Novo Campus de Portimão da UAlg dá «passo importante» para se tornar realidade

Universidade do Algarve, Câmara de Portimão e CCDR assinaram acordo para que projeto avance

O que se quer é que nasça em Portimão um «verdadeiro Campus» da Universidade do Algarve, com novos cursos, mais oferta formativa e investigação. Quem o quer é a UAlg, a Câmara de Portimão e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), que assinaram no sábado, dia 3 de Dezembro, um memorando que é um «passo muito importante» para a concretização deste sonho.

Este ato oficial acabou por ser um presente, na festa dos 30 anos do campus de Portimão da UAlg, que teve lugar no sábado, no Teatro Municipal de Portimão, porque, no fundo, é o relançar de um processo de que se fala há muito, mas que tarda em sair do campo das intenções.

E o que é que muda, desta vez?

O memorando de entendimento assinado entre as três entidades significa que não só há um terreno à espera, cedido pela Câmara de Portimão, como também há o compromisso da parte do município em infraestruturá-lo e, com isso, abrir os cordões à bolsa.

Há ainda uma proposta da CCDR do Algarve à Comissão Europeia para que este projeto possa ser financiado por fundos europeus e a disponibilidade, a nível interno, na universidade, para criar em Portimão uma nova unidade orgânica.

 

Paulo Águas

 

Em declarações ao Sul Informação, Paulo Águas, reitor da UAlg, considerou que este foi «mais um passo importante» neste processo e que há «um grande comprometimento» dos parceiros.

Para a UAlg, a construção do novo Campus de Portimão é um desígnio estratégico, uma vez que, na visão do reitor, é preciso «ter mais estudantes no Ensino Superior, no Algarve. A região tem, neste momento, menos de 3% dos estudantes universitários do país, o que é um número que não nos pode satisfazer».

«Para aumentarmos a qualificação e a percentagem de alunos do Ensino Superior a estudar no Algarve, para valores que sejam mais condizentes com a expressão demográfica da região, é crucial expandir o ensino na zona do Barlavento, com base em Portimão», acredita Paulo Águas.

«Mas, com as atuais instalações, nós não conseguimos fazê-lo. É totalmente impossível», ilustrou.

«O que nós nos propomos, com a construção do novo Campus, é triplicar a expressão de Portimão no contexto da Universidade do Algarve. Portimão, neste momento, representa menos de 5% dos estudantes da UAlg e nós queremos, no mínimo, triplicar essa percentagem, quatro ou cinco anos após termos as instalações concluídas», acrescentou.

Enquanto isso não acontecer, não será possível «desenvolver novas ofertas formativas que possam contribuir para a diversificação da base económica do território».

 

 

A visão do reitor da UAlg é partilhada por Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão.

«Queremos providenciar mais oferta formativa aqui no Barlavento, para que o número de estudantes universitários aumente significativamente no Algarve, que é das regiões do país com menos alunos a inscrever-se no Ensino Superior», enquadrou a autarca.

Quanto ao papel da Câmara Municipal para que o futuro Campus seja uma realidade, passa por «ceder gratuitamente à Universidade do Algarve um terreno excelente para esta finalidade, no Barranco do Rodrigo, com 26.640 metros quadrados, que até tem vista de mar».

«Queremos que ali seja construído um verdadeiro Campus, não aquilo que temos agora, que é um polo. Queremos um Campus universitário, com cursos mais diversificados, com mais oferta formativa», afirmou Isilda Gomes.

Com a criação deste novo complexo universitário, fica a ganhar a economia local, que beneficiará da «valorização dos recursos humanos», mas, principalmente, os jovens e famílias do Barlavento Algarvio.

«Queremos aproximar a educação e a formação dos públicos-alvo. Como toda a gente sabe, não é fácil para os nossos jovens – os de Portimão, Lagos, Monchique, Aljezur -, ir viver para Faro, porque a vida é muito cara», ilustrou Isilda Gomes.

 

 

O outro vértice do triângulo é a CCDR do Algarve, cujo presidente, José Apolinário, assume «o compromisso de defender junto do Governo e da Comissão Europeia a necessidade de mobilizar fundos europeus, seja do Programa Operacional Regional [PO Algarve 2030], seja de outras linhas de financiamento, para fazer avançar esse Campus em Portimão».

«A CCDR, dentro da perspetiva de desenvolvimento regional que apresentou ao Conselho Regional, em Albufeira, há um mês e meio, propôs à Comissão Europeia que, no próximo quadro, haja um reforço em Cursos Técnico Superior de Especialização Profissional (CTESP), de quatro semestres, sobretudo focados na diversificação da base económica».

E isso implica, defende esta entidade na sua proposta, a criação de novas infraestruturas.

A CCDR, em conjunto com a UAlg, advoga «o investimento em dois edifícios, um nas Gambelas e outro em Portimão. E esse investimento poderá alavancar o reinício do processo do novo Campus de Portimão, com o apoio da Câmara, que terá de garantir a infraestruturação e, porventura, mais apoio para o desenvolvimento deste projeto, desta ambição», rematou José Apolinário.

Mais do que pensar no sempre fulcral financiamento da obra, a UAlg já pensa no que poderá ser o Campus de Portimão, no futuro.

 

 

Atualmente, a UAlg tem nesta cidade do Barlavento uma extensão da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo, onde ministra duas licenciaturas – Turismo e Gestão Hoteleira – e um mestrado em Gestão de Pequenas e Médias Empresas.

«Queremos, no futuro, ter outras ofertas formativas. Isso está a ser estudado. Mas alterar o que tem sido feito depende muito de ter novas infraestruturas. Só a partir do momento em que o novo Campus for uma realidade é que podemos sonhar mais alto», disse ao Sul Informação Alexandra Gonçalves, diretora da ESGHT.

O futuro deverá passar pela criação de uma nova unidade orgânica, em Portimão, até porque «é muito difícil fazer uma gestão quotidiana de uma unidade orgânica em Portimão a partir de Faro».

«Quanto maior autonomia tiver o novo Campus, que esperamos que venha a ser criado aqui em Portimão, melhor», acredita Alexandra Gonçalves.

Apesar de não haver ainda «um modelo definido», Paulo Águas admitiu «a possibilidade de virmos a oferecer licenciaturas noutras áreas, no futuro».

«Mas aquilo que mais me agrada é a criação de uma unidade orgânica em Portimão. Não é uma decisão minha, é uma proposta que terei de apresentar ao Conselho Geral, que já discutiu o assunto. Este órgão entende que a UAlg deve aumentar a sua presença no Barlavento Algarvio. Agora, como isso será feito, não está totalmente definido, ainda teremos de debater quais serão, exatamente, as valências desta unidade orgânica, embora seja já certo que serão nas áreas STEAM – Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática».

«O que já não me parece interessante é que, em Portimão, tenhamos um local em que há um pouco de cada unidade orgânica de Faro. Isso não resulta. Portimão precisa de ter uma estratégia e isso passa por ter autonomia, uma unidade orgânica com órgãos eleitos, que trabalha com a reitoria», concluiu o responsável máximo pela Universidade do Algarve.

 

 

 

 



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