A paixão de um informático pelo desporto põe todos Emjogo

Empresa nascida no Algarve é responsável por software usado por centenas de clubes, alguns dos quais da I Liga

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Foi criado no Algarve a pensar nas dificuldades que os pequenos clubes desportivos enfrentam, mas nem por isso deixa de ser bem útil para clubes de nível nacional e, até, internacional. O software Emjogo.pt já é utilizado por cerca de 400 instituições de todo o país e o seu criador pensa começar a expandir-se além-fronteiras.

É no UAlg Tec Campus, em Faro, que parte da equipa responsável pelo Emjogo, incluindo Gil Guilherme, o fundador da empresa We Sport IT, se junta no dia a dia, para trabalhar.

Atualmente, são já meia dezena de computadores que se espalham no espaço de trabalho da empresa, no Campus da Penha da Universidade do Algarve, a que se juntam outras “mãos”, espalhadas por vários pontos do país. Ao todo, são 14 os funcionários da empresa, entre programadores, departamento comercial e setor administrativo.

«O Emjogo é um software de gestão e comunicação para clubes desportivos, que procura organizar, centralizar e unificar o trabalho que é feito dentro do clube, no dia a dia», explicou Gil Guilherme, fundador e diretor executivo da empresa que produz esta ferramenta, ao Sul Informação.

Isto significa que cada elemento do staff do clube «tem acesso a uma ferramenta fácil de usar, para aceder, gerir, analisar e registar o seu trabalho».

«Os treinadores, por exemplo, registam informação de jogos e treinos, os fisioterapeutas de tratamentos, exames, lesões, e por aí fora, em relação a cada um dos elementos do staff», ilustrou Gil Guilherme.

Também há a possibilidade de os diferentes departamentos colaborarem entre eles. «Se o fisioterapeuta disser que o atleta está lesionado e que o tempo de paragem é de duas semanas, o treinador sabe que não pode contar com o atleta nos próximos treinos e jogos».

Neste momento, há cerca de 400 clubes a usar este software, entre os quais «o Portimonense, mas também Marítimo, Santa Clara, Tondela, Gil Vicente, Casa Pia e Boavista», todos eles da I Liga. Outro clube que usa o Emjogo é o Moreirense, que foi despromovido à II Liga no final da época passada.

Nestes casos, a empresa não trabalha «com a equipa principal», mas sim «com a parte da formação», ou seja, «com o clube em si e não com a Sociedade Anónima Desportiva».

 

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Mas o grosso dos clientes da empresa algarvia são clubes de menor dimensão. «Trabalhamos desde o clube o mais local possível, totalmente amador, até clubes com dimensão nacional e internacional, profissionais», explicou Gil Guilherme.

«Maioritariamente, são clubes com desportos coletivos, que são o nosso alvo preferencial. A maioria são clubes de futebol, mas trabalhamos também com futsal, basquetebol, andebol, râguebi. Também temos desportos individuais, como a dança, artes marciais, ginástica, por aí fora», revelou.

Gil Guilherme assume que criou o Emjogo a pensar, em grande medida, nestes clubes mais locais, que são igualmente os que mais necessitam deste tipo de ferramenta.

«A nossa visão e a nossa missão passa por potenciar o valor que os clubes têm, independentemente do seu tamanho ou da sua visibilidade. E muito desse valor está na sua comunidade. Dessa forma, surgiu a ideia de criar sites para os clubes desportivos, como forma de promover o clube e de o aproximar da sua comunidade».

No entanto, o programador que se tornou empresário não teve o sucesso que ambicionava. «Foram poucos os clubes que abraçaram a necessidade do site. Mas, ao mesmo tempo, este processo permitiu-nos perceber o que é que eles precisavam. Nós estávamos, até, um pouco mais à frente, em relação às necessidades dos clubes, que eram muito mais básicas, ao nível da gestão interna da instituição».

Desta forma, no final de 2018, surgiu o Emjogo, um software de gestão que está em constante evolução, desde então.

«A empresa foi criada em 2017, mas já vínhamos com dois anos a trabalhar com os clubes. Já tínhamos produto e clientes e sentimos a necessidade de criar a empresa para termos algo mais estruturado e sólido para chegar aos clubes», contou.

Ao início, era tudo em nome individual. «Eu sou o único fundador, comecei sozinho. O meu background é de programador. Tirei o curso de informática aqui na Universidade do Algarve. Não sou de cá, nasci no Porto e cresci na Margem Sul, em Corroios. Vim para Faro estudar e depois fiquei por cá».

Apesar de ter formação em informática, Gil esteve «sempre ligado ao desporto. Fui atleta federado, comecei estudos na área do desporto, mas depois mudei para a informática porque vi que tinha mais futuro e gostava».

«O Emjogo acaba por ser o resultado destas minhas duas paixões e, principalmente, da minha vontade de conseguir contribuir com algo de valor e que potencie o que os clubes fazem, porque, para mim, as pessoas que trabalham nestas instituições fazem um trabalho espetacular, a maioria deles de forma voluntária. Deviam receber uma medalha no final de cada ano!», acredita o empresário.

No futuro, e numa altura em que a operação diária em Portugal está já «bastante controlada», o responsável máximo pelo Emjogo já pensa em novos mercados, mas sempre dando passos seguros.

«Procuramos crescer de forma orgânica. Ou seja, à medida que vamos tendo mais clubes, podemos fazer novas apostas, de desenvolvimento de mais software, em mais recursos humanos de acompanhamento ao cliente. É crescimento mais lento, mas mais sólido e com validação», enquadrou.

Quanto à possibilidade de exportar este software, que tem uma versão portuguesa e outra em inglês, a empresa já começou «a fazer estudos de mercado, para perceber como se trabalha, o que existe e se o tipo de cliente é igual ao de Portugal ou não».

«Acreditamos que, até final do ano, tenhamos esses dados», rematou Gil Guilherme, que diz que, no futuro, pretende «manter a operação principal aqui no Algarve».

 

 

 



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