Maria da Graça Ventura fala sobre “a saudade em Teixeira Gomes” na Biblioteca Nacional

Investigadora leu as cartas que o seu conterrâneo Manuel Teixeira Gomes enviou à família e aos amigos ao longo da sua vida de exílio

«A “irresistível e corrosiva saudade” na vida e na obra de Manuel Teixeira Gomes» é o tema da comunicação que a historiadora algarvia Maria da Graça Ventura apresenta amanhã, dia 21, em Lisboa, no colóquio internacional «Longe de casa: ideias, emoções, imagens e escritos de saudade no Mundo Mediterrânico (1492-1923)», promovido pela Biblioteca Nacional de Portugal (BNP).

O colóquio conta com a participação um vasto conjunto de estudiosos nacionais e estrangeiros que explorarão a ideia e o sentimento de “saudade”; um sentimento bem português compartilhado pelas sociedades do Mediterrâneo e sentida por indivíduos e comunidades – seja temporária ou permanentemente – em particular numa geografia marcada pela deslocação voluntária e involuntária de pessoas através de fronteiras políticas, culturais e religiosas, desde a Antiguidade. Estar longe de casa desencadeia uma vasta gama de situações e de sentimentos, como a nostalgia manifestada em narrativas, em cartas ou na arte.

Convidada a participar neste colóquio internacional, Maria da Graça Ventura, presidente do Instituto de Cultura Ibero-Atlântica e investigadora principal do Centro de História da Universidade de Lisboa, leu as cartas que o seu conterrâneo Manuel Teixeira Gomes enviou à família e aos amigos ao longo da sua vida de exílio.

De acordo com a sinopse da comunicação, Manuel Teixeira Gomes, nascido em Portimão em 1860, “comerciante diletante, político por dever cívico, intrépido viajante e auto-ficcionista, construiu uma vida de exílio constante. Quase sempre fora da terra Natal, desde os 10 anos de idade, cultivou o gosto pela arte, pela literatura, pelas viagens”.

“A leitura da sua escrita memorialista aproxima-nos do homem cujo deslumbramento constante pela arte e pela vida o levou a um exílio nómada no espaço mediterrânico que desde muito cedo desvendou”, acrescenta.

Autoexilado desde 1925, “a sua obra literária, de carácter epistolar revela uma ´irresistível e corrosiva saudade´ da língua materna. Em Bougie, na Argélia, alimentou-se das memórias da sua terra e a ela regressou na sua obra. Recebia cartas saudosas da sua filha Ana Rosa, mas manteve-se sempre. A “amiga” Belmira e as filhas mantinham com ele correspondência regular expressando a estranheza de uma ausência, a princípio frequente, até se tornar definitiva. Saudade corrosiva até ao fim”, conclui a sinopse.

Com esta comunicação, Maria da Graça Mateus Ventura, que já havia coordenado a edição do livro Manuel Teixeira Gomes. Ofício de Viver (Tinta da China Editora), dá mais um contributo notável para a compreensão da vida e obra do escritor e ex-Presidente da República.

 

 



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