Festival de Caminhadas voltou a deixar «pegada positiva» no Ameixial

WFA voltou a realizar-se no seu formato normal

Foto: Pedro Barros | Walking Festival Ameixial/Projeto Estela

As saudades eram muitas, tanto da parte dos caminhantes, como dos organizadores do evento e da população local. Depois do reencontro, no fim de semana prolongado de 25 de Abril, já se fez as contas à 9ª edição do Festival de Caminhadas do Ameixial, que cumpriu a sua missão e voltou a deixar uma «pegada positiva» nesta aldeia serrana de Loulé, a nível económico e de intervenção na paisagem.

No regresso à normalidade após a pandemia – em 2021, o festival realizou-se, mas numa versão muito reduzida -, as muitas entidades envolvidas na organização do WFA (Walking Festival Ameixial) conseguiram que este evento voltasse a fazer a diferença, no que à economia local diz respeito.

«Conseguimos concretizar aquilo que é a missão do festival, deixar uma pegada positiva no Ameixial. Isso foi conseguido, também, do ponto de vista económico. Apesar das contas ainda não estarem totalmente fechadas, o balanço provisório do impacto financeiro do festival foi mais de 3500 euros», revelou ao Sul Informação João Ministro, da empresa ProActiveTur, que organiza em conjunto com o Projeto Estela este evento promovido em conjunto pela Cooperativa QRER, Câmara de Loulé e Junta de Freguesia do Ameixial.

E isto «só de valores que passaram por nós, porque eu diria que foi mais do que isto, só estou aqui a referir-me a refeições que passaram por nós, senhas que nós controlámos».

 

Foto: Pedro Barros | Walking Festival Ameixial/Projeto Estela

 

«Não estamos a estimar, por exemplo, consumos feitos nas aldeias envolventes, nomeadamente na Cortelha e no concelho de Almodôvar. Não estamos a estimar a bomba de gasolina, que certamente terá tido o seu retorno, ou outros cafés», acrescentou.

Também ao nível dos participantes o balanço é positivo, para mais tendo em conta que, devido às incertezas da pandemia, a divulgação do festival foi mais tardia que noutros anos.

«Tivemos cerca de 200 inscritos que participaram em várias atividades, o que resultou em cerca de 500 participações. Este é um valor abaixo daquilo que temos tido nos outros anos, mas, para nós, foi um excelente resultado, até porque nós, na verdade, também começamos a preparar tudo muito em cima. Não nos foi possível organizar isto com mais tempo», explicou João Ministro.

Os organizadores do WFA também continuam a dar «um foco muito especial aos valores locais», o que se traduziu em duas atividades «ao nível do património, da natureza e da cultura».

Esta área da intervenção na paisagem tem como coordenador Pedro Barros, arqueólogo do projeto Estela, que também esteve à conversa com o Sul Informação.

«Acho que a valorização do território, não sermos apenas um evento, mas também deixarmos uma marca no território, é bastante relevante. Este ano, foi a primeira vez que optámos por espaços da comunidade e não apenas espaços cedidos pela comunidade. Para além do grupo desportivo e da escola primária, houve eventos que se desenrolaram sobretudo no café da dona Maria, o que garantiu uma ligação à comunidade ainda mais forte e o reconhecimento do trabalho que é feito», disse o arqueólogo.

«Houve um feedback muito positivo por parte da comunidade que estava a trabalhar nisto», assegurou.

 

Construção de um banco em taipa – Foto: Pedro Barros | Walking Festival Ameixial/Projeto Estela

 

No que toca às intervenções na paisagem, uma imagem de marca do festival, «houve uma recuperação de uma fonte tradicional e a construção e instalação de bancos de taipa nos percursos locais».

«Demos este contributo de voltarmos a mostrar uma fonte antiga, anterior à primeira metade do século XX, e de a tentarmos recuperar. O trabalho ainda não foi concluído, mas o potencial é muito interessante. Foi uma experiência participativa que contou com cerca de duas dezenas de pessoas nos dois dias.  Houve um entusiasmo de descobrir o que estava já coberto pelas raízes e pelas terras», disse.

«Relativamente à construção e instalação de um banco de taipa junto do percurso do Ameixial, também acaba por ser bastante positivo, não só pelo aspeto de recuperação desta técnica ancestral, que é a construção em taipa, como também acaba por ser um elemento natural dentro da paisagem», prosseguiu Pedro Barros.

O banco em causa ficará «a fazer de miradouro para a aldeia do Ameixial junto aos moinhos do vento. Participaram sete ou oito pessoas, que estiveram a bater a terra durante uma manhã, e acho que o resultado final é de grande mais valia para a aldeia».

Outro aspeto que foi aprofundado nesta edição foi a componente internacional do festival.

«Nós integrámos recentemente uma rede de festivais de turismo responsável, ao nível da Europa, e a primeira apresentação pública dessa rede foi feita durante o WFA. Tivemos um momento em que estiveram quatro festivais – o nosso, um de França, um da Bélgica e um de Itália -, à conversa sobre uma rede que se está a constituir ao nível de vários países, para promover e partilhar as experiências entre vários eventos de natureza semelhante», salientou João Ministro.

 

Foto: Pedro Barros | Walking Festival Ameixial/Projeto Estela

 

A edição deste ano do Festival de Caminhadas do Ameixial foi ainda marcada pela realização de jornadas técnicas sobre caminhos antigos, «que eu acho que também foi um aspeto bastante importante e que teve bastante assistência», afirmou.

Desta conversa, surgiu «uma oportunidade de fazer um projeto futuro em parceria com a Câmara de Loulé ao nível da valorização de caminhos antigos que, como ficou bem patente naquela sessão, é um património cujo valor e interesse que toda a gente reconhece».

Esta ano, também houve uma novidade ao nível da gastronomia, uma Street Food Van de comida vegetariana, que teve imenso sucesso.

Em 2023, o festival terá a sua 10ª edição e, apesar de ainda não haver nada de concreto, é certo que será «um evento muito especial»

«Estamos a fazer um esforço para essa edição ser algo memorável, com melhorias daquilo que se tem feito. Queremos que seja especial, sem sair da essência do festival. Não sabemos ainda como será, mas ideias não nos faltam», assegura João Ministro.

«Para o ano, queremos diversificar as caminhadas, queremos apresentar um leque novo de caminhadas, coisas novas, noutros territórios da freguesia, para não ser muito repetitivo», concluiu.

 

Fotos: Pedro Barros | Walking Festival Ameixial/Projeto Estela

 

 



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