Neste coro, amigos de várias nacionalidades juntam-se para cantar e encantar 

Os ensaios decorrem às quintas-feiras, entre as 18h30 e as 20h30

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

Uma forma de passar o tempo, ocupar a cabeça e aplicar o gosto que têm por cantar. São estas características que levam cerca de duas dezenas de pessoas, de várias nacionalidades e idades, a juntarem-se todas as quintas-feiras no Museu do Traje de São Brás de Alportel. 

Trata-se do Coro dos Amigos do Museu de São Brás de Alportel, fundado por Walter Sulzer, a 23 de Março de 2006, atualmente coordenado pelo maestro António de Jesus.

Com uma vasta carreira no ramo, tendo sido cofundador do Grupo Coral Ossónoba, foi em 2015 que, depois de ter conhecimento de que havia necessidade de preencher a vaga de maestro no Coro dos Amigos, António de Jesus se candidatou, fez uma audição com o próprio coro e acabou por ser o escolhido.

«Eles é que viram se gostavam de trabalhar comigo ou não e acabaram por me escolher. Este é um coro diferente, entre outras coisas, porque é constituído maioritariamente por estrangeiros, neste momento 100%», conta o maestro ao Sul Informação no dia em assistimos a um ensaio.

«Uma grande percentagem são ingleses, mas temos também alemães, holandeses, suíços, suecos e já tivemos também pessoas da Noruega. Além desta particularidade, é um coro composto maioritariamente por pessoas que estão reformadas e que vieram para cá passar a sua reforma, apenas temos duas pessoas em idade ativa», continua.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Os ensaios do Coro dos Amigos decorrem todas as quintas-feiras, entre as 18h30 e as 20h30, e, segundo António de Jesus, é também o horário que faz com que a maioria dos participantes sejam pessoas que já não trabalham.

«Qualquer pessoa pode vir para o coro. O facto de ser internacional não impede que tal aconteça. A grande dificuldade é o horário, que não se torna fácil para quem trabalha e  tem filhos. Mas se conseguirmos um grupo de portugueses que queira trabalhar, estamos dispostos a arranjar outro horário», saliente o maestro.

Isto porque, como frisa, a grande dificuldade que o coro enfrenta neste momento é o número reduzido de participantes, uma vez que muitos saíram durante a pandemia e nunca mais voltaram.

«Nós chegámos a ter 35 elementos e, neste momento, somos 20. As dificuldades são tantas que, apesar de serem poucos, tenho de ter dois coros: um misto, com sopranos, contraltos e baixos, e depois, como são mais senhoras do que homens, tenho um coro só feminino. O nível de peças que se fazia com 30 elementos eu não posso fazer com 15. Aliás, tive de mudar o reportório».

 

O maestro António de Jesus. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Reportório esse, que, como destaca o maestro, inclui obras que «qualquer outro coro amador não faz», visto que «uma grande percentagem de pessoas tem conhecimentos musicais e de leitura musical, o que facilita muito a aprendizagem».

«A maior parte dos coros amadores tem de ensaiar durante meses e meses para conseguir fazer certas obras, nós temos essa facilidade e, por isso, conseguimos fazer também peças integrais», continua António de Jesus, realçando que, ainda assim, o coro também recebe pessoas que não tenham qualquer experiência musical.

No dia em que fomos assistir ao ensaio, às 18h00 já alguns alunos começavam a juntar-se no Páteo do Museu do Traje, aproveitando todos os minutos para conviver com os colegas que são como uma família que se reúne todas as quintas-feiras.

Amanda, no coro há quatro anos, e em Portugal há 30, conta ao Sul Informação que fazer parte deste grupo é bom para «ocupar o tempo», mas, se aqui está, é, principalmente, porque gosta muito de cantar. «Na Escócia, já fazia parte de um coro e gostava muito, então quando vim para cá decidi continuar».

O mesmo acontece com Sue, a atual presidente, que frisa que a pior fase foi durante a pandemia, «quando fomos impedidos de nos juntarmos».

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Agora, ultrapassada essa fase, o coro precisa de mais participantes para «voltar ao que era» e começar já a ensaiar para o espetáculo de Natal.

Foi com António de Jesus, aliás, que o coro passou a fazer concertos noutras localidades que não São Brás de Alportel, como em Vilamoura, Almancil e Tavira, onde interpretaram obras como “Gloria” de Vivaldi em conjunto com o Coro da Academia de Música de Tavira, acompanhado por um quarteto de cordas, e do compositor contemporâneo Jacob de Haan, “Missa Brevis”, com a Banda Filarmónica de São Brás, e ainda o “Stabat Mater” de J. Rheinberger, com Joana Vieira Shumova ao piano.

António de Jesus foi co-fundador do Grupo Coral Ossónoba, em 1980, mais tarde assistente do maestro, assumindo em 1992 o papel de maestro daquele coro de Faro. Além disso, fundou e conduziu o coro de “Pequenos Cantores d’Ossónoba” assim como o Coro de Câmara de Ossónoba e o Coro Juvenil e conduziu o Coro da Sé Catedral de Faro.

Desde 2016 à frente do Coro dos Amigos do Museu, e depois de se adaptar a uma pandemia, António de Jesus espera agora que o coro receba mais participantes.

Para fazer parte do Coro dos Amigos do Museu de São Brás de Alportel basta aparecer no ensaio às quintas-feiras, às 18h30.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 



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