Filme «A Fada do Lar» estreia hoje com o primeiro argumento do algarvio André Santos

O argumentista vai estar esta noite, na sua cidade natal de Lagos, para assistir à estreia da fita realizada por João Maia e produzida por Tino Navarro

André Guerra dos Santos é algarvio, de Bensafrim (Lagos) e é também o autor do argumento do filme português «A Fada do Lar», do realizador João Maia, que estreia esta quarta-feira, dia 5 de Outubro, em cinemas de todo o país.

O argumentista, de 31 anos, vai estar hoje no Algarcine Cinemas de Lagos, no centro da sua cidade natal, para a estreia do filme, às 21h30. Mas antes André Santos falou com o Sul Informação, durante uma visita à ETIC_Algarve, escola onde fez uma parte importante da sua formação, moldando o seu futuro.

André foi aluno do primeiro curso de realização, quando a escola ainda funcionava em Portimão, nos anos de 2011 a 2013. Foi uma formação que, segundo recordou, lhe deu «bases sólidas» para tentar uma carreira no cinema. Desde aí, contou, o seu percurso foi feito de «muita persistência a tentar contar as minhas histórias».

«A minha intenção nunca foi seguir por outras vertentes mais técnicas, apesar de eu já ter feito muito trabalho de assistente de produção, que é basicamente o fundo da cadeia alimentar». Esses trabalhos, recorda, foram feitos em reality shows de televisões do Norte da Europa, que são gravados no Algarve, para aproveitar o bom tempo da região.

«A Fada do Lar», filme protagonizado por Joana Metrass, atriz portuguesa reconhecida internacionalmente, parte de uma ideia original de André Santos, autor do argumento.

Como o próprio contou ao Sul Informação, em Portugal, as ideias costumam vir dos produtores, que chegam com a ideia a um argumentista para que este a desenvolva. Felizmente, tive a sorte de encontrar um produtor – o Tino Navarro – que teve a abertura de espírito de apostar numa história que achou válida».

O filme é «uma ideia original minha, que depois foi desenvolvida ao longo do tempo e teve várias versões, até ter a sua versão final. Neste processo, houve muitos altos e baixos, porque apanhámos uma pandemia pelo meio. Isto era para ter sido filmado em Abril de 2020…».

Apesar de tudo, André Santos está muito feliz: «este foi o primeiro argumento que consegui ver produzido, depois de uns quantos na gaveta».

E de que trata «A Fada do Lar»? «É uma comédia, mas com uma mensagem social, não é uma comédia idiota, tem uma preocupação de apontar problemas sociais».

O filme conta a história de Vera, uma mãe solteira de duas crianças que se vê obrigada a ter dois trabalhos para conseguir ter rendimentos para o sustento dos filhos: de dia trabalha numa caixa de um supermercado, de noite num bar, como stripper, para conseguir pagar as contas. A história promete.

 


E o que significa ter um argumento por ele escrito a ser produzido, realizado e interpretado por grandes nomes do cinema português?

André responde que «é a validação de muitos anos de trabalho e de muita gente que acreditou nesta minha loucura. Levei o máximo dessas pessoas à antestreia, na semana passada, no cinema São Jorge, em Lisboa. Foi mágico e estranho ver ali duas mil pessoas a assistir, mas também ver uma Márcia Breia, um Manuel Cavaco, uma Margarida Carpinteiro, um João Lagarto, uma Dalila Carmo que são da velha guarda, dois deles são até de um programa de que sempre gostei que é «O Tal Canal», e têm feito percursos tão válidos, e agora a Joana Metrass, que é uma aposta muito grande do cinema português…Foi mágico!»

Um guião que finalmente é transformado em filme abre portas? «Esperemos que sim. O mercado não é propriamente promissor, mas tenho a esperança e a vontade de fazer acontecer, não só para contar as histórias que partem da minha imaginação, como para contar histórias que me são propostas. Têm-me sido propostos outros trabalhos, que ainda não viram a luz do dia porque estão em fase de escrita ou de financiamento. São processos longos».

O argumentista recorda que «para este “A Fada do Lar”, assinei contrato em 2018, obtivemos financiamento em 2019, era para ter sido filmado em 2020. Ou seja, as gestações são muito longas e os partos, às vezes, são muito difíceis».

Em resumo, «os projetos que virão poderão demorar algum tempo, mas espera-se que aconteçam, tanto para cinema, como para televisão».

André Santos sublinha que, «na televisão, tem-se apostado agora mais nas séries. E tem havido abertura dos serviços de streaming, não só para mostar aquilo que já é produzido pelos canais portugueses, em especial a RTP, como eles próprios estão a criar conteúdos, com base numa lei que, felizmente, foi criada no ano passado e que cria obrigações por parte desses canais de streaming, consoante os seus lucros».

O jovem argumentista deixa um conselho a quem quer seguir uma carreira no cinema – ou em outras áreas artísticas: «tem que se trabalhar muito, sempre. A inspiração acontece, mas a gente tem de estar lá para a receber, de braços abertos, a sorte acontece, mas a gente tem de estar muitíssimo bem preparado para a agarrar com unhas e dentes».

 

 

O filme «A Fada do Lar» estreia-se hoje em 50 salas de cinema, de norte a sul do país. Mas as atenções de André Santos vão para a sala do Algarcine de Lagos, onde espera ter «casa cheia». Foi até aberta uma linha telefónica para reservar bilhetes para a estreia (282799138).

«A cidade já se habituou a ver-me no teatro com casa cheia», salienta o argumentista, recordando o seu trabalho como diretor do grupo de teatro «Faz de Conta Gil», da Escola Secundária Gil Eanes, em Lagos. Por isso, «espero que esta quarta-feira, na estreia, a sala também esteja cheia».

André Guerra dos Santos considera-se um «acrobata», que vive «entre cá e lá». Ou seja, vive «no extremo sul da Margem Sul, em Setúbal», «por obrigação», mas no resto do tempo vive no Algarve, «por vocação». «Até porque boa parte das minhas histórias passa-se aqui, pretendem contar as histórias das vidas de pessoas daqui. Se eu conseguir chegar à realização, como pretendo, a minha vontade é filmar essencialmente no Algarve».

 

 

 



Comentários

pub