Nova liderança do PAN/Algarve suspende adversários por «ingerência» nas eleições

Eleições para a Distrital do PAN acentuam clivagens

As acusações são fortes e falam de «mentiras, falta de ética e ingerência». O PAN Algarve foi a votos no passado dia 15 de Outubro, e a lista A, encabeçada por Ana Poeta, ganhou por dois votos (23 contra 21). Mas, mais do que o resultado, a história do ato eleitoral fica marcada pelas queixas à lista derrotada que se terá apropriado de dados pessoais dos filiados para «fazer propaganda».

As eleições opuseram Ana Poeta, deputada municipal de Loulé e membro do PAN desde 2017, a Saul Rosa, líder da concelhia do PAN de Vila Real de Santo António.

Os adversários conhecem-se bem: ainda nas recentes Eleições Legislativas foram ambos candidatos, pelo círculo eleitoral de Faro, numa lista encabeçada por Ana Poeta.

Desta vez, estiveram em lados diferentes da barricada. As acusações, por parte da Lista A, de Ana Poeta, foram tornadas públicas esta quinta-feira, 20 de Outubro, num e-mail enviado às redações.

Em comunicado, a lista vencedora queixa-se de que a adversária se terá apropriado, «de forma ilícita, dos dados pessoais dos filiados, numa clara violação dos direitos de privacidade».

O objetivo era o «benefício pessoal» de Saul Rosa, uma vez que «a base de dados circulou por outros membros» e foi «usada como base de “telemarketing” para contactar individualmente filiados no sentido de fazer propaganda política ilícita e desproporcional».

«As queixas dos filiados começaram a chegar, assim que se aperceberam de que pessoas que lhes eram desconhecidas não só sabiam os seus nomes e números de telefone, mas também e-mails, moradas e profissões», diz Ana Poeta.

Contactado pelo Sul Informação, o visado Saul Rosa também deixa críticas à adversária.

«Esta foi a primeira vez que existiram eleições com mais do que uma lista, o que suscitou nervosismo por parte de algumas pessoas habituadas ao unanimismo», diz.

«Houve algumas acusações de ambos os lados, mas entendo que isso seja um processo interno do partido, bem como a sua averiguação», acrescenta.

 

Saul Rosa

 

Segundo a nova líder do PAN/Algarve, houve mesmo quem «se tenha desfiliado» devido a esta «ingerência».

«Perante os factos, que configuram um crime, e considerando a nossa responsabilidade legal, coletiva e individual, tivemos, enquanto lista A, que tomar a decisão de salvaguarda do interesse dos filiados queixosos e da idoneidade e inocência da maioria dos comissários do órgão local», acrescenta.

Por isso, além de ter denunciado a situação à direção nacional do PAN, a nova Comissão Política Distrital decidiu retirar a confiança política aos membros da Lista B e retirar «definitivamente os membros eleitos da Lista B da Comissão Política Distrital do PAN Faro», suspendendo-os «preventivamente e de forma imediata».

Também foi decidido «remover a Lista B do ato eleitoral» e abrir um «processo disciplinar junto da Comissão Política Nacional».

Mas as queixas não ficam por aqui.

A Comissão Política Distrital acusa a Lista B, de Saul Rosa, de se recusar a apresentar «documentos de candidatura originais», de utilizar, de forma «indevida», as redes sociais do PAN/Algarve e de fazer uma substituição irregular da moção política original, «já no decorrer do processo eleitoral».

«Mentiras, falta de ética e fuga dos debates, aconteceu de tudo um pouco nestas eleições que em nada dignificam o bom nome deste enorme e tão importante projeto político chamado PAN – Pessoas – Animais – Natureza», considera Maria João Sacadura, candidata do partido à Câmara Municipal de Lagos nas últimas eleições autárquicas, também da Lista A.

Na opinião da lista vencedora, «todo o processo decorreu com regras diferentes».

«Elementos da direção do partido, incluindo a porta-voz do PAN [Inês de Sousa Real], fizeram parte dos grupos de apoio à Lista B, deixando assim de assumir uma posição imparcial necessária, seja por questões éticas, seja de incompatibilidade real, porque a Comissão Política Nacional é o órgão que decide sobre os assuntos disciplinares internos, nomeadamente as denúncias que foram apresentadas».

«Obviamente, perante o exposto e pelo comportamento da direção e ingerência durante as eleições, não sentimos que virá a existir imparcialidade na avaliação destas denúncias», conclui Alexandre Pereira, que representa o PAN na Assembleia Municipal de Olhão, igualmente candidato pela Lista A.

Para Saul Rosa, o visado nestas críticas, o «que interessa é o que esta nova comissão irá fazer pelo Algarve».

 

 



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