O céu de Setembro, o mês em que começa o Outono

Em Setembro, cumpre-se o sexagésimo aniversário do célebre discurso “Nós escolhemos ir à Lua”, proferido por John Kennedy

O quarto crescente é o primeiro evento astronómico significativo deste mês, tendo lugar ao final da tarde do dia 3. A Lua apresentar-se-á junto a Antares, uma estrela supergigante (com 883 vezes o raio do Sol), cuja cor avermelhada (rivalizando com de Marte) e localização no céu nos dão a sensação de tratar-se do coração da constelação do Escorpião.

Na primeira segunda-feira deste mês, dia 5, celebrar-se-á o 45º aniversário do lançamento da sonda Voyager I. Além desta sonda fazer parte da missão mais longeva da agência espacial norte-americana NASA, é o primeiro objeto criado pela humanidade a entrar no espaço interestelar.

Na noite de dia 6, iremos encontrar o planeta Marte junto de Aldebarã, o olho da constelação do Touro. Nesta constelação, existem dois aglomerados de estrelas que parecem moscas a enxamear um touro. As Hiades são um aglomerado de estrelas situadas na face do Touro, enquanto as Plêiades (ou Sete-Estrelo) se encontram no seu dorso. Este último aglomerado estelar será visitado pela Lua na noite de dia 15.

Neste mesmo dia 15, terá lugar o 5º aniversário do fim da missão Cassini-Huygens (uma missão conjunta da agência espacial europeia ESA e da NASA), que terminou com o mergulho do módulo espacial Cassini na atmosfera de Saturno.

Este planeta será visto ao pé à Lua na noite de dia 8, enquanto, três dias depois, o nosso satélite natural já se terá deslocado até junto de Júpiter.

A seu turno, na noite de dia 10, terá lugar a Lua cheia. Esta efeméride antecede em dois dias o sexagésimo aniversário do célebre discurso “Nós escolhemos ir à Lua” proferido por John Kennedy na universidade de Rice. Este discurso recorda-nos a importância da exploração do espaço e de realizarmos coisas que nos levam a puxar pelo melhor de nós.

 

Céu a sudeste pela uma hora da madrugada de dia 10. Igualmente è visível a posição da Lua nas madrugadas de dias 8, 15 e 17 (Imagem adaptada de Stellarium)

 

Continuando a temática lunar, no dia 14, a Lua irá passar numa direção tão próxima da de Urano que, em Portugal continental, a Lua irá tapar esse planeta. De notar que, pelas 22 horas (hora continental), a Lua estará ainda tão baixa que não permitirá uma boa observação do início deste evento.

No entanto, pelas 23 horas, quem tiver uns binóculos ou um pequeno telescópio, e se encontrar num local relativamente escuro, poderá ver o planeta Urano reaparecer do lado escuro da Lua.

Na noite de dia 16, Neptuno estará em oposição, isto é, em posição diametralmente oposta à do Sol, sendo a altura em que este planeta fica mais próximo de nós.

Apesar disto, a observação de Neptuno continuará a requerer o uso de um telescópio com mais de vinte centímetros de diâmetro. Dez dias depois, será a vez de Júpiter ficar em oposição.

Na madrugada de dia 17, a Lua será vista ligeiramente acima do planeta Marte. Na tarde desse mesmo dia, a Lua atingirá a fase de quarto minguante.

Por se começarem a encontrar em direções demasiado próximas da do Sol, em meados do mês, Mercúrio deixará de ser visível ao anoitecer, enquanto Vénus deixará de ser observável ao amanhecer. No entanto, Mercúrio irá reaparecer na última madrugada de setembro.

Às duas horas e quatro minutos de dia 23, o Sol voltará a cruzar-se com o plano do equador terrestre. A partir deste instante, o Sol passará a ser visto abaixo do equador, daí, no hemisfério norte, designarmos este evento de equinócio outonal.

Apesar deste nome, só três dias depois é que a duração da noite será a mesma que a do dia, pois, devido à refração atmosférica, o Sol é sempre visto ligeiramente acima da sua real posição, adiantando cada amanhecer e atrasando cada anoitecer.

A Lua nova terá lugar na noite de dia 25. Duas noites depois, iremos encontrá-la ligeiramente acima da estrela Espiga da constelação da Virgem, enquanto, na última noite do mês, a Lua já terá regressado até junto de Antares, onde esteve ao início do mês.

Boas observações!

Autor: Fernando J.G. Pinheiro (CITEUC & FCTUC)

 

 

 



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