Livro que conta a história geológica do Planalto do Escarpão apresentado em Albufeira

Livro é uma edição conjunta do Município de Albufeira com o aspirante Geoparque Algarvensis

O livro “Uma História com Muitos Milhões de Anos – Do oceano Thetys ao barrocal do Algarve”, o resultado de uma investigação da geóloga Delminda Moura, da Universidade do Algarve, apoiada pela investigadora Sónia Oliveira, foi lançada no passado dia 6, numa sessão que teve lugar na antiga escola do Cerro d’Ouro, em Paderne.

A obra, que tem prefácio de Nuno Pimentel, geólogo e coordenador científico do aspirante Geoparque Oeste, conta, «numa linguagem acessível», a história geológica do Planalto do Escarpão, situado no concelho de Albufeira, entre Paderne e Ferreiras.

«Este planalto já foi o grande oceano Thetys e os fósseis contam uma história do território com mais de 150 milhões de anos. Uma verdadeira “joia da Geologia”, “revelada” numa edição conjunta do Município de Albufeira com o aspirante Geoparque Algarvensis (aUGGp – aspiring UNESCO Global Geopark)», segundo a Câmara de Albufeira.

Delminda Moura, a geóloga que assina este livro, diz que a obra «permite uma visão integrada desde o tempo que tudo isto era o oceano Thetys, ou seja, desde que a Europa era um conjunto de ilhas, até à ação do homem que fez os muros de pedra seca para despedregar o solo para fins agrícolas e, deste modo fazerem a divisão do território».

A autora do livro recordou como, nos anos 80, os alunos da Universidade de Lisboa se deslocavam ao Algarve para pesquisas no Planalto do Escarpão, acompanhadas pelos seus mestres.

«Vínhamos ver o oceano fóssil para apresentarmos trabalhos sobre os ecossistemas existentes nesta plataforma de corais, um conjunto imenso de microorganismos, pois este topo, esta dobra resultante da subida das massas de sal, apresenta as últimas formas dos antigos seres continentais, entretanto desaparecidas», contou, durante a apresentação do livro.

 

 

Para José Carlos Rolo, presidente da Câmara de Albufeira, será importante ter «o selo da UNESCO neste território», distinção que trará ao Algarve mais-valias «nos eixos da ciência, do geoturismo e da valorização do território».

Luís Pereira, coordenador no município de Albufeira responsável pela candidatura do Algarvensis à UNESCO, disse, por seu lado, que «este livro apresenta a evolução do tempo geológico, desde há 4600 milhões de anos, e os conceitos que se foram formando, apresentando assim uma sequência mais completa daquilo que foi o Jurássico superior. Tudo numa linguagem simples e didática, que permite que qualquer pessoa possa ser cientista».

A intenção é que a nova publicação «venha a ser uma presença nas salas de aula e um instrumento de trabalho e de descobertas».

A edição em suporte digital deste livro pode ser encontrada nos sites do aspirante Geoparque Algarvensis e Sapientia da Ualg. A versão impressa está disponível na Biblioteca Municipal Lídia Jorge e bibliotecas escolares de Albufeira e, em breve, na Universidade do Algarve, Centros de Ciência Viva do Algarve e bibliotecas dos Municípios de Loulé e Silves.

Presente na sessão esteve ainda Cristina Veiga-Pires, diretora científica do Algarvensis – Loulé, Silves, Albufeira, aspirante a Geoparque Mundial da UNESCO, que convidou duas artesãs padernenses, Noémia Domingues e Maria Inês, a reproduzir alguns dos fósseis dos corais existentes no Planalto, recorrendo à empreita de palma.

 

 



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