Arquivo Municipal de Lagoa lança «Arade», revista que é «espaço de investigação, debate e reflexão»

Assinalando os 20 anos do Arquivo Municipal

Apresentação da revista «Arade» no terraço do Arquivo Municipal de Lagoa – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

O primeiro número da revista anual «Arade», editada pelo Arquivo Municipal de Lagoa, apresenta 15 artigos de 16 autores, abordando temas da história lagoense desde a Idade Média à atualidade. Alguns são temas quase inéditos, como o artigo sobre a escravatura no concelho.

O seu lançamento, no terraço do Arquivo, com vista para a Igreja Matriz de Lagoa, foi pretexto para o presidente da Câmara Luís Encarnação recordar a história do edifício, que foi construído em 1887 para ser o primeiro depósito de água da então vila.

«Na altura, a água estava no Poço Partido e era preciso trazê-la até aqui. Agora, que vivemos uma seca, é bem mais complexo resolver a situação, mas a água está na Praia do Carvoeiro, está no mar», salientou oa autarca, aludindo ao projeto de construção de um central de dessalinização para servir o Algarve, mas cuja localização não foi ainda escolhida.

 

 

O autarca acrescentou que, entre 1983 e 1996, o edifício acolheu a Biblioteca Municipal, até esta se mudar para instalações ao lado, no antigo (e nunca acabado) teatro. Só em 2002, aquilo que começou por ser um depósito de água passou a ser a casa do Arquivo Municipal.

Luís Encarnação só se esqueceu que, pelo meio, ainda no final dos anos 70, houve o sonho de criar neste edifício o Museu de Arqueologia de Lagoa, que chegou a ter projeto, da autoria do arquiteto e arqueólogo Mário Varela Gomes. O destaque desse nunca concretizado museu seriam os menires da Caramujeira, escavados poucos anos antes num areeiro dessa zona do concelho e considerados como um dos mais importantes conjuntos de monumentos megalíticos já descobertos em Portugal. O sonho do museu nunca se concretizou, o que poderá justificar o esquecimento do edil.

Mas voltando ao Arquivo Municipal: em breve, esta estrutura terá de aumentar as suas instalações, uma vez que, como sublinhou o presidente da autarquia, «já não temos espaço para guardar tudo aquilo que temos, quer do acervo da própria Câmara, quer do que nos foi doado».

Luís Encarnação destacou duas dessas doações, sublinhando que a equipa do Arquivo Municipal está «empenhada em tratá-las e catalogá-las»: os espólios da Panificadora da Senhora da Luz e da Adega Cooperativa de Lagoa. Ambos têm a ver com a «história e identidade» lagoenses.

 

 

Voltando à revista: Diogo Vivas, diretor do Arquivo Municipal, salientou que gostaria que «a Arade não se resumisse apenas à publicação em si mesma, mas funcionasse como espaço de investigação, debate e reflexão».

Para já, os temas circunscrevem-se ao concelho de Lagoa, mas Diogo Vivas exprimiu o desejo de os alargar a todo o Algarve. «A Arade encontra-se disponível para debater a história local e regional, mas também para pensar os arquivos e bibliotecas municipais e, se me permitem a provocação, os museus», escreveu ainda no editorial da nova revista.

A apresentação da publicação esteve a cargo de António Maranhão Peixoto, antigo diretor do Arquivo Municipal de Viana do Castelo, que classificou a revista como «uma nova flor no jardim do conhecimento».

E porque em 2023 se comemoram os 250 anos da criação do concelho de Lagoa (que se separou do termo de Silves), ficou a saber-se que o próximo ano reserva algumas boas notícias: em Junho, será inaugurada a exposição comemorativa do 20º aniversário do Arquivo Municipal, mostra que se prolongará até Setembro, data em que será lançado o segundo número da revista «Arade».

Ainda antes, no dia 16 de Janeiro, quando os dois séculos e meio de existência do concelho se cumprem, será lançada a obra «Inventário de Fontes para a História de Lagoa», também da responsabilidade do Arquivo.

Mas, em 2023, haverá ainda outros marcos a assinalar, como os 100 anos da compra, pela Câmara de Lagoa, do antigo Convento de S. José, e os 30 anos da inauguração das obras de adaptação desse edifício a Centro Cultural.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação e Câmara Municipal de Lagoa

 



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