18 projetos, outras tantas associações e quatro meses para encher de arte e animação as Ruínas Romanas de Milreu, em Faro, e a Fortaleza de Sagres e a Ermida de Guadalupe, em Vila do Bispo. É desta forma que se vai fazer a edição de 2022 do DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos, da Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg), cuja programação foi apresentada no domingo, em Sagres.
O momento de apresentação foi, também, o de lançamento do evento. O primeiro espetáculo, organizado pela Associação de Acordeão do Algarve, juntou no auditório do Promontório de Sagres Gonçalo Pescada e o Quinteto Sull’a Corda”, que é como quem diz, o acordeão e alguns dos seus “primos” a dois violinos, uma viola de arco, um violoncelo e um contrabaixo.
O compositor escolhido foi Johann Sebastian Bach.
Gonçalo Pescada e a Associação de Acordeão do Algarve são “repetentes” no DiVaM, mas a edição deste ano do programa da DRCAlg tem várias “caras novas”.
«Há novas associações e outras que não são novas, mas que concorreram pela primeira vez ao programa», revelou ao Sul Informação Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura do Algarve, à margem da apresentação do DiVaM 2022.
A Artificial – Associação Artística e Cultural do Algarve, a Avonde – Associação Cultural e a Ria Inquieta são as estruturas novas que viram candidaturas aceites, este ano. Já o Cinemalua, a Gaveta – Associação Cultural e Pesquisa Teatral, o Grupo Coral Ossonoba e a Sociedade Recreativa Artística Farense participam pela primeira vez.
«As associações que participam pela primeira vez vão trazer novidades, pois trarão um olhar diferente», ilustrou.
Estas estruturas juntam-se às que já antes viram candidaturas aceites: Ao Luar Teatro – Ideias Culturais; ARCA – Associação Recreativa e Cultural do Algarve; Artis XXI; Associação de Acordeão do Algarve; Cineclube de Faro; Coletivo JAT – Janela Aberta Teatro; Corpo de Hoje; Flautística – Associação de Flauta de Bisel do Algarve; Música XXI; O Corvo e a Raposa; e Tertúlia- Associação Sócio – Cultural de Aljezur.
«O DiVaM tem sido muito importante pelo seu papel de dinamização dos monumentos. Também muito importante é a ação das associações, que têm não só trabalhado com os monumentos, mas também com as comunidades locais», disse, por seu lado, Luciano Rafael, o diretor da Fortaleza de Sagres.
«Este ano temos menos atividades, mas também porque houve menos pessoas e associações a concorrer. Isto aconteceu, talvez, porque nós anunciámos mais tarde do que é habitual, porque não o podíamos fazer antes de haver Orçamento de Estado. Ou seja, atrasou tudo um bocadinho», revelou Adriana Nogueira.
Ao todo, estão programadas «oito atividades em Milreu e dez aqui em Vila do Bispo, cinco na Fortaleza de Sagres e outras tantas na Ermida de N. Sra. de Guadalupe».
«As iniciativas são muito variadas. Por exemplo, achei muita piadas aos bailes, que são iniciativas que vão envolver a comunidade, tanto aqui [em Vila do Bispo], como em Milreu», acrescentou.
Também haverá «atividades multidisciplinares. Acho muito interessante esta interseção entre a música, a dança e o teatro».
Outro aspeto do DiVaM que é «muito importante» para a DRCAlg é que «as associações saiam dos seus lugares. É importante que as de Faro venham aqui a Vila do Bispo e que as daqui vão a Milreu. Todos ficamos enriquecidos com isso».
Os próximos espetáculos do DiVaM acontecem entre os dias 10 e 24 de Setembro, nas Ruínas de Milreu, local onde o Cinemalua irá apresentar a iniciativa “Cinema nas Ruínas”.
Serão exibidos os filmes “Oceanos”, de Jacques Perrin, “A Cordilheira dos Sonhos”, de Patricio Guzmán, e “A Viagem de Pedro”, de Laís Bodanzky.
A 18 de Setembro, terá lugar na Fortaleza de Sagres o “Baile da Rosa”, pela Tertúlia Associação Sócio Cultural de Aljezur, que consistirá num piquenique seguido de um baile popular, junto à “Rosa dos ventos”.
No dia 23 de Setembro, o Cineclube de Faro apresenta “The Secret Museum of Mankind”, em Milreu, no âmbito das Jornadas Europeias do Património. Nesta iniciativa, João Nicolau e Mariana Ricardo vão, episodicamente, «proporcionando diferentes expedições multidisciplinares, performativas, feitas do encontro da fotografia, do cinema e da música», segundo a DRCAlg.
Também no âmbito das Jornadas Europeias do Património, o Ensemble Gli Accenti atua na Ermida de Guadalupe no âmbito do projeto “Segredos do Barroco” da Flautística -Associação de Flautas de Bisel do Algarve. Em palco estarão a flautista algarvia Ana Figueiras, o violinista barroco Romeu Madeira, a cravista Catarina Melo e a gambista Ana Sousa.
