Sonho do Parque Tecnológico no Autódromo já tem luz verde para acelerar

Infraestrutura vais custar 7,2 milhões de euros, dos quais 4 milhões de apoio europeu, através do FEDER

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Este vai ser um projeto importante não só para Portimão, nem só para o Algarve, vai ser mesmo uma referência internacional». As palavras são de Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, e foram proferidas esta sexta-feira, dia 26 de Agosto, no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, na apresentação do futuro Polo Tecnológico CELERATOR, dedicado às Energias Renováveis aplicadas à mobilidade e transportes.

A governante acrescentou que a nova estrutura, a ser criada no complexo do Autódromo, será «o único polo tecnológico do país que vai ter uma pista como laboratório».

O projeto será implementado pela CELERATOR – Associação Parque Tecnológico do Algarve, que junta a Parkalgar SA, empresa proprietária do Autódromo, e a Universidade do Algarve. O objetivo é criar um Polo Tecnológico no setor dos Transportes, Mobilidade e Soluções Energéticas, dedicado às Energias Renováveis.

Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar e o homem que sonhou tudo isto, salientou, na apresentação do projeto, que «Portimão é a 56ª cidade de Portugal e nem sequer está nas maiores 10 mil da Europa. Mas, nisto do automobilismo, do desporto motorizado, é uma das três maiores do mundo».

O Parque Tecnológico, que vai custar 7,2 milhões de euros e estará pronto no fim do Verão do próximo ano, «terá todas as condições técnicas, das mais evoluídas do mundo, para testar tudo: combustíveis, formas de locomoção, veículos autónomos, híbridos, não híbridos», acrescentou.

Tudo isso, sublinhou Paulo Pinheiro, «faz com que os caminhos para a sustentabilidade passem por Portimão» e fará com que «Portimão e Portugal» venham a ser «uma grande referência a nível mundial na área da engenharia».

 

José Apolinário – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, acrescentou que se trata de «um investimento cujos resultados vão muito para além dos 4 milhões de investimento público», através do fundo comunitário FEDER.

Apolinário fez questão de sublinhar que, apesar de ser criado no concelho de Portimão, onde o Autódromo está instalado, o Parque Tecnológico é um projeto acarinhado por toda a região. Salientou, a propósito, a presença na sala de «autarcas de toda a região», «desde o vice presidente da Câmara de Alcoutim ao presidente da Câmara de Aljezur».

António Pina, presidente da Câmara de Olhão e da AMAL – Comunidade Intermunicipal dpo Algarve, recordou que os autarcas algarvios consideraram o Parque Tecnológico a ser criado no Autódromo de Portimão como o 3º mais importante investimento para o Algarve, logo depois do Porto de Portimão (1º) e do Hospital Central (2º). Isso, na sua opinião, traduz bem que este «não é só um projeto de Portimão, é da região».

Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, seguiu a mesma linha, afirmando: «o que é bom para Portimão, para Lagos ou Lagoa, é bom para o Algarve todo».

Por seu lado, o presidente da CCDR acrescentou ainda que, «sem a parceria da Universidade, não seria possível avançar com este projeto».

Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, admitiu a importância da parceria com a Parkalgar, salientando que «a interação com a sociedade, com as empresas» faz parte «da missão» daquela academia.

Dizendo que «somos parte interessada nisto», o reitor acrescentou que a UAlg «só tem a beneficiar com uma região com uma economia mais diversificada», objetivo para o qual o futuro Parque Tecnológico vai contribuir.

À margem da sessão, em declarações ao Sul Informação, Paulo Águas explicou que este projeto «também vai promover a investigação na Universidade. Iremos ser, numa fase seguinte, parceiros das empresas que se venham aqui instalar, haverá projetos, haverá trabalho em conjunto. Esse é um ganho imediato».

Mas há ainda «um outro ganho, menos imediato: se a região conseguir ter mais emprego qualificado, isso é bom para a Universidade. Tornar-nos-á mais competivos, seremos mais procurados por estudantes e, no fundo, trata-se de criar aqui círculos virtuosos».

 

Ana Abrunhosa – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

Isilda Gomes fez questão de elogiar o empresário Paulo Pinheiro, o pai do Autódromo, classificando-o como «lutador, trabalhador, consistente na defesa do Algarve».

António Pina já tinha dito que «Paulo Pinheiro tem passado as passas do Algarve», para levar a bom porto o projeto global do Autódromo Internacional.

O próprio empresário, em declarações ao Sul Informação, explicou que «para nós, o Centro Tecnológico sempre foi crucial para o sucesso do projeto global do Autódromo, para mais hoje, em que as questões da mobilidade, da sustentabilidade, das novas formas de locomoção que a indústria está a desenvolver, são cruciais».

Aos governantes, dirigentes regionais dos mais diversos organismos da Administração Central ou da administração desconcentrada do Estado, aos dirigentes das associações empresariais e ainda aos autarcas, presentes na sessão que teve lugar na Torre VIP do Autódromo, Paulo Pinheiro recordou que esta estrutura tem vindo a estabelecer estreitos laços com as mais inovadoras marcas e as empresas do mundo automóvel.

Naquele mesmo momento, da pista do circuito, vinha o ruído dos motores de automóveis do Grupo Volkswagen/Audi/Porsche, que, ao longo de mais de uma semana, com «32 carros e mais de 90 pessoas», ali tinham estado a testar as suas mais recentes inovações e a «fazer desenvolvimento e pesquisa sobre várias componentes»: «carros que andam sozinhos, a mais de 300 km/hora, que não usam qualquer combustível fóssil».

