Dieta Mediterrânica «continuará a ser prioritária» no próximo quadro comunitário

Nova edição da Feira da Dieta Mediterrânica começa para a semana em Tavira

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e a Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve garantem que, no próximo quadro comunitário, a promoção da Dieta Mediterrânica «continuará a ser prioritária». 

Para José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, tendo sido a região uma das principais promotoras da elevação da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade e, «surgindo, a cada dia, evidências científicas dos benefícios da adoção desta dieta em termos de qualidade de vida e de saúde, continuaremos, no âmbito dos fundos comunitários que geridos na região, a apoiar a promoção da Dieta Mediterrânica, que, paralelamente, assume um papel diferenciador e promotor do Algarve, com tudo o que isso traz de valor à economia e à coesão social».

Já Pedro Valadas Monteiro, diretor da DRAP Algarve, enfatiza o importante papel que o recentemente constituído Polo de Inovação de Tavira, instalado no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT) poderá vir a desempenhar «enquanto centro de referência nacional da Dieta Mediterrânica, congregando múltiplos atores, públicos e privados, com ligações a esta temática nas suas várias dimensões».

«A saber: alimentação sustentável, recursos endógenos e sistemas alimentares locais, património histórico-cultural e paisagem e dimensões fundamentais nas novas políticas de promoção ativa da saúde e bem-estar, capaz de gerar sinergias, multiplicando e acrescentando valor a projetos e iniciativas individuais através do networking», acrescenta.

Neste sentido, começa em Tavira, no próximo dia 8 de Setembro, mais uma edição da Feira da Dieta Mediterrânica. No primeiro dia do certame haverá um debate com alguns dos maiores especialistas da área da nutrição e da saúde.

Um deles será Pedro Graça, ex-diretor do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável da Direçã-Geral da Saúde e atual presidente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

A sua intervenção vai incidir sobre os “5 Desafios para Proteger a Saúde da Dieta Mediterrânica”.

Defensor acérrimo deste modelo de alimentação, Pedro Graça foi co-autor, em 2018, do Manifesto pela Preservação da Dieta Mediterrânica, no qual, entre outros, defende que «a preservação da Dieta Mediterrânica (DM) implica a participação transnacional dos Governos, dos setores da cultura, agricultura e saúde, e dos cidadãos, de forma a preservar a diversidade cultural, a biodiversidade, proteger a capacidade produtiva e regenerativa dos solos e a saúde das populações».

«Apesar deste consenso, temos de ir mais além e identificar os setores e áreas de intervenção onde podemos fazer a diferença. Este é um contributo para a necessária discussão», acrescenta.

Neste documento, Pedro Graça defende ainda que «as alterações climáticas, com o aumento das temperaturas médias, redução da pluviosidade, a demografia e desertificação, colocarão o acesso à água, a produção alimentar e o relacionamento humano sob grande pressão. A DM é reconhecidamente um modo de consumir protetor do meio ambiente. Através do consumo alimentar mais consciente poderemos fazer a diferença no planeta. A preservação da DM representa hoje um modo de preservação do planeta onde o setor do ambiente terá uma palavra central».

Pedro Graça lembra ainda que a Dieta Mediterrânica é reconhecidamente promotora da saúde, não só pelos alimentos que incorpora (azeite, cereais, leguminosas, fruta…), pela forma como os prepara, «mas principalmente pela frugalidade. Frugalidade significa comer em função das necessidades energéticas e comer em qualidade e não em quantidade. Só assim se evitam doenças como a obesidade ou a diabetes. A preservação da DM passa por valorizar a comida de qualidade».

Também vão intervir na sessão outros especialistas, como a professora Sandra Pais, da Universidade do Algarve e do ABC- Algarve Medical Center, João Coucello da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Maria Palma Mateus, da Universidade do Algarve, e Teresa Sancho, da Administração Regional de Saúde do Algarve.

 



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