Armazenamento das seis barragens algarvias só dá para 1 ano de consumo público

Há medidas preventivas nas 7 albufeiras com limitações de disponibilidade de água no Algarve e Alentejo: Bravura, Santa Clara, Campilhas, Fonte Serne, Monte de Rocha

Barragem de Odeleite – Foto: Flávio Costa|Sul Informação

As seis albufeiras monitorizadas na região do Algarve têm um volume de cerca de 145 hectómetros cúbidos (hm3), correspondente a 33% da capacidade total, anunciou o Ministério do Ambiente.

Estas seis albufeiras algarvias têm cerca de menos 82 hm3 do que em 1 de Outubro de 2021 (início do ano hidrológico anterior) e o seu armazenamento «garante 1 ano de abastecimento para consumo público».

A situação das barragens do Algarve e do resto do país foram analisadas na reunião interministerial da seca, realizada na sexta-feira, 14 de outubro, em Castelo Branco, tendo os Ministérios do Ambiente e da Ação Climática e da Alimentação e Agricultura feito alguns anúncios e tomado medidas.

Segundo o Ministério do Ambiente, «o ano hídrico de 2021/22 foi excecionalmente seco na Europa, com grande impacto na Península Ibérica, verificando-se em Portugal cinco ondas de calor».

Esta é «uma das situações de seca hidrológica mais grave deste século, devido à conjugação de invulgares temperaturas e fraca precipitação. Este é o quinto ano seguido com precipitação abaixo da média».

O ano hidrológico terminou com um défice de precipitação de -393.8 mm e é o 3º mais seco desde 1931, depois de 2004/05 e 1944/45.

O mês de Setembro passado até foi classificado como um «mês chuvoso», tendo sido registado o valor médio da quantidade de precipitação de 66.5 mm, correspondendo a 158 % do valor da normal climatológica 1971-2000.

Deste modo, verificou-se uma diminuição da situação de seca meteorológica em todo o território face a Agosto.

Alguns locais do distrito da Guarda, Viseu e Castelo Branco passaram da classe de seca severa (a 31 de agosto) para a classe de seca fraca.

No entanto, salienta o Ministério do Ambiente, «as chuvas de Setembro não foram suficientes para aumento das disponibilidades hídricas superficiais nem subterrâneas, pois o solo extremamente seco não permitiu a infiltração em profundidade, nem a escorrência».

Em termos de situação hidrológica, entre 22 de Agosto (data da reunião interministerial anterior) e 10 de Outubro, a reserva de água no conjunto das 80 albufeiras monitorizadas pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA) reduziu-se em 167 hm3. Apenas nas bacias do Lima, Cávado, Douro e Sado se observou, a 10 de Outubro, uma ligeira subida relativamente a 22 de Agosto.

Na região do Algarve, como já se viu acima, o volume de água armazenada continuou a diminuir.

Tendo em conta este cenário a nível nacional, os dois Ministérios já tinham avançado com 93 medidas para combater a seca, que se distribuem por 34 de governança, 34 no lado da procura e 25 do lado da oferta.

As medidas associadas à Governança centram-se na gestão e articulação dos diferentes usos nos sistemas críticos, na gestão ambiental, no reforço da monitorização e ainda no planeamento e estudos para promover a resiliência, nomeadamente através do aumento da eficiência e da adaptação. Das medidas preconizadas, 76% estão em implementação ou concluídas.

As medidas associadas à Procura centram-se essencialmente no aumento da eficiência e na utilização de ApR para usos não potáveis, suspensão temporária dos usos não essenciais de água da rede, bem como no desenvolvimento de medidas estruturais que visam o uso mais eficiente e articulado entre os diferentes setores.

Salienta-se ainda o aumento da Tarifa para os grandes utilizadores domésticos durante o período de seca nos concelhos mais críticos e medidas para controlo das perdas e água não faturada. Das medidas definidas, 76% estão em implementação ou concluídas.

As medidas associadas à Oferta centram-se essencialmente no aumento das disponibilidades hídricas nas regiões mais críticas, nomeadamente utilização do volume morto, reativação de captações, interligações entre sistemas (Tua, Alqueva, etc). Das medidas preconizadas, 92% estão em implementação ou concluídas.

Os Planos de contingência implementados (pela primeira vez) em todos os aproveitamentos hidroagrícolas públicos permitiram avaliar as disponibilidades hídricas em função das necessidades e ativar preventivamente as medidas necessárias.

Nesse sentido, das 44 albufeiras monitorizadas, 37 permitiram assegurar a campanha de rega de 2022 e foram tomadas as medidas necessárias e preventivas nas 7 albufeiras com limitações de disponibilidade de água: no Algarve e Alentejo, trata-se de Bravura, Santa Clara, Campilhas, Fonte Serne, Monte de Rocha; no Norte, de Arcossó e Vale Madeira.

A preparação da campanha agrícola Outono/Inverno e da campanha de rega 2023 acontece com o reforço da monitorização das albufeiras dos regadios públicos, que foi alargado de 44 para 64 albufeiras.

No âmbito da promoção da gestão eficiente de recursos, além do caderno de campo digital, foi ainda destacado o aviso aberto, até 21 de Outubro, para promoção da agricultura de precisão e inteligente e instalação de zonas de preparação/tratamento de resíduos de produtos fitofarmacêuticos.

Com uma dotação de 24,5 milhões de euros, será assegurado um apoio até 60% do investimento em agricultura de precisão (taxa máxima admitida no PDR2020).

 

 



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