Quinta do Lago quer voltar a ser paraíso depois do inferno do fogo

Reportagem no dia em que o fogo foi dado como dominado

Antonia Vignolo ainda tem o cenário de anteontem muito vivo na memória: «foi assustador – as chamas estavam a 10 metros de nossa casa». A italiana, que mora entre a Quinta do Lago e Vale do Lobo, foi uma das pessoas que fugiu de casa com medo do incêndio. Com o fogo dominado, estes empreendimentos turísticos tentam agora voltar a ser sinónimo de paraíso para turistas e residentes, depois do inferno de quarta-feira, dia 13. 

Eram perto das 9h00 quando Antonia começou a ficar alarmada.

«Senti o cheiro do fumo, fui ao terraço e vi muitas nuvens negras. Vi cinzas a caírem e aí fiquei preocupada», conta, perto da sua casa, na zona da Quinta da Jacintina, entre a Quinta do Lago e Vale do Lobo.

Antonia Vignolo sabe bem do que fala.

A italiana, que mora no Algarve há dois anos e meio, é especialista em Prevenção e Resposta de Emergência e logo decidiu o que fazer neste caso.

 

Na zona das Villa Alva – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«Vi que nos deveríamos começar a preparar, fazer as malas com o essencial e sair de casa: eu, os meus pais e nossos quatros cães e um gato», recorda.

E a verdade é que, em «meia hora, 45 minutos», as chamas chegaram perto da casa de Antonia.

«Estavam ali, em frente à nossa casa», aponta.

«Ficámos com muito receio porque temos árvores altas, palmeiras muito altas, mas, no final, não tivemos qualquer dano na nossa casa», conta.

O pai de Antonia foi a única pessoa que ficou em casa para poder «ir acompanhando a situação».

«No momento em que ele viu que as chamas iam atingir o nosso jardim, voltou lá para dentro, pegou numa mangueira e começou a molhar tudo, o nosso jardim, mas também os jardins dos vizinhos», diz.

 

Antonia Vignolo e David Thomas – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Essa medida foi, nas palavras da jovem italiana, «muito útil», bem como a retirada «das garrafas de gás».

A tranquilidade com que Antonia vai falando espelha o sentimento que se vivia ontem na Quinta do Lago.

Depois do medo quarta-feira, quando as chamas ameaçaram casas, ontem este empreendimento turístico vivia um dia quase normal.

Ainda se via – e respirava – algum fumo e, nas muitas áreas de pinhal e de jardins antes luxuriantes, havia um rasto de destruição, com árvores queimadas e sinais de trânsito danificados.

As zonas do Ludo, dos Pinheiros Altos e de Valverde eram as mais afetadas. Nas estradas, também se via carros de bombeiros, enquanto o barulho do helicóptero, atento a qualquer reacendimento, era uma constante.

David Thomas é o presidente da Safe Communities Algarve, uma associação que faz a ponte entre a comunidade internacional e as diferentes forças de segurança e de proteção civil da região.

A passada quarta-feira também foi, para este britânico que mora no Algarve, um dia de grande preocupação.

 

«Muita gente, contactou-nos para saber como estavam as coisas – se o incêndio estava perto, o que deveriam fazer», conta à reportagem do Sul Informação.

Na página de Facebook, a Safe Communities foi publicando «várias atualizações» sobre o incêndio que foram alvo «de muitos comentários e partilhas».

Na opinião de David Thomas, mesmo os muitos estrangeiros residentes no Algarve estavam «consciencializados» do perigo de incêndio nestes dias.

«É importante as pessoas saberem como reagir, seguir as indicações das autoridades e perceber que, num fogo grande, não é possível ter um bombeiro à porta de todas as casas», diz.

Depois dos momentos de pânico, Antonia Vignolo, que também é voluntária na Safe Communities, conseguiu voltar para casa perto das 21h00, quando a GNR voltou a abrir os acessos.

Para trás, ficaram as memórias de um dia de pânico, mas também uma certeza: no final de contas, o cenário podia ter sido ainda pior.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

 

 

 

 



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