Foram cerca de mil os professores que se concentraram à frente do Mercado Municipal de Faro, em protesto, e que desfilaram até à delegação regional de Educação do Algarve, mas foram muitos mais os que se juntaram à greve dos professores no distrito de Faro, que decorreu hoje e teve uma adesão «entre os 93% e 95%», segundo o Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS).
Ana Simões, coordenadora do SPZS no Algarve, disse aos jornalistas que «houve várias escolas com 100% de adesão» e um número elevado de estabelecimentos de ensino «que estão completamente sem aulas, no pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º ciclos e secundárias». Mesmo nas escolas nas quais foram trabalhar professores, a adesão foi «muito elevada».
A dirigente sindical disse ainda que o nível de participação foi semelhante em toda a região e que os dados se referem «a escolas de todo o Algarve, desde Lagos a Vila Real de Santo António».

Segundo Ana Simões, o protesto e a forte adesão são uma resposta à recusa do Governo em «atender às muitas reivindicações que os professores têm há anos».
Mais do que a questão dos concursos, de que «se fala muito e interessa», há outras matérias que os professores querem «negociar desde que o ministro João Costa tomou posse: as carreiras, a recuperação do tempo de serviço e o fim das quotas e das vagas, a precariedade e as condições de trabalho. Também há a questão da aposentação, uma vez que os professores são os únicos funcionários da administração pública que não têm acesso à pré-reforma».
Em Faro, os professores que se juntaram à manifestação por distritos promovida por nove estruturas sindicais, entre as quais a FENPROF, à qual pertence a SPZS, e a FNE, não só gritaram palavras de ordem, como exibiram cartazes, alguns bem originais, como um em forma de caixão e outro que mostrava um metralha “João Costa”.

Do sistema de som montado pela organização do protesto soavam frases como “Nenhum jovem aguenta, precário até aos 50”, “Horários sobrecarregados, professores arrasados” ou “Diretores a recrutar, não podemos aceitar”, repetidas em coro pelos manifestantes, que foram cerca de mil, segundo uma estimativa da polícia.
José Costa, vice-presidente da FENPROF, também esteve no protesto, cuja dimensão e adesão foi «idêntica à das que já se realizaram» e que «vão continuar a acontecer» noutros distritos.
O dirigente sindical considerou ainda que esta «é uma resposta que o ministro tem de ouvir» e que é preciso que «as coisas mudem».
«No dia 20 de Janeiro, ele estava muito incomodado com os milhares de professores que estavam cá fora, mas, depois, a proposta que apresentou não vai ao encontro de nada», acusou.
As noves estruturas sindicais envolvidas no protesto de hoje foram a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Pró-Ordem dos Professores – Associação Sindical/Federação Portuguesa dos Professores, Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (SINAPE), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU) e Federação Nacional de Educação (FNE).
Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação
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