Quinta do Canhoto, da tradição à inovação

Dos vinhos feitos para amigos, chegou-se a uma produção vitivinícola que já ganha prémios

Foto: Bárbara Rodrigues | Sul Informação

Quatro gerações depois, a Quinta do Canhoto mantém a tradição de família, mas aposta na inovação.

Nos 22 hectares de propriedade, em Albufeira, a família Vilarinho mantém uma longa tradição de cultivo algarvio, como a alfarroba e a azeitona. Dez desses hactares são agora totalmente dedicados à vinha.

Dizendo que se trata de uma “longa história” iniciada na década de 50, Joana Fernandes conta como tudo começou. Desde a época do seu tetravô, a família tinha diversos terrenos, “faziam o vinho para os amigos numa pequena adega”, tendo começado depois a cultivar e vender as uvas à Adega Cooperativa de Lagoa. A vinha foi crescendo e a vontade de desenvolver o negócio também.

A partir de 2009, toda a vinha foi replantada e concentrada numa só quinta para aumentar a produção de vinho e permitir a adoção de novas técnicas para a vindima, que começaram a ser feitas com máquinas de vibração.

 

Foto: Bárbara Rodrigues | Sul Informação

 

“É muito difícil arranjar pessoas para trabalhar na vinha”, afirma Edgar Vilarinho, responsável pela adega e pela vinha. Trabalham com cerca de três dezenas e meia de pessoas na época da vindima. Mantendo a tradição, continuam a operar “com quem sabe e trabalha por gosto”. As vindimadoras são senhoras mais idosas, vindas de São Marcos da Serra.

Foi em 2012 que Joana Fernandes, arquiteta de profissão, começou a desenvolver o projeto do edifício onde se localiza a adega da Quinta do Canhoto. “A ideia era criar um edifício que fosse o mais sustentável possível”, pois, apesar de as alterações climáticas serem um tema de que só há pouco se começou a falar, na agricultura já é algo sentido há muito tempo.

Por isso, a família quis criar um espaço com uma arquitetura bioclimática que “respeitasse mais a natureza” e com gastos energéticos mais reduzidos. A nível estético, o conceito foi juntar o moderno com o rural, num espaço amplo e minimalista: “Criámos um espaço contemporâneo”.

 

Foto: Bárbara Rodrigues | Sul Informação

 

Com o nome de Esquerdino, foi em 2017 que foram lançados os primeiros vinhos desta empresa familiar, que rapidamente conseguiram alcançar diversas menções e prémios. Os vinhos são feitos a partir de seis castas diferentes: Antão Vaz, Arinto, Sirah, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional.

Em Março do próximo ano, sairá um novo vinho, mas Edgar Vilarinho não quer ainda adiantar mais pormenores.

A grande inovação começa em pleno 2020. “Iniciámos o Enoturismo no Verão de 2020 com visitas à quinta, visitas à adega, provas de vinhos”. Tendo em conta que a ala de eventos pode levar até 150 pessoas, Joana conta que passaram também a receber outros tipos de eventos, como casamentos. A sala com vista para o campo, logo ali ao pé, o casario e mar, lá ao fundo, é o local ideal para descobrir os vinhos Esquerdinos, mas também para organizar festas e outros eventos.

Apesar de toda a inovação, há algo que a Quinta do Canhoto não consegue controlar. Devido à seca, a produção de vinho sofreu uma quebra de 50% relativamente ao ano passado. As chuvas que este Outono começaram a cair com abundância são uma esperança para a próxima vindima.

A harmonia entre uma tradição tão portuguesa que é o vinho e a cidade de Albufeira, trouxe a esta família uma nova visão para um negócio já começado há tantas décadas.

 

 

Textos e fotos de Bárbara Rodrigues, realizados no âmbito do curso de Fotografia Profissional 21|23 da ETIC_Algarve, Escola de Tecnologias, Inovação e Criação do Algarve.

 

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