Plano Ferroviário prevê travessia do Tejo que põe Algarve e Alentejo mais perto de Lisboa

Está em cima da mesa a criação de uma nova ligação que coloque Faro, Beja e Évora no mesmo eixo ferroviário

Os tempos de viagem de comboio de Lisboa para o Algarve e o Alentejo vão diminuir em cerca de 30 minutos, a partir do momento em que esteja concluída a 3ª travessia do Tejo, em Lisboa, uma obra prevista no Plano Ferroviário Nacional.

O mesmo documento coloca a possibilidade de investimentos na Linha do Sul, apontando duas alternativas, uma das quais a construção de um novo troço que coloque Faro, Beja e Évora no mesmo eixo, o que diminuiria o tempo de viagem entre a capital algarvia e Lisboa para menos de duas horas, mais precisamente 1h55, no serviço Alfa Pendular.

No entanto, o que deverá avançar em breve é a 3ª travessia do Tejo, na Área Metropolitana de Lisboa.

«O investimento com maior impacto positivo nas ligações de Lisboa ao Alentejo e Algarve é a construção de uma nova travessia ferroviária do Tejo em Lisboa. Trata-se, porventura, da peça mais importante em falta na rede ferroviária nacional, já que é aquela que permite atenuar o efeito do Rio Tejo como principal obstáculo à mobilidade entre todo o Sul e Lisboa, sem esquecer o Centro e Norte do País», lê-se na versão do plano recentemente aprovada em Conselho de Ministros e que ainda será sujeita a Consulta Pública.

É que, apesar deste ser «um investimento localizado na capital, tem um grande efeito na coesão territorial do país como um todo», defende-se no documento.

Esta nova travessia ferroviária do Tejo «já foi extensivamente estudada» e há uma opção consolidada: «um alinhamento entre Chelas, na margem Norte, e o Barreiro, na margem Sul».

 

 

«Este alinhamento teria inserção na Linha de Cintura e na Linha do Norte, na zona de Braço de Prata, Lisboa, e na Linha do Alentejo, na zona do Lavradio, Barreiro, permitindo, além dos serviços de longo curso, a criação de novos serviços suburbanos», segundo o plano.

Esta alternativa vem resolver alguns problemas que existem atualmente, desde logo as limitações de capacidade da travessia pela Ponte 25 de Abril, «resultantes, em parte, da sua inserção na Linha de Cintura».

«Além disso, do ponto de vista dos serviços de passageiros interurbanos, implica um tempo de trajeto nunca inferior a 42 minutos entre Lisboa Oriente e a estação do Pinhal Novo, ainda dentro da Área Metropolitana de Lisboa. Com a nova travessia, este tempo encurta-se para cerca de 15 minutos, o que significa encurtar em cerca de 30 minutos todas as ligações de Lisboa ao Alentejo e ao Algarve, bem como aumentos de frequência dos serviços», antecipa o documento.

Esta é, só por si, uma boa notícia para quem vive nos distritos de Évora, Beja e Faro, que passariam a ter uma ligação ferroviária a Lisboa e ao resto do país mais rápida.

Mas poderá não ser a única.

O plano admite duas possibilidades, em alternativa uma à outra, para «obter ganhos adicionais de tempo de viagem na ligação entre Lisboa e o Algarve».

Uma delas é «a modernização da Linha do Sul, por onde circulam hoje todos os comboios com destino ao Algarve, com um investimento significativo em correções de traçado entre Torre Vã e Tunes e eventuais investimentos adicionais a Norte de Torre Vã».

 

 

Linha do Sul

 

A outra é «a construção de uma nova ligação que incluísse Évora e Beja no mesmo Eixo Lisboa-Algarve».

A primeira solução avançada e a mais fácil de implantar, «por se tratar de um investimento relativamente modesto», é a correção de traçado entre Torre Vã e Tunes, que «poderia permitir ganhar 10 a 15 minutos adicionais» neste troço, «colocando o tempo de viagem entre Lisboa e Faro em cerca de 2h15».

No entanto, se se pretender diminuir o tempo de viagem entre Lisboa e Faro para menos de duas horas «será necessário um investimento muito mais pesado na Linha do Sul. Além disso, há a possibilidade de, a prazo, a Linha do Sul vir a sofrer constrangimentos de capacidade».

Outra questão que tem de ser considerada, é a ambição de Portugal de ver a Linha do Algarve integrada na rede ibérica, estendendo o corredor desde Faro até Huelva e Sevilha.

A remodelação do troço Torre Vã-Tunes «pode ser insuficiente para assegurar ligações adequadas ao Sul do país».

O plano realça, ainda assim, que é «certo que o troço Torre Vã-Tunes necessita de uma intervenção de reabilitação durante a próxima década». Já qual será a sua extensão depende da alternativa que for escolhida.

E a outra alternativa é bem mais ambiciosa – e, como tal, mais onerosa e, antecipa-se, mais polémica, por eventuais impactos ambientais.

O plano prevê que, em alternativa, se estude «a criação de uma ligação que, além de permitir as reduções de tempo de viagem, coloque as cidades de Évora, Beja e Faro no mesmo eixo».

«Desta forma, as três capitais de distrito passariam a ser servidas de forma mais frequente, em resultado da concentração de tráfegos no mesmo eixo, por oposição à sua divisão por diferentes ramos de uma rede em árvore», enquadra o documento.

A ideia em cima da mesa aproveita «uma parte significativa da Linha de Évora e do Alentejo, com a construção de uma condordância entre estas duas linhas e de um novo traçado a sul de Beja, com velocidades de circulação máximas entre os 200 km/h para as linhas existentes e de 250 km/h em parte do novo traçado, correspondente a cerca de metade da distância entre Évora e Faro».

«Com estas hipóteses, mostra-se se possível um tempo de viagem inferior a duas horas entre Lisboa e Faro, com paragens em Évora e Beja. Combinando com a construção de uma ligação entre Faro e Sevilha em termos semelhantes, isto viabilizaria um tempo de viagem entre Lisboa e Sevilha inferior a quatro horas, assumindo a mesma abordagem, com aproveitamento de alguns troços das linhas existentes e construção de linha nova nos restantes», lê-se no Plano Nacional Ferroviário.

 

 

Em qualquer um destes casos, as obras são para ser feitas a longo prazo, para mais se a alternativa escolhida for a de criação de uma nova ligação.

Antes disso, e tendo em conta que a nova travessia do Tejo é prioritária, a reabertura da Linha do Alentejo entre Beja e Ourique tornará possível «que alguns dos serviços Intercidades entre Lisboa e o Algarve circulem por Beja ou, equivalentemente, considerar o prolongamento dos Intercidades Lisboa-Beja até Faro, sem penalizar demasiado o tempo de viagem entre os extremos».

«Assim, colocam-se as duas cidades no mesmo eixo ferroviário, concentrando tráfegos e permitindo a acessibilidade entre elas. O tempo de viagem será semelhante ao que existe atualmente nos Intercidades da Linha do Sul. Desta forma, fecha-se mais um anel na rede ferroviária nacional», refere o plano.

Os ganhos de tempo resultantes da nova ponte também vão permitir «retomar o serviço a Alcácer do Sal sem comprometer o tempo de viagem total».

 

 

 

 



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