Paulo Pinheiro apresentou esse exemplo como uma prova da forte ligação que o Autódromo já tem com a indústria automóvel, uma das mais inovadoras a nível mundial.

A ministra Ana Abrunhosa salientou também esse aspeto: «aqui já temos as empresas e o laboratório a céu aberto, que é o autódromo, a pista. Para desenvolver novas soluções e novos produtos, precisávamos do Parque Tecnológico, que une a Parkalgar, que tem o autódromo, e a Universidade do Algarve, que tem o conhecimento».

Ou seja, acrescentou a governante, «este projeto já tem o que falta a muitos parques tecnológicos, que é o mercado a quem passar as novas soluções, as empresas para testarem as novas soluções, para desenvolverem os protótipos».

«Não temos no mundo muitos projetos como este. É o único parque tecnológico do país que tem uma pista como laboratório», disse ainda a ministra da Coesão Territorial, em declarações ao nosso jornal.

Ana Abrunhosa sublinhou que «estão previstas novas fases para este projeto, nomeadamente uma área de acolhimento empresarial, para cinco empresas altamente inovadoras, que vão depois comercializar os produtos, as inovações, as soluções tecnológicas que vão ser aqui desenvolvidas».

O Parque Tecnológico, frisou ainda a ministra, permitirá criar no Algarve um «cluster das energias renováveis, mas ligadas a dois setores que hoje ainda são muito poluentes – mobilidade e transportes. Todas as políticas e apoios são hoje no sentido da descarbonização, da transição energética, de tornar a atividade económica, nomeadamente estes setores da mobilidade e dos transportes, mais verdes, menos poluentes, utilizando energias mais limpas. Este projeto tem isso tudo!»

 

Paulo Pinheiro – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

E há empresas interessadas?, quis saber o Sul Informação. «Já temos empresas interessadas, portuguesas e estrangeiras», garantiu Paulo Pinheiro. «Até agora, por uma questão processual, não podíamos chegar a acordo com nenhuma das marcas e empresas que já nos abordou».

Segundo o projeto, trata-se de empresas de setores de alta e média-alta tecnologia e em serviços intensivos em conhecimento, que estarão instaladas na infraestrutura em 2024.

E o que será preciso ainda construir para criar este Parque Tecnológico? O CEO da Parkalgar explica que se irá avançar para a construção do «edifício e dos equipamentos». Trata-se da construção de instalações, incluindo laboratórios e centros de ensaios com 1.818 metros quadrados.

«O projeto contempla os equipamentos necessários, para que qualquer marca que se queira instalar tenha logo aqui equipamento para Investigação & Desenvolvimento para qualquer forma de locomoção – motores térmicos, elétricos», disse ainda.

Já que o objetivo é que tudo esteja pronto no próximo Verão, o projeto terá de fazer uma corrida contra o tempo, nada a que Paulo Pinheiro não esteja já habituado: «o objetivo é lançar o concurso público para a construção antes do final deste ano, lançar a construção logo no início do próximo ano e depois ter um prazo recorde de construção, como aconteceu com o Autódromo, para termos o Centro Tecnológico a funcionar no final do Verão».

Antes, José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, tinha dito que, com a apresentação do projeto, esta sexta-feira, foi dada a «luz verde» para a partida. «Daqui a um ano cá estaremos para baixar a bandeira da chegada».

A ministra Ana Abrunhosa, partindo do famoso verso de Fernando Pessoa e citando o autarca António Pina, concluiu: «Deus quer, o homem sonha (e passa as passas do Algarve) e a obra nasce».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 


O que vai ser o projeto da associação CELERATOR?
O projeto apresentado pelo CELERATOR – Associação Parque Tecnológico do Algarve tem como objetivos o desenvolvimento de um Parque Tecnológico dedicado à investigação, desenvolvimento e implementação de soluções energéticas à base de hidrogénio verde e de combustíveis sintéticos, visando:• a criação de um Polo Tecnológico com a construção de instalações incluindo laboratórios e centros de ensaios com 1.818 m2;
• a disponibilização de instalações de bancos de ensaio, para motores de Combustão Interna com e sem sistemas híbridos de energia acoplados;
• a instalação de Módulos para investigação de processo de criação e implementação de Pilhas de Combustível em meios de transporte convencionais;
• a criação de Unidades para investigação e desenvolvimento, e instalação de unidades para a reciclagem, com reutilização maximizada de baterias elétricas automóvel, em fim de vida;
• a instalação de uma unidade de investigação e desenvolvimento, com componente de comparação com unidade convencional, para motores Térmicos Otto, usando combustíveis sintéticos, para usos diversificados.A aceleração da investigação e desenvolvimento de soluções e tecnologias nas áreas supramencionadas será desenvolvida em parceria pelos sistemas empresarial e científico e tecnológico, com os seguintes objetivos estratégicos:• Soluções de transporte de mercadorias automatizadas, tornando a logística de transporte de equipamentos na indústria automóvel (entre fornecedores/fabricantes de OEM’s e as marcas montadoras de viaturas motorizadas) contribuinte líquido para a neutralidade carbónica;
• Requalificação e reciclagem de baterias elétricas de viaturas motorizadas e dos seus componentes;
• Investigação e desenvolvimento de soluções de integração de hidrogénio verde em combustíveis sintéticos.

Na génese desta infraestrutura tecnológica também está a procura de soluções tecnológicas que serão desenvolvidas e colocadas no mercado, contribuindo para cumprir os compromissos de neutralidade carbónica assumidos por Portugal e pela União Europeia.

 

 



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