Antes de Setembro terminar, no dia 30, a associação Artificial apresenta “Ocupação Contemporânea de Milreu”, «um projeto multidisciplinar que nos traz uma deambulação dançada de apresentação do espaço deste monumento de Faro, um concerto de música clássica e contemporânea e ainda uma conferência que pretende sensibilizar o público para a importância do lugar, para a recuperação do ambiente construído, e ainda para a importância do uso da cor no espaço envolvente».
No mês de Outubro, logo nos dias 5 e 9, Ermida de Guadalupe recebe o Ciclo Concertos Artis XXI. O “Quinteto de Sopros Artis XXI” e o “Ensemble Armilar – Luzes e sombras” serão os protagonistas dos espetáculos.
A 8 de Outubro, outro baile, desta feita “Inquieto”, promovido pela Ria Inquieta nas Ruínas de Milreu, que será um baile «num sentido tradicional, ligado à dança e à celebração em coletivo, mas encarado numa ótica mais abrangente», onde cabe «poesia, dança, performance, música, instalação, videoprojecção e artesanato».
Milreu também irá acolher, a 15 de Outubro, o espetáculo “Vozes sem fronteiras”, pelo Coral Feminino Outras Vozes, projeto da Associação cultural Música XXI.
“palcos aleatórios_random stages {ou a urgência de (me) mover por aí}”, por ananeto, é o espetáculo que a Corpo de Hoje vai levar às Ruínas de Milreu a 16 de Outubro.
Na Ermida de Guadalupe, a 26 de Outubro, o Ao Luar Teatro – Ideias Culturais, apresentará a peça “Zé do Burrinho e Chico Ovelha – Unplugged Tour 2022”, onde pretende recuperar e valorizar a «tradição oral do património cultural imaterial algarvio», numa animação divertida, cómica e musical, à volta do cancioneiro tradicional algarvio, das lenga lengas e dos trava línguas.
A 21 e 22 de Outubro o JAT- Coletivo Janela Aberta Teatro – Associação Cultural apresenta o projeto “Vizinhes sem Fronteiras”, que promoverá duas estreias nas Ruínas de Milreu.
O Teatro de Vizinhes – Faro vai apresentar uma nova criação relacionada com a falta de água e «as consequências que isso provoca para a região e para os habitantes de Faro em particular». O Grupo de Teatro Comunitário Quarteira Fora da Caixa traz-nos o “Aluga-se”, que aborda «a falta de habitação causada pela pressão turística e imobiliária e as consequências que isso provoca para os habitantes da região».
A Ermida de Guadalupe volta a abrir portas ao DiVaM a 30 de Outubro, neste caso à associação Gaveta – Associação Cultural e Pesquisa Teatral, que irá apresentar “A Catadupa”, um espectáculo de teatro físico e música «que pretende ser um manifesto anti-solidão involuntária e que se baseia na partilha de conhecimentos».
No dia 6 de Novembro, a ARCA – Associação Recreativa e Cultura do Algarve apresenta em Milreu as “Fábulas de Fedro – Ontem, Hoje e Sempre”, «um espetáculo multidisciplinar que cruza a música e a animação de areia, com as narrativas do fabulista romano Febro e com os contos tradicionais, contados ao longo de várias épocas e gerações, pela população algarvia».
No dia 13 de Novembro, a Ermida de Guadalupe recebe o “Corus Fest – Em Canto pelo património sem fronteiras”, um concerto de música coral polifónica pelo Grupo Coral Ossonoba, com direção artística de Nuno Sequeira Rodrigues e encenação de Fernando Jorge Cabral.
Segue-se o espetáculo “As Carpideiras”, um projeto nas áreas do teatro e da dança que a Sociedade Recreativa Artística Farense levará à Fortaleza de Sagres no dia 26 de Novembro, e que tem «como matriz a figura das carpideiras, mulheres presentes em diferentes épocas e geografias».
No dia seguinte, 27 de Novembro, também em Sagres, a Avonde apresenta o documentário “Gentes do Cabo, Faroleiros de Vila do Bispo e Cabo de São Vicente”, dedicado aos faroleiros do Cabo de São Vicente. Este é um projeto de Patrícia Leal (artista, curadora e cineasta) e Vera Abreu (antropóloga visual e documentarista).
A 2 de Dezembro, dia do aniversário da atribuição da Marca do Património Europeu ao Promontório de Sagres, será apresentado o projeto “Coletivo Garbe: Da tradição Al-Andaluz à música de tradição oral”, promovido pel`O Corvo e a Raposa Associação Cultural.
«Este concerto é uma homenagem à mescla de culturas que se fazem sentir no território algarvio, desde as influências árabes, passando pela música cristã e o paganismo dos povos ancestrais das zonas mais rurais, com a música tradicional passada de forma oral ao longo dos tempos», concluiu a DRCAlg.
Descarregue o programa completo do DiVaM 2022.
Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação
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