Hotéis de cinco estrelas no Algarve há muitos, mas este é só para cães

Com praia privada e tratamento personalizado

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

Uma praia privada, suites com televisão, cama, sofá, serviço de quartos e um espaço exterior com áreas distintas para passeios ao ar livre. Podíamos estar a falar de mais um alojamento no Algarve (e na verdade estamos), mas este foi criado a pensar nos cães.

O Hotel do Cão, localizado na Quinta Vale da Rainha, em Portimão, nasceu há 10 anos, mas muito diferente daquilo que é hoje. Tudo começou quando Miguel Maia Costa, empresário e fundador de uma empresa de jardinagem, viu o negócio ser afetado pela crise.

«Era uma empresa com muito sucesso que trabalhou até 2011, mas com a crise económica fomos obrigados a fechar. A minha paixão pela natureza e por animais levou-me a criar um centro hípico, depois um espaço de criação de cães de raça pastor alemão», tudo no local onde passou a funcionar um espaço de alojamento local, que ainda hoje se mantém.

Sozinho, Miguel tratava de quatro boxes de cães, que funcionavam como maternidades, construídas em madeira, e que davam aos animais «todas as condições de conforto».

De quatro boxes, passaram para oito, já com o objetivo de criar um Hotel para cães, e aí surgiu a ideia de lançar um vídeo em que os canídeos eram as personagens principais.

«No vídeo, eram os cães que apresentavam o espaço e, na altura, não era normal humanizar os cães. O vídeo tornou-se viral e em menos de 24 horas atingiu mais de 200 mil visualizações. No dia seguinte, recebi dezenas de chamadas. A procura foi crescendo cada vez mais e os nossos serviços também», conta Miguel Maia Costa ao Sul Informação. 

 

Miguel Maia Costa é o fundador do Hotel do Cão. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Hoje, o hotel tem 150 boxes, uma praia privada, zonas verdes delimitadas, consultório veterinário, serviço de transporte e spa, mas quem lá entra nem imagina que aqui pernoitam tantos animais – já que o barulho é inexistente.

«As boxes são as suas casas durante o tempo em que cá estão, e depois existe a diversão e o passeio que é feito pelos nossos tratadores durante 20 a 30 minutos. O que fizemos foi criar um conceito com boxes personalizadas e feitas a pensar em tudo: os cães não se veem uns aos outros, para não se sentirem ameaçados, as boxes são bem isoladas para não haver barulho e muito confortáveis», refere o responsável.

E se, para os cães e para os donos, esta é uma estadia de luxo, para os tratadores é um « trabalho de sonho». Quem o diz é Olie, uma das funcionárias do Hotel do Cão.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

No dia em que visitámos o espaço, tinha acabado de chegar um novo hóspede, tímido e medroso, mas Olie encarregou-se logo de o fazer sentir-se em casa e, em poucos minutos, o cão já brincava e corria no jardim.

Mas se há cães que são incentivados a correr, outros, de acordo com a idade e porte, podem precisar apenas de passear. «Todos são estimulados de acordo com as suas características», explica Miguel Costa.

No Hotel do Cão, os dias são marcados pela entrada de vários animais, mas nunca sem antes passarem por um longo inquérito durante o check in.  De acordo com o responsável, este é o «momento mais importante» porque é aqui que o rececionista tem de «absorver tudo».

«Nós tiramos logo o perfil do cão. A forma como ele se relaciona com o dono ou a forma como interage com outros cães, e depois tentamos receber do dono o máximo de indicações: o quê e quando come, que doenças já teve, alergias. Isso fica tudo registado no nosso sistema, pois só assim conseguimos repetir as rotinas do cão, para que ele se sinta realmente em casa», continua.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Aqui, não há atrasos nem espaço para confusões, já que, na copa, as refeições são logo preparadas com a comida de cada cão e divididas por dia. E se, por acaso, algum dos patudos precisar de ajuda hospitalar, a enfermeira veterinária de serviço está sempre alerta.

Para desempenhar este trabalho diário, há uma equipa fixa de cerca de 20 pessoas, mas Miguel explica que, ao longo do ano, é preciso contratar reforços tendo em conta as épocas de maior afluência.

«No Hotel do Cão existe uma sazonalidade, embora não seja tão marcada como a do turismo, também existe», diz Miguel, acrescentando que os dois meses mais fortes são Dezembro e Janeiro («quando as pessoas vão passar o Natal fora e vêm cá para deixar os animais»). «Depois há ainda picos nas férias escolares, feriados, e, claro, no Verão».

Nessa altura, chegam ainda os patudos que vêm recomendados pelos hotéis com os quais o espaço tem parceria. No Hotel do Cão, uma diária começa nos 19 euros, mas o preço vai reduzindo de duas em duas semanas.

Todos os anos, são centenas os hóspedes que passam pelo Hotel, alguns já são quase residentes e Miguel diz que, à saída, o que mais o deixa feliz é ouvir os donos dizer que «os cães não se querem ir embora».

Apesar de ter sido criado a pensar nos cães, também os gatos são bem-vindos neste hotel onde entram animais «com todas as características» e em «qualquer circunstância».

«Já tivemos cães a vir para aqui quando os donos adoecem ou quando há divórcios e não se decide com quem fica o animal. O que nos distingue é também este atendimento preocupado e permanente», remata Miguel Maia Costa.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 



Comentários

pub