Fátima Mártires: «Vou usar o dinheiro do prémio para ajudar na produção de uma peça»

Com o pseudónimo de Joana Abundâncio, a professora de teatro foi a grande vencedora do Prémio Literário Santos Stockler

«Há um espetáculo de teatro gastronómico que quero produzir, por isso, se calhar, vou usar o dinheiro do prémio para ajudar a produzir essa peça. Será uma boa ajuda». Foi assim que Maria de Fátima Mártires, grande vencedora do Prémio Literário Santos Stockler, no valor de 10 mil euros, reagiu, quando questionada pelo Sul Informação sobre o que iria fazer com o montante. 

A novela “Sol e Sal”, de Joana Abundâncio, pseudónimo de Maria de Fátima Mártires, foi a vencedora deste prémio atribuído pela Câmara de Lagoa, que foi entregue em cerimónia realizada na Quinta do Arvad, no sábado passado.

Esta é a primeira vez que Fátima Mártires, 51 anos, natural de Portimão, professora muito ligada ao teatro e às marionetas, escreve uma novela. «Escrever para teatro é mais fácil para mim, tem mais falas, mais interação entre as personagens. Mas resolvi escrever isto e pensei: porque não enviar e concorrer?». Foi um bom pensamento, está visto.

Este ano, Fátima Mártires regressou à escola onde é efetiva, a de Ferreiras (Albufeira), onde será sobretudo professora do seu amado teatro. Mas, tal como no ano letivo passado, será ainda uma das formadoras de professores do Programa de Educação Estética e Artística, na área da Expressão Dramática/Teatro, promovido a nível nacional pela Direção-Geral da Educação.

E que história conta a novela “Sol e Sal”? «Conta a história da Tia Maria, uma pessoa que vive no campo, num tempo em que tudo era aproveitado e reaproveitado. Fala da verdadeira sustentabilidade das pessoas que vivem no e do campo, que aprendem a desenrascar-se e a sobreviver com o que têm, sem desperdícios nem modernices. Agora, fala-se muito de “sustentabilidade”, mas, muitas vezes, para tentar apaziguar as consciências nalgum sítio, dá-se cabo de outras coisas. Basta ver o que está a acontecer com os carros elétricos e as suas baterias, que tantos e tão graves problemas nos estão a criar», explicou a autora. Quem quiser ler o livro, ainda terá de esperar, em princípio até Janeiro próximo, quando a obra será lançada pela Câmara de Lagoa.

A escolha da novela “Sol e Sal” foi uma «decisão tomada por unanimidade» pelo júri do Prémio, reunido em 27 de Julho.

A escolha deve-se, entre outros aspetos, ao tratamento do tema «Lagoa, cidade sustentável» desenvolvido, de acordo com o júri, «de forma inteligente, escorreita, com algum humor, num texto coerente e coeso, fugindo do facilitismo e do lugar comum, e criticando, de forma sagaz, o aproveitamento político e económico dos “valores verdes”».

O júri considerou, igualmente, que a narradora apresenta o passado sustentável, ecologicamente falando, mas insustentável, do ponto de vista político e social, denunciando as discrepâncias entre o que se defende para um agora e para um futuro.

O prémio foi entregue por Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, que anunciou também a abertura da 5.ª edição do Prémio Santos Stockler 2022/23, que volta a incluir a atribuição de 10 mil euros a que se junta a publicação do trabalho vencedor.

O júri designado pelo Município foi constituído por Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa e do júri, Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura do Algarve, David Roque, coordenador do Clube de Escrita Criativa da Biblioteca Municipal de Lagoa, escritor e ensaísta, Maria Helena do Carmo, professora aposentada e escritora, e ainda João Nuno Aurélio Marcos, jurista e escritor.

Foram propostos a concurso 13 trabalhos, e de acordo com os critérios pré-estabelecidos: qualidade literária, criatividade e inovação,coerência e coesão do texto, correção linguística, adequação ao tema e obediência às características do género literário em questão, o júri selecionou o trabalho vencedor de Fátima Mártires.

«O Prémio Literário Santos Stockler foi instituído pelo Município de Lagoa em 2016 com o objetivo de promover, defender e valorizar a Língua Portuguesa e a identidade e diversidade socio culturais do concelho, promover e incentivar a criação literária, o gosto pela escrita e pela leitura, e, ainda, homenagear o poeta, jornalista e romancista lagoense, Santos Stockler», refere a autarquia.

 

Fotos: Câmara Municipal de Lagoa

 

 



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