SPEA diz que destruição das Alagoas Brancas está «iminente»

Já está marcada uma marcha de protesto para o próximo sábado, 22 de Outubro, a partir das 17h00, em Lagoa

Foto: Anabela Blofeld

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) diz que está «iminente a destruição da zona húmida das Alagoas Brancas», em Lagoa, acusando a Câmara de ter autorizado «um promotor imobiliário a realizar trabalhos de urbanização». 

Segundo a SPEA, «a destruição desta zona húmida põe em risco a segurança da cidade em situação de cheia. É notória a ilegalidade deste ato, impermeabilizando uma zona que trará severas consequências, tendo em conta o regime de pluviosidade a que o Algarve está sujeito».

Devido a esta situação, já está marcada uma marcha de protesto para o próximo sábado, 22 de Outubro, a partir das 17h00, no Largo do Auditório Municipal Carlos do Carmo, em Lagoa.

A marcha é organizada pela Associação Almargem, A Rocha Portugal, GEOTA, FAPAS, Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável.

Na opinião da SPEA, «iniciou-se a destruição do habitat de mais de 300 espécies de plantas e animais nativos, alguns dos quais protegidos por lei ou ameaçados de extinção».

«Além disso, destrói-se a possibilidade da criação de um local único na cidade para o usufruto da população, para a proteção da natureza e para a redução do impacto de cheias e enxurradas. Isto para construir mais uma zona comercial que, a ser necessária, poderia ser construída noutro local da cidade», acrescenta.

A SPEA acusa a Câmara de Lagoa de «teimosia» – e só por isso é que o processo «avança».

«O executivo autárquico de Lagoa sabe dos valores que a área contém, bem como da vontade de muitos cidadãos de proteger as Alagoas Brancas e promover a observação de aves durante o Inverno. A autarquia ignorou um projeto de requalificação e proteção da área, com financiadores e benefícios económicos e sociais importantes. Atualmente, decorrem ainda uma petição com mais de 6650 assinaturas e um processo judicial no Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé que ainda pode reverter a decisão da autarquia», diz a SPEA.

«Porque é que a autarquia não fez o estudo de impacto ambiental quando as autoridades competentes, como o ICNF, o recomendaram? É uma situação grave que requer uma queixa na Comissão Europeia, por violação flagrante das diretivas comunitárias Aves, Habitats e de Impacte Ambiental», acrescenta.

A SPEA considera ainda que é «incompreensível e inaceitável nos dias de hoje esta prepotência camarária exercida contra os desejos dos cidadãos que simplesmente fazem a escolha pela qualidade de vida das gerações futuras».

«O movimento de cidadãos pelas Alagoas Brancas não vai cruzar os braços e vai continuar a lutar pela conservação da área e impedir este atentado ambiental, exigindo que as instituições de proteção da natureza cumpram o papel para que estão destinadas. As ONG acreditam que ainda é possível reverter o processo e restaurar os danos ambientais causados, e prometem lutar para travar a destruição e para que seja reposta a situação inicial, permitindo que a natureza faça a sua parte, para benefício dos cidadãos de Lagoa e de todos os que visitarem a cidade», conclui.

 



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