50 alunos partiram de Quarteira para um “Acampamento em Marte”

«O espaço é um tema tão grande que permite fazer atividades diversificadas e isso faz com que se possa chamar alunos com todas as características e gostos»

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

Às 14h00 do dia 7 de Outubro, as comitivas espaciais chegaram às suas bases. Logo, os pequenos astronautas começaram a realizar um conjunto de tarefas que os fez viajar para um “Acampamento em Marte”. 

Este é o nome da atividade promovida pela ESERO Portugal, em parceria com a Agência Espacial Europeia e o Pavilhão do Conhecimento, que chegou à Escola São Pedro do Mar, em Quarteira, mas também a outras no país.

Ao mesmo tempo, e durante dois dias, 450 alunos, 50 deles do concelho de Loulé, foram verdadeiros astronautas, fazendo das suas escolas as bases marcianas que estavam em permanente contacto com o Pavilhão do Conhecimento, que se transformou na estação Terra – e o resultado «não podia ter sido mais positivo», garante Patrícia Jesus, professora no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres.

Uma hora depois do início da atividade, os alunos já tinham sido distribuídos por equipas. Nos corredores e nas salas da Escola São Pedro do Mar, em Quarteira, sentia-se a azáfama dos jovens que, voluntariamente, quiseram aproveitar um dia diferente.

Além de construírem antenas de emissão e receção de sinais rádio, para permitir a troca de mensagens entre cada base marciana e a “estação em Terra”, os alunos participaram na construção do design da sua base com a ajuda de uma impressora 3D e realizaram treino de astronautas e preparação de refeições espaciais.

Foram ainda desenvolvidas competências de trabalho de equipa em condições espaciais, cultivaram-se plantas sem solo para a criação de uma estufa marciana e simularam-se atividades extra-veiculares.

Houve também um grupo dedicado à saúde mental, «uma vez que, entanto fechados no mesmo lugar durante tanto tempo, é preciso saber coexistir», explica João Dias, o representante da ESERO no agrupamento de Quarteira.

«Com esta atividade, sensibilizamos os miúdos para a importância do que é a exploração espacial humana e mostramos como é que eles têm de se preparar. Além disso, nós usamos o espaço como pretexto para cativar os alunos para as matérias curriculares da escola», continua João Dias, explicando que o “Acampamento em Marte” surge após o sucesso do «Acampamento lunar”, que decorreu em 2019, e juntou várias turmas do país no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

 

João Dias da ESERO. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Miguel Neta, professor de Física e Química na Escola São Pedro do Mar, frisa ao Sul Informação a importância destas iniciativas passarem a ser descentralizadas, já que a logística de levar uma turma a Lisboa «não é fácil».

«O espaço e a astronomia é sempre uma coisa de que eles gostam e é um tema que permite falar de tudo. Aqui, por exemplo, eles tanto vão fazer atividades que são pura física, como vão falar sobre exercício e alimentação. O espaço é um tema tão grande que permite fazer atividades diversificadas e isso faz com que se possa chamar alunos com todas as características e gostos», refere o professor.

«Ninguém garante que, por eles fazerem estas atividades, vão ter melhores notas, mas dá-se a possibilidade de aprenderem coisas novas e de formas diferentes», continua.

Este ano, a atividade, em Quarteira, contou com a participação de 50 alunos do 3.º ciclo do concelho de Loulé, pertencentes aos Agrupamentos Dra. Laura Ayres e D. Dinis, de Quarteira, Padre João Coelho Cabanita, de Loulé, e Agrupamento de Almancil que, durante os dias 7 e 8 de Outubro, estiveram em permanente ligação também com o Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira, Agrupamento de Escolas n.º 1 de Gondomar, Externato Ribadouro no Porto, Centro de Ciência Viva de Estremoz e Pavilhão do Conhecimento.

 

O momento em que os alunos do concelho de Loulé entraram em contacto com as outras “bases”. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Elsa, aluna da D. Dinis, foi uma das participantes que ficou na equipa da saúde mental e revelou ao Sul Informação que as atividades foram «muito boas para aprender e conviver com os outros colegas».

Aliás, «tirar os alunos da zona de conforto» foi também o objetivo desta atividade, confessa a professora Patrícia Jesus.

Já no sábado, 8, depois de um dia de atividades que decorreram até à noite, e minutos antes da apresentação final dos resultados da atividade, o Sul Informação voltou à escola. Aos alunos,, juntaram-se os encarregados de educação, que puderam também assistir ao momento final.

«Eu acho que os miúdos gostaram muito. Estiveram muito entusiasmados e foi notório esse empenho porque, quando os pais chegaram para os vir buscar, à noite, eles não queriam sair, trouxeram os pais para dentro e fizeram questão de lhes mostrar todas as atividades que tinham feito», conta a docente.

 

Patrícia Jesus e Migue Neta, professores da Escola São Pedro do Mar responsáveis pela atividade. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Além disso, segundo Patrícia Jesus, a atividade serviu para «tirar os alunos da zona de conforto e fazer com que eles percebessem que a escola está de portas abertas para o mundo e que lhes permite usufruir de experiências completamente diferentes daqueles que eles têm no seu dia a dia».

«Em relação à partilha com outras escolas e alunos, alguns deles estavam um pouco receosos por não irem trabalhar com os melhores amigos com quem se inscreveram, mas nós dissemos-lhes que a ideia era também trabalhar com novas pessoas. Por isso, dividimo-los aleatoriamente e, ao jantar, muitos deles já quase nem se lembravam com quem tinham vindo. Esta partilha, o aprender a trabalhar com o outro e debater ideias também é muito importante», conta a professora.

No meio de receios, mas com muito entusiamo, os alunos do concelho de Loulé apresentaram, grupo a grupo, as suas atividades aos pais e professores.

Com a vontade de que para o ano esta atividade se volte a realizar, os jovens despediram-se, em direto, numa chamada zoom, dos restantes astronautas e seguiram para as suas casas. Certezas levaram as de que o “Acampamento em Marte” lhes trouxe novos amigos e conhecimentos.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 

A ESERO (European Space Education Resource Office) é um programa educativo da Agência Espacial Europeia que usa o Espaço como contexto inspirador para a aprendizagem das ciências, tecnologias e matemática.

O projeto pretende também promover o interesse dos alunos nestas disciplinas nos níveis básico e secundário e incentivar carreiras científicas e de engenharia.

 



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