Águas do Algarve está a extrair Kaumera das lamas da ETAR Faro/Olhão para criar adubo

Kaumera é uma matéria-prima de base biológica que pode ser utilizada para diversos fins

A Águas do Algarve inaugurou uma unidade de extração de Kaumera, uma matéria prima que pode ser usada, entre outras coisas, como um adubo de base biológica, na sua Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Faro/Olhão, no dia 28 de Outubro.

Esta é, segundo a empresa multimunicipal de abastecimento de água e tratamento de resíduos do Algarve, «uma matéria-prima de base biológica, versátil, que é extraída das águas residuais, mais especificamente de sistemas de lamas aeróbias granulares».

Este biopolímero pode ser usado como adubo e «constitui um excelente substituto para produtos petroquímicos».

Ainda no que toca à sua utilização no setor agrícola algarvio, a Kaumera também é interessante pela sua «capacidade de absorção de água».

Na prática, o que foi inaugurado na ETAR Faro/Olhão foi uma Instalação Móvel de Extração de Kaumera (KEI), uma tecnologia que foi desenvolvida nos Países Baixos, ao abrigo do projeto europeu “Water Mining”, do qual a Águas do Algarve é um dos parceiros.

Em Junho deste ano, a primeira instalação móvel de extração do biopolímero Kaumera (KEI) a partir de lamas aeróbias granulares do sistema de tratamento NEREDA entrou em operação na ETAR de Utrecht, nos Países Baixos.

Esta unidade foi criada para fazer «testes ao nível internacional, para a extração do biopolímero, atendendo às condições locais. Após três meses de operação bem-sucedida, a KEI móvel foi desmontada e transportada para a ETAR de Faro/Olhão, onde chegou no início de setembro».

Agora, depois de montada na ETAR algarvia, a unidade móvel KEI será operada pela Universidade Técnica de Delft, com apoio da Águas do Algarve.

 

 

«Na ETAR de Faro/Olhão estão a ser realizados ensaios com a unidade KEI que permitirão comparar os resultados com os obtidos em Utrecht. Esta análise é importante, tendo em consideração que as instalações têm diferentes climas e diferentes características das águas residuais, como por exemplo, afluência de água salgada ao sistema de drenagem da ETAR de Faro/Olhão», descreve a empresa algarvia.

Também serão avaliadas «as possíveis aplicações do biopolímero Kaumera obtido em Faro/Olhão face ao produzido nos Países Baixos. Neste sentido, conta-se com a colaboração da Universidade do Algarve, especificamente a nível do curso de Mestrado do Ciclo Urbano da Água, na identificação das aplicações do Kaumera, que revelam ter especial interesse, na região do Algarve», nomeadamente, na agricultura.

Atualmente existem dois locais de produção do biopolímero Kaumera, em Zutphen e em Epe, nos Países Baixos, «sendo crescente o seu interesse desde a data de lançamento, em 2019».

As várias vertentes do biopolímero Kaumera foram inicialmente desenvolvidas através de uma parceria entre entidades gestoras neerlandesas (Waterschap Vallei en Veluwe, Waterschap Rijn en IJssel), setor de I&D (Stichting Toegepast Onderzoek Waterbeheer, STOWA, e Universidade Técnica de Delft) e tecido empresarial (Royal HaskoningDHV; Chaincraft e Koppert).

Quanto ao projeto de pesquisa multidisciplinar “Water Mining”, é financiado pela EU, através do programa Horizonte 2020, foca-se em soluções inovadoras e circulares para a gestão da água e é liderado pela Universidade Técnica de Delft.

Neste âmbito, serão desenvolvidas seis instalações à escala piloto em Chipre, Espanha, Portugal, Itália e Países Baixos, num trabalho que envolve 38 parceiros internacionais – institucionais, governamentais, indústria e ciência e tecnologia -, através do qual se espera conseguir «desenvolver modelos de negócios inovadores para, entre outras aspetos, potenciar a recuperação de subprodutos a partir de efluentes domésticos e industriais».

Nas atividades relacionadas com o biopolímero Kaumera os parceiros principais do projeto “Water Mining” são a Águas do Algarve, a Universidade Técnica de Delft, a Royal HaskoningDHV, a Wetsus e a Lenntech ACCIONA.

 




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