De um pequeno armazém para 5 grandes ginásios, esta é a história do Gymnasium

Olhão, Tavira, Faro, Portimão e (brevemente) Loulé são os cinco “Gymnasium” pensados «para o Algarve e para os algarvios»

“O Gymnasium é o sonho do meu marido, mas passou a ser também o meu”. Foi com esta frase que Paula Caleça começou por nos contar a história que deu origem a um projeto que hoje emprega perto de 140 pessoas.

Em 1993, José Caleça, proprietário do ginásio, quis começar este projeto juntamente com um amigo, mas a decisão acabou por ficar guardada na gaveta e só em 2011 se concretizou. Num pequeno armazém em Olhão, nasce então o primeiro Gymnasium.

«Fomos à China sozinhos e abrimos o primeiro ginásio com máquinas da lá, que eram muito más (risos), mas era o que nós conseguíamos dar», conta Paula Caleça ao Sul Informação.

Já nessa altura, o casal sentia haver uma «lacuna no mercado» no que diz respeito à oferta de ginásios existentes no Algarve e Paula, apesar de ser psicóloga de profissão, achou que fazia sentido envolver-se neste desafio com o marido.

Ao mesmo tempo que continuava a exercer a profissão na qual se tinha formado, ia pesquisando mais sobre o negócio, tentando manter-se informada sobre todas as novidades e, aos poucos, as coisas foram evoluindo.

«Porque é que tivemos sucesso e porque é que continuamos a ter? Porque nós trabalhamos para a maioria das pessoas e não só para atletas que já treinam no ginásio. Quando nós abrimos um novo espaço, o que fazemos é ir buscar as pessoas novas, as que nunca treinaram, as que estão em casa, e que, por um motivo ou por outro, nunca foram para um ginásio», diz.

 

 

Dois anos após a abertura do primeiro espaço, em Olhão, que tinha 600 metros quadrados, ocorreu uma expansão para 1000 metros quadrados.

Em 2015, o Gymnasium chegou a Tavira e um ano depois, em Olhão, mudou-se para as instalações do Intermarché, onde permanece até hoje. 2017 foi marcado pela abertura em Faro e em 2020 acontece a chegada a Portimão.

Sim, 2020, o ano em que a pandemia chegou e obrigou ao encerramento de tudo. Esta foi, segundo Paula Caleça, a altura em que, «sem dúvida», sentiram mais dificuldades de negócio.

«Não despedimos ninguém. Falámos com os sócios, boa parte não pôde continuar a pagar, mas houve sócios que nos quiseram ajudar e mantiveram as mensalidades. Nestes casos, nós cobrámos o mês e depois fomos devolvendo esse mês ao longo do ano – foi assim que conseguimos arranjar forma de pagar ordenados e de manter as pessoas a trabalhar».

Durante este período, foram desenvolvendo atividades online para manter os sócios ativos, mas, de acordo com Paula Caleça, nada substitui o acompanhamento presencial.

«As aulas, são, sem dúvida, o que nos distingue. Temos muitas aulas, entre 60 a 80 por ginásio, todas as semanas. As aulas de grupo são uma das coisas que mais nos dá alegria, mas penso que tem que ver também com a forma como nós tratamos as pessoas e como elas se sentem aqui dentro: o facto de se sentirem sempre acompanhadas e de estar sempre alguém em sala disponível para ajudar (em todos os horários)».

Além disso, confessa ser a boa disposição com que as pessoas são tratadas que faz também a diferença.

«A nossa missão é “fazer pessoas felizes” – e o fazer feliz tanto pode ser com um “olá, bom dia”, ou com um grande treino ou aula. A ideia é isto ser um sítio onde as pessoas descontraem do dia a dia, um sítio de onde saem melhor do que entraram».

 

 

Hoje, com quatro ginásios a funcionar (e mais um prestes a abrir, em Loulé), Paula Caleça frisa que em 2011, quando abriram o primeiro espaço, nunca pensaram chegar onde estão.

«Nunca pensámos que isso seria possível. A nossa ideia inicial foi sempre abrir um negócio que fosse uma forma de o Zé fazer aquilo de que gostava e ter um ordenado», conta Paula que, entretanto, também deixou a profissão de psicóloga para se dedicar a 100% aos Gymnasium.

«Enquanto psicóloga, sempre defendi estilos de vida saudáveis e, muitas vezes, quando atendia pais e crianças encaminhava para estas questões mais sociais: como para os porem em desportos de equipa, por exemplo».

Nos últimos anos, a aposta em saber mais, em estar sempre a par das novidades do mercado e em querer dar aos atletas as melhores condições, foram fatores que levaram Paula e José a ter hoje muito orgulho do projeto que fundaram.

«Sinto-me muito orgulhosa da marca e daquilo que nós construímos. Começámos do zero, não somos filhos de pais ricos, foi tudo com o nosso suor, com a nossa forma de estar e também foi preciso uma dose de loucura», diz, frisando que Portugal «não é um país amigo das empresas».

«Nós não temos uma mentalidade empreendedora e sinto que há alguma animosidade perante pessoas empreendedoras e pessoas que crescem e saem do anonimato. Muitas vezes, comentam “estão cheios de dinheiro”, mas nem pensam nas horas que nós trabalhamos. Mas, atenção, porque