malhão, 177,9 km

19 de Fevereiro – 5.ª Etapa: Lagoa – Lagoa, 24,4 km (contrarrelógio individual)

 

Equipas Participantes

WorldTeams

Alpecin Deceuninck (BEL)

BORA-hansgrohe (GER)

EF Education-EasyPost (EUA)

Groupama-FDJ (FRA)

INEOS Grenadiers (GBR)

Intermarché-Circus-Wanty (BEL)

Jumbo-Visma (NED)

Soudal Quick-Step (BEL)

Team Arkéa-Samsic (FRA)

Team DSM (NED)

Trek-Segafredo (EUA)

UAE Team Emirates (UAE)

ProTeams

Caja Rural-Seguros RGA (ESP)

Human Powered Health (EUA)

Tudor Pro Cycling Team (SUI)

Uno-X Pro Cycling Team (NOR)

Continentais

ABTF Betão-Feirense (POR)

AP Hotels & Resorts-Tavira-SC Farense (POR)

Aviludo-Louletano-Loulé Concelho (POR)

Credibom-LA Alumínios-Marcos Car (POR)

Efapel Cycling (POR)

Glassdrive-Q8-Anicolor (POR)

Kelly-Simoldes-UDO (POR)

Rádio Popular-Paredes-Boavista (POR)

Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua (POR)

 

 

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