Após a suspensão das obras, a biodiversidade «voltou em força» às Alagoas Brancas

Ainda assim, avisa o movimento Cidadãos em defesa das Alagoas Brancas, o perigo ainda persiste

As obras pararam, por ordem do Tribunal, e não tardou muito que a vida voltasse «em força» às Alagoas Brancas, um «oásis de biodiversidade» que «continua sob grande e séria ameaça».

O movimento Cidadãos em defesa das Alagoas Brancas, que tem contestado fortemente a construção de uma superfície comercial neste local, veio a público dar conta do regresso da fauna a esta zona húmida, após as máquinas terem parado, mas também para apelar à continuidade das ações em defesa deste espaço natural, que, defendem, «urge defender, classificar e renaturalizar».

«Nos últimos dias, e devido à exuberância regenerativa desta época do ano, assistem-se a autênticos festivais da vida selvagem nas Alagoas Brancas. Foram avistados centenas de Ibis pretos, entre dezenas e dezenas de outras espécies importantes, e a monitorização de exemplares nas Alagoas não pára de aumentar em número», assegura o movimento de cidadãos.

A quantidade de espécies que procuram em massa as águas doces da zona húmida lagoense têm sido registadas «por iniciativa cidadã».

Esta “trégua” nas obras de construção acontece após o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé ter considerado procedente a providência cautelar interposta pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN) no dia 7 de Novembro e determinado a suspensão imediata dos trabalhos de construção de uma nova superfície comercial na zona das Alagoas Brancas.

Nos argumentos que serviram para suspender a obra, o PAN alegou que as obras já causaram «graves e irreparáveis prejuízos a valores ambientais, históricos, paisagísticos e identitários, protegidos pelo Direito vigente, assim como ao nível da biodiversidade, o que constitui também um dano contra a natureza».

Já o movimento de cidadãos diz que «animais, protegidos por lei, foram enterrados vivos, quando por lei o ICNF devia ter retirado um a um são e salvo dali. Mas, a importância colossal das Alagoas Brancas suprime toda e qualquer tentativa de amenização do impacto que a sua destruição geral acarretaria».

Ainda assim, o principal destinatário das críticas dos cidadãos é a Câmara de Lagoa, por ser «absolutamente incompreensível que a autarquia de Lagoa, ao contrário do que dizem os estudos, os especialistas, e até a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, tenha dado aval para arrasar este reduto verde».

A autarquia, entretanto, já “explicou” o caso das Alagoas Brancas, num comunicado, alegando, entre outras coisas, que parar a obra significaria pagar uma indemnização «de largos milhões de euros».

«As Alagoas Brancas são preciosas, mas, apesar das boas notícias, não estão ainda a salvo e neste momento toda a ajuda é preciosa», avisa o Cidadãos em defesa das Alagoas Brancas, que promete «continuar a lutar».

 

A biodiversidade das Alagoas Brancas – Fotos: Cidadãos em defesa das Alagoas Brancas:

 

 

 

 



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