Nova página da história soterrada de Balsa posta a descoberto por escavações arqueológicas

Nova campanha terminou na sexta-feira, dia 15

Tanques para produzir preparados de peixe, como o garum, conhecidos como cetárias, bem como uma villa romana, ambos situados na antiga cidade romana de Balsa, perto de Tavira, foram escavados durante a campanha que decorreu em Julho e terminou na sexta-feira, dia 15.

A campanha deste ano incidiu em terrenos da antiga Quinta das Antas, em área periférica daquela antiga urbe romana.

À semelhança de anos anteriores, os trabalhos tiveram uma componente de deteção geofísica e de escavação.

Segundo nota da Câmara de Tavira, «foram utilizados um geomagnetómetro e um tomógrafo, pela equipa da Unidad de Geodetección da Universidade de Cádis, com o intuito de cruzar as leituras recolhidas do subsolo por estes aparelhos com os dados obtidos por georadar, nos anos anteriores».

Com base nestes dados, procedeu-se a escavações junto à Ria Formosa, para «conhecer detalhes sobre um importante e extenso complexo dedicado à transformação de preparados de peixe, permitindo conhecer alguns tanques, onde se produziam molhos e pastas de peixe».

 

De momento, acrescenta a nota, os dados apontam para que estas fábricas, ou parte delas, tenham funcionado nos séculos I e II d.C., sendo controladas por uma grande e rica casa (villa) que se situava numa plataforma mais elevada a pouco mais de 100 metros.

Segundo os arqueólogos, tudo indica que, após o abandono desta villa, ainda no século II, pelo menos parte das fábricas terão continuado a funcionar até aos séculos IV ou mesmo V, de acordo com cerâmicas dessa época encontradas sob o derrube de um telhado que preencheu um dos tanques escavados.

Desta grande e rica casa escavou-se uma divisão com um pavimento de mosaico.

 

 

Os arqueólogos revelam ainda que, séculos depois da casa ter sido abandonada e, aparentemente, quando os restos da casa já estavam soterrados e não se viam, implantou-se uma sepultura estruturada com grandes pedras, cobertas por ladrilhos argamassados, o que obrigou a cortar um dos muros e parte do pavimento de mosaico.

Esta sepultura apresenta algumas características típicas das primeiras sepulturas cristãs que se conhecem na região a partir do século V.

Neste momento, os objetivos essenciais do projeto, que visava determinar com bases científicas, o perímetro urbano da cidade romana de Balsa e o grau de preservação das suas ruínas, foram, «globalmente, atingidos».

 

A Câmara de Tavira sublinha também que «o avanço do conhecimento só foi possível graças ao apoio de alguns proprietários dos terrenos, onde decorreram os trabalhos, bem como a colaboração das entidades parceiras e dos estudantes das Universidades do Algarve e de Lisboa que participaram nestas investigações».

A campanha de escavações arqueológicas integra-se no projeto «Balsa, Searching the Origins of Algarve», financiado pelo CRESC Algarve 2020, e coordenado pela Universidade do Algarve, em parceria com o Centro Ciência Viva de Tavira, o Município de Tavira e a Direção Regional de Cultura do Algarve.

 



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