Já foi «Passear pela História Subaquática do Rio Arade»?

Mostra pode ser vista, ao ar livre, até 18 de Setembro

 

«Passear pela História Subaquática do Rio Arade» é o tema da exposição ao ar livre que abriu este sábado, 23 de Julho, ao final da tarde, na Praça Manuel Teixeira Gomes, na zona ribeirinha de Portimão.

A abertura da exposição, proposta pelo Grupo de Amigos do Museu de Portimão (GAMP) e apoiada pela Junta de Freguesia de Portimão, em estreita colaboração com o Museu e o Município de Portimão, contou com a presença de diversas figuras do meio autárquico e cultural, nomeadamente de Helder Mendes, antigo realizador da RTP e mergulhador, que foi o autor do documentário “Os misteriosos barcos do rio Arade”, descobertos na sequência das dragagens feitas no rio em 1970, e transmitido em Julho de 1972.

Foi a primeira vez que se falou do valioso e muito desconhecido património subaquático do estuário do Arade, agora mais uma vez em risco devido às obras de alargamento do porto de cruzeiros de Portimão.

A exposição não poderia, portanto, ter sido feita em altura mais oportuna. Convida a acompanhar a importante pesquisa arqueológica subaquática que, ao longo dos últimos 30 anos, tem sido realizada por diversas entidades locais, nacionais e internacionais, no Rio Arade.

Desse contínuo e participado trabalho de pesquisa e, além da Federação Portuguesa de Atividades Submarinas (FPAS) e do Centro Português de Atividades Submarinas (CPAS), nos anos 70, destacam-se o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), o Grupo de Estudos Oceânicos (GEO), Projeto IPSIIS/ DETDA, Portisub, Subnauta, o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de S.Paulo, o Marine Archaeology Centre, o National Institute of Oceanography de Goa, o Institute of Nautical Archaeology Texas A&M University, dos Estados Unidos da América, e o CHAM, unidade de investigação inter-universitária da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores.

O Rio Arade, considerado uma das mais relevantes áreas nacionais da arqueologia náutica e subaquática, foi, desde sempre, utilizado como local de passagem, fixação, cruzamento civilizacional de culturas e relações comerciais com os povos da Bacia do Mediterrâneo, do Norte de África e da Europa.

Desse contexto histórico, tem vindo a ser descoberto e recolhido,um valioso património cultural, grande parte do qual pode ser visto no Museu de Portimão, onde se encontra salvaguardado e exposto.

Esta é igualmente uma muito apropriada e pedagógica iniciativa, num momento em que se projetam novas dragagens no Arade, no âmbito das obras do porto de cruzeiros, sem que esteja ainda definido o que irá acontecer ao imenso património que será salvo pela arqueologia subaquática preventiva durante essas obras.

A exposição mostra todo o trabalho de prospeção e salvaguarda que, ao longo de anos, foi exigido e assegurado, o qual será necessário novamente preparar e acautelar antecipadamente, em recursos logísticos, materiais e humanos, uma vez que as características e as fragilidades dos materiais e artefactos arqueológicos saídos de um meio subaquático exigem estruturas de tratamento e conservação específicas.

O modelo de uma programação técnica, científica e museológica desenvolvido pelas várias entidades, equipas de arqueólogos e pelo Museu de Portimão é disso um bom e inspirador exemplo, dado que esta tipologia de intervenções em meio aquático não se compadece com improvisos e soluções reativas de última hora.

Patente na Praça Manuel Teixeira Gomes até 18 de Setembro, esta exposição do Grupo Amigos do Museu de Portimão é um oportuno mergulho na história do rio Arade e uma agradável e inesquecível viagem pelo património cultural subaquático desta região.

 

 

 



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