José Apolinário quer agenda verde para o turismo no Algarve

No Algarve, «à nossa escala, à escala municipal e regional, temos de contribuir para conter o aumento da temperatura média», defendeu o responsável

José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR) do Algarve, defendeu, esta quinta-feira, 26 de Maio, a criação de uma agenda verde para o turismo na região. 

A medida foi defendida na sessão de abertura da Conferência “Smart & Sustainable Cities e os Desafios do Turismo” que decorreu em Portimão.

«A proposta de alocação de fundos do Programa Operacional Regional 2021-2027 defendida pela CCDR Algarve coloca no objetivo “Sustentabilidade Ambiental” mais de 40% dos 780,3 milhões de euros a gerir na região», enquadrou José Apolinário, referindo que «queremos acelerar a transição climática e a descarbonização, reforçando e somando os Fundos europeus geridos na região a outras fontes de financiamento e a outros investimentos em curso com impacte na descarbonização e na transição climática, de que o mais significativo é o investimento na eletrificação da linha ferroviária do Algarve, que todos desejamos esteja concluída até ao final do primeiro trimestre de 2024».

A isto junta-se a compra de «veículos de transporte público movidos a baterias ou de fomento da mobilidade ativa, da mobilidade suave e da micromobilidade».

«A transição climática é uma urgência global, nacional, regional e local. As alterações climáticas são o grande desafio ao futuro da União Europeia», sublinhou o presidente da CCDR e responsável pela gestão dos fundos europeus alocados ao Programa Operacional Regional, acrescentando que Portugal se propôs a «atingir a neutralidade carbónica em 2050, reduzir as emissões GEE entre 45% e 55% relativamente a 2005 e reduzir em 35% o consumo de energia primária, melhorando a eficiência energética».

No Algarve, «à nossa escala, à escala municipal e regional, temos de contribuir para conter o aumento da temperatura média que, entre outros efeitos, provoca a subida do nível médio das águas do mar, com modelos climáticos a apontarem à escala global para um aumento do nível médio das águas do mar entre os 0,29 metros e os 0,59 metros no ano 2100», defendeu.

«Sabemos, os dados científicos dizem-nos, que a temperatura aumentou, temos períodos de seca mais acentuada, menor pluviosidade, sobretudo a Sul, e que há uma enorme exposição à erosão costeira, designadamente no Sotavento do Algarve e entre a Foz do Minho e a Nazaré», acrescentou José Apolinário.

A «sustentabilidade do turismo na região, a adoção de uma agenda verde para o Turismo do Algarve tem de seguir a par da requalificação e melhoria de posicionamento do Turismo do Algarve no país e no mundo: com melhor eficiência no uso da energia pelas empresas de turismo, no impulso ao uso de energias renováveis em subsetores estratégicos para a região como o turismo náutico, no uso eficiente e inteligente da água por parte das empresas de turismo, no uso de águas residuais tratadas em espaços verdes (apenas utilizamos 4% da água tratada), na economia circular, na diminuição , classificação e tratamento de resíduos, na eliminação completa do uso de plásticos de uso único, na inovação em torno do uso de novos combustíveis e de baterias», disse ainda.

«Prosseguir este caminho passa também pela capacitação de atores e qualificação dos profissionais do setor, por forma a garantir competências adequadas que ajudem a concretizar este desígnio», referiu o presidente da CCDR Algarve, frisando que «os quase 40% do território com estatuto de proteção ambiental conferem-nos valor estratégico distintivo, uma marca, que nos qualifica e diferencia a oferta, os produtos e torna imperativa a adoção de práticas mais sustentáveis».

«É importante assegurar e promover o envolvimento da população local nestes processos e práticas, providenciando espaços de encontro, de oportunidade e de participação. O seu envolvimento e perceção é crucial na avaliação e monitorização das capacidades de carga do território e do destino», afirmou Apolinário perante uma plateia de autarcas, decisores e empresários.

A Conferência “Smart & Sustainable Cities e os Desafios do Turismo”, que decorreu ao longo de dois dias no Auditório do Museu de Portimão, estava integrada numa iniciativa decorrente da parceria entre a Câmara Municipal de Portimão, o Autódromo Internacional do Algarve, a GEN Portugal e os Territórios Criativos.

 



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