Câmara de Lagoa vai limpar «300 metros cúbicos» de algas na Praia do Carvoeiro

Operação de limpeza está prestes a começar

Toneladas de algas invadem areal da Praia do Carvoeiro – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

O areal da Praia do Carvoeiro está coberto com toneladas de algas castanhas, trazidas pelas ondas do mar nos primeiros dias desta semana. A Câmara de Lagoa está já a preparar a operação de limpeza.

O Sul Informação apurou que, depositados sobre a areia e impedindo mesmo o acesso de banhistas e barcos ao mar, estarão «300 metros cúbicos» dessa alga, muito provavelmente uma espécie invasora de origem asiática que este Verão chegou ao Algarve, tendo afetado já praias em todo o Barlavento.

Desta vez, trazidas pelo temporal resultante do ciclone extratropical Danielle, o fenómeno afetou sobretudo as praias do Carvoeiro, Vale Centeanes, Caneiros e Pintadinho, no litoral de Lagoa, bem como a parte nascente da Praia da Rocha, já em Portimão.

Apesar dos protestos que logo invadiram as redes sociais, com a imagem das toneladas de algas castanhas a ser partilhada em toda a Europa, já que Carvoeiro ainda está cheia de turistas, a verdade é que se trata de um acontecimento natural.

 

Uma pessoa, num mar de algas – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

A Câmara de Lagoa que, no âmbito da recente transferência de competências, passou a ser responsável pela gestão do litoral, já está a ultimar os preparativos para uma mega operação de limpeza, «ainda que se trate de um fenómeno natural, agravado pelo facto de se dever a uma espécie invasora e o mesmo cenário se verificar por toda a costa do Algarve e de Espanha», garantiu Luís Encarnação, presidente da autarquia.

«Estamos contudo com grandes dificuldades tendo em conta a dimensão» do problema, acrescentou o autarca, em declarações ao Sul Informação.

«Estimamos que o total de algas depositado na Praia de Carvoeiro seja cerca de 300 metros cúbicos. Acresce o facto de não se conseguir introduzir máquinas na Praia. Enfim, mais um desafio dos grandes!», lamentou Luís Encarnação.

300 metros cúbicos de algas representam cerca de 30 camiões que terão de ser carregados, só da Praia do Carvoeiro, numa operação que poderá levar alguns dias. Mas há ainda que saber onde depositar toda esta matéria orgânica.

Em Carvoeiro, o cheiro intenso da decomposição das toneladas de macro algas castanhas já se sente nas imediações da praia, que fica no centro da vila. Esta manhã, no areal, aproveitando o sol fugidio, havia poucas pessoas, já que as algas tornam difícil e muito desconfortável chegar até à água.

«Felizmente temos cá muitos turistas, como se pode ver pela esplanada, que está cheia. Mas isto das algas está a afugentar as pessoas, sobretudo se começar a cheirar mal. Sei que a culpa não é da Câmara. mas eles têm que fazer alguma coisa e rapidamente», disse o gerente de um dos bares de Carvoeiro ao Sul Informação.

Confirmando-se que se trata da alga Rugulopterix okamurae, uma espécie invasora originária dos mares da Coreia/Japão, esta alga não é tóxica para o homem, mas está já a pôr em risco a biodiversidade dos ecossistemas marinhos, nomeadamente nos Açores, mas em breve também na costa algarvia.

No Algarve, em Julho, os pescadores do Barlavento queixaram-se que a alga também está a causar-lhes grandes prejuízos, ao se agarrar às redes de pesca.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



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