“Novo” Hospital Terras do Infante é «o sonho possível»

Ministro da Saúde presidiu à inauguração oficial da unidade hospitalar de Lagos, que é nova no SNS

O Hospital agora denominado Terras do Infante, em Lagos, é «o sonho possível», disse hoje Hugo Pereira, presidente da Câmara desta cidade algarvia, na cerimónia de inauguração da unidade, pelo ministro da Saúde.

«O que Lagos ambicionava era ter uma unidade nova, feita de raiz», continuou o autarca, dizendo que foi porém preciso «cair na realidade» e aceitar que «não deixa de ser um sonho substituir o velhote edifício, com 500 anos» onde antes funcionava a unidade hospitalar de Lagos.

É que este hospital, agora integrado no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), funciona nas instalações construídas para uma unidade privada, que daqui saiu em Janeiro passado, continuando o edifício a ser propriedade de um grupo de saúde privado.

O presidente Hugo Pereira lembrou isso mesmo, dizendo que o edifício «não é património do Estado», mas advertindo que «nunca mais se pense em fechar [este hospital], porque Lagos nunca perdoaria».

O ministro da Saúde tranquilizou o autarca, referindo-se aos novos serviços e equipamentos de que o Hospital Terras do Infante, «já em pleno funcionamento» desde há meses, está agora dotado e aquilo que ainda irá acontecer. «Em Janeiro, entrará em funcionamento o Serviço de Oftalmologia», que terá capacidade para fazer «10 mil consultas por ano e 3 mil cirurgias oftalmológicas», sobretudo a cataratas, «doença que não é grave, mas tem impacto enorme na qualidade de vida das pessoas», anunciou Manuel Pizarro.

Em termos de oftalmologia, «vamos dar resposta às necessidades de todas as pessoas do Algarve, mantendo os serviços que temos em Faro e em Portimão, mas acrescentando aqui um enorme potencial» de consultas e cirurgias, garantiu o governante.

 

 

Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do CHUA, acrescentou que este será «o maior centro oftalmológico da região» e permitirá «acabar com a lista de espera» na oftalmologia no Algarve, com o apoio dos três concelhos que integram a Associação de Municípios Terras do Infante (Lagos, Aljezur e Vila do Bispo).

Mas esse não é o único melhoramento que o Hospital Terras de Infante traz ao Serviço Nacional de Saúde: foram criadas duas salas de bloco operatório (que o velhinho hospital de Lagos não tinha), tendo a ala direita do atual edifício sido transformada e reequipada para internamento, bem como reforçada a cirurgia de ambulatório. Foram ainda feitos investimentos ao nível de diversos equipamentos de diagnóstico e no laboratório de análises clínicas.

Ana Varges Gomes adiantou que este hospital vai prestar aos utentes «cuidados em muitas mais especialidades», nomeadamente consultas pós-laborais de Pediatria, importantes para os pais, ou Medicina Paliativa e Oncologia, «que não tínhamos».

Com instalações modernas e acessíveis, o Hospital Terras do Infante já está a registar um aumento na procura. Se o velho hospital fazia uma média de 40 atendimentos por dia, este está a fazer 120. Poderá significar que os utentes passaram a ter mais confiança, evitando deslocar-se a Portimão, mas também põe em destaque a necessidade de reforçar as equipas médicas e de enfermagem da unidade de Lagos.

 

 

Aliás, este foi um dos aspetos referidos pelo ministro Manuel Pizarro. Referindo-se às vagas que foram abertas em todo o país (nomeadamente Algarve) para a formação de médicos internos, Pizarro falou do «maior mapa de abertura de vagas na formação nas especialidades», num esforço conjunto entre o seu Ministério e a Ordem dos Médicos.

No entanto, alertou, os internos que começarem em Janeiro de 2023 só «completarão a sua formação dentro de quatro, cinco, seis anos, conforme a especialidade».

Desses, muitos acabarão por não ficar no Algarve. Pizarro admitiu que «há um desequilíbrio demográfico na profissão médica», «mais visível nas regiões mais periféricas do país», como a algarvia.

Quanto ao futuro do Serviço Nacional de Saúde no Algarve, o ministro anunciou que «não pára por aqui o esforço», garantindo estar a «trabalhar muito intensamente com o senhor presidente da CCDR Algarve para relançar o programa do Hospital Central». «Recentemente o Conselho de Ministros aprovou uma resolução para relançar o programa do Hospital Central do Algarve, tenho a certeza que haverá, no ano de 2023, marcadas evoluções nessa matéria», disse. 

Mais tarde, questionado pelos jornalistas, Manuel Pizarro não se quis comprometer com uma data para o início efetivo do processo dessa nova estrutura hospitalar, muito menos para o começo das obras.

O titular da pasta da Saúde afirmou igualmente que «está na agenda a resolução do tema do Centro Oncológico do Algarve». Para o ministro é «absolutamente claro que o serviço público não pode ficar condicionado por nenhuma iniciativa privada».

À tarde, já depois de participar no 41.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, que está a decorrer em Vilamoura. o ministro da Saúde vai ao hospital de Faro para presidir à inauguração do Laboratório de Ortoprotesia, do novo Centro AVC e da nova Unidade de Medicina Intensiva, tudo integrado no Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

 

 



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