Termina a segunda temporada da saga d’O Caminhante

Em jeito de balanço, foram “apenas” 113 quilómetros que fizemos, desde Santiago do Cacém até aqui, Vendas Novas

T2 E8 – Casebres>>Vendas Novas

E a Temporada 2 desta saga termina hoje, em Vendas Novas, na Quinta da Formiga, da nossa amiga S. Podíamos ter vindo de carro visitá-la, portanto, se viemos a pé foi por outro motivo – um motivo relacionado com o nosso santo Santiago.

E hoje viemos de Casebres até aqui, vinte e dois quilómetros que nos saíram do pêlo. Foi um troço dentro da normalidade, começámos com um sol bem forte (o S. Martinho também quis dar um ar da sua graça na peregrinação) e gostámos muito da travessia da Herdade da Palhavã. Os parabéns a quem, na Herdade, teve a visão suficiente para permitir que o Caminho de Santiago a atravessasse. Durante cerca de três quilómetros, tivemos oportunidade de atravessar riachos, montados bem cuidados e observar os rebanhos. Deixámos pegadas e levamos boas fotos e recordações.

 

 

Em jeito de balanço, foram “apenas” 113 quilómetros que fizemos, desde Santiago do Cacém até aqui, Vendas Novas. Não se pense que foi fácil – não foi – mas foi muito gratificante. Foi um desligar da realidade do dia-a-dia e absorver o que se ia passando à nossa volta. As paisagens foram soberbas, apesar do sofrimento quando tínhamos que ir para o alcatrão – mas também percebemos que, muitas vezes, não há alternativa.

Agora o que correu sempre bem, sempre, foram as pessoas. Muitas vezes, os automobilistas cumprimentavam-nos e afastavam-se quando nos viam nas bermas.

Quase toda a gente conhecia o Caminho de Santiago e o que estávamos fazendo. Apesar de não nos termos encontrado com nenhum peregrino, fomos sempre ouvindo relatos de outros caminhantes. Pelo alojamento onde aqui ficámos (muito bem) instalados, na “Casa Fisher”, já passou um lituano, um checo, um escocês de Glasgow (de bicicleta) e um casal de austríacos, entre outros que já não me lembro. Mas nós fomos os primeiros portugueses…

 

 

Outra das indicações do sucesso deste Caminho é que, ao pedirmos se tinham um carimbo para a Credencial, nos responderem: “Temos sim, senhor. Mandámos fazer de propósito”. E o carimbo, além do nome do restaurante, tinha o desenho de um peregrino e da vieira estilizada. O impacto económico gerado pelos caminhantes nestas zonas de baixa densidade populacional por onde passámos não é negligenciável e, pelo que observámos, tem tendência a evoluir de forma positiva.

Mas há uma coisa que tem que ser feita. Apesar de grande parte do percurso estar bem sinalizado, os Caminhos de Santiago Alentejo Ribatejo não podem ter divergência entre as balizas e as marcações do terreno e os ficheiros de GPS. Esta é a única – e grande – crítica a fazer. É essencial, para a continuidade e sucesso deste (muito bom) projeto, remediar esta falha. E, apesar de serem muito poucas, já encontrámos algumas balizas danificadas.

Acho que, durante uns tempos, vou sentir saudades das palavras mais ouvidas e proferidas por nós no Caminho: “seta amarela!”. Deixem-me terminar esta Temporada com a tradicional saudação dos caminhantes de Santiago – Bom Caminho!

Spoiler Alert: Vendas Novas fica à mesma latitude de Lisboa; Será que vai haver Temporada 3?

 

 

 

 



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