O Cabido da Sé de Faro assumiu a intenção de começar esta semana as obras de restauro de vários elementos da catedral, das paredes aos tetos, janelas, altares e imagens, projetando um panteão no claustro.
«Constatamos que quer o forro do teto do corpo da Sé – incluindo o madeiramento e a sua pintura –, quer as paredes, estão num estado degradado. Portanto, era necessário fazer-se uma intervenção, inclusivamente tentando ver se haverá uma cor anterior que o torne mais claro e mais leve», disse o deão do Cabido (o cónego mais antigo da catedral), ao jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.
O cónego Mário de Sousa adiantou que na intervenção vão ver também a «possibilidade de enriquecer» as molduras que ornamentam esse forro, «de acordo com aquilo que estiver por debaixo da tinta atual».
As pinturas dos caixotões da abóbada de berço da capela-mor da Sé do Algarve também «estão muito degradadas e muito desfeitas» e as janelas-claraboias «já têm o madeiramento todo danificado».
Esta obra vai ser realizada «em diálogo» com a Direção Regional de Cultura do Algarve [DRCAlg], «que está a acompanhar» o projeto, e, depois desta primeira fase da intervenção na igreja de Nossa Senhora da Assunção, vão restaurar o retábulo do altar-mor, incluindo das suas três imagens – a padroeira, São Pedro e São Paulo – «que estão muito enegrecidas pelo tempo e pelo fumo».

Segundo o cónego Mário de Sousa, vão também restaurar a tela que representa a coroação de Nossa Senhora, «que encima o retábulo», as telas do cadeiral do apostolado, e o próprio cadeiral.
«Será também feita a impermeabilização do telhado, porque se nota a passagem de humidades, sobretudo na capela-mor, que depois vão degradar as pinturas a ouro», acrescentou.
O deão explicou que as obras, com um orçamento de quase meio milhão de euros, vão ser «custeadas inteiramente pelo Cabido», têm um prazo previsto de seis meses e inclui a recuperação das fachadas principal e lateral do Paço Episcopal.
A intervenção na Sé vai realizar-se de forma faseada, numa nave de cada vez, deixando as outras duas livres para as iniciativas pastorais, as celebrações, e receber visitas.
No contexto da «valorização da catedral», a sala capitular, ao lado da capela do Santíssimo Sacramento, também tem vindo a ser intervencionada e, no futuro, «será mais um espaço visitável».
Outro projeto do Cabido da Sé de Faro é a construção de um panteão para os bispos do Algarve, no claustro da catedral – na capela dos ossos ou na capela do arcanjo São Miguel.

«Neste momento, há uma cripta onde está o corpo do D. Marcelino [Franco, bispo do Algarve entre 1920 e 1955] e também as urnas com os restos mortais de alguns outros bispos, mas que não tem condições para poder conservar com dignidade os corpos porque é muito húmida, nem é visitável», contextualizou o deão da Sé.
No exterior da catedral já foi construída uma rampa para pessoas com mobilidade reduzida, faltando abrir no gradeamento o acesso ao claustro, um projeto e a obra da Câmara Municipal de Faro.
O jornal ‘Folha do Domingo’ recorda que a última grande intervenção na Sé de Faro, classificada como Imóvel de Interesse Público, foi realizada entre Outubro de 1999 e 2 de Fevereiro de 2003, o dia da reabertura depois de quase três anos e meio encerrada ao culto e a visitas.
Fotos: Samuel Mendonça | Folha do Domingo
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