Escassez de água foi tema de debate na Assembleia Municipal de Loulé

Que decorreu no passado sábado

A Casa do Povo de Alte recebeu no passado sábado uma a Assembleia Municipal de Loulé numa sessão extraordinária temática onde esteve em foco o problema da escassez de água.

A sessão contou com a presença da Agência Portuguesa do Ambiente, Águas do Algarve e Plataforma Água Sustentável, que trouxeram contributos técnicos ao debate.

Por Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, foi feita uma radiografia do trabalho desenvolvido no seio da autarquia em relação à forma como é gerida a água, em consonância com a sua política para o ambiente.

O edil falou do problema da escassez de água como um dos aspetos da crise climática e realçou o relevante enquadramento da política municipal, nomeadamente através do Plano Municipal de Ação Climática de Loulé e do Plano Municipal de Contingência para Períodos de Seca de Loulé, este último aprovado no passado mês de Agosto.

«O Município de Loulé já estudou, já caracterizou e já sabe os recursos que tem à sua disposição para que, em período crítico no que diz respeito à disponibilidade de água, possa fazer face a este grande problema», assegurou.

De entre as medidas incorporadas nestes documentos, o autarca elencou algumas linhas de orientação do trabalho, que passam, por exemplo, por condicionar o consumo de água nos espaços verdes e a utilização da água nos equipamentos desportivos ou utilizar fontes alternativas para a rega de jardim e lavagem de ruas.

Também o protocolo para redução temporária nos “grande consumidores”, a redução da pressão na rede, o planeamento de abastecimentos alternativos no combate ativo às perdas de água ou a melhoria das infraestruturas de abastecimento de água, como é o caso do investimento previsto no PRR referente à criação de uma central de dessalinização, fazem parte deste conjunto de medidas para fazer face aos problemas da escassez hídrica.

 

 

O Município está ainda a promover a revisão do modelo tarifário/sistema de faturação, por forma a que, quem mais consome pague mais, assim como a criar reservas estratégicas de água.

No que toca aos indicadores de desempenho ERSAR, o concelho consegue ter uma boa avaliação nas zonas geridas pelas empresas municipais, mas Loulé tem agora «um grande desafio» que é transpor o conhecimento adquirido ao longo dos anos no litoral e aplicar no restante território do concelho em termos da água não faturada, que é de 35,2% no concelho de Loulé, um valor acima da média nacional (28,7%)».

Renovar os contadores, fiscalizar os usos ilícitos e analisar os consumos próprios, criar zonas de medição e controlo, aplicando dispositivos que são capazes de detetar fugas e identificar zonas são assim alguns dos projetos para reverter estes números.

«As entidades públicas continuam a licenciar despedregas e desmatação de vastíssimas áreas com centenas de hectares. Isto não pode continuar, já não temos água para alimentar a agricultura que temos. Temos que parar o aumento das áreas de regadio da monocultura, agricultura intensiva. Temos que erguer a nossa voz para protestar contra esta situação», frisou Vítor Aleixo.

Pedro Coelho, da Agência Portuguesa do Ambiente, trouxe alguns elementos ao plenário, nomeadamente um enquadramento da disponibilidade de águas subterrâneas e superficiais no concelho de Loulé e na região, os principais  instrumentos ao serviço da boa gestão da água e as medidas de contingência para seca.

«Nos últimos 20 anos, temos 6 dos 10 anos mais secos de sempre, mas desde 2015 estamos com anomalias negativas, com défices de precipitação. No Algarve o problema ainda é mais gravoso», alertou.

Por outro lado, António Eusébio, das Águas do Algarve, sublinhou que «a escassez de água no Algarve é um problema estrutural e não temporário».

Este responsável falou das submedidas do PRR para este eixo da água, no valor de 143 milhões de euros que são  promover a utilização de água residual tratada para reutilização, aumentar a capacidade disponível e resiliência das albufeiras/sistemas de adução em alta
existentes, reforçar com novas origens de água e promover a dessalinização de água do mar.

Um conjunto de cidadãos e associações como a Almargem integram a Plataforma Água Sustentável, criada num contexto de preocupação com esta problemática.

Em sua representação, Lídia Brás foi mais uma das vozes nesta Assembleia a expor a emergência do problema de falta de água.

«Estamos numa situação muito grave que é reconhecida mundialmente», considerou, apontando a conjugação do clima, com a água disponível e o consumo como geradora da situação atual.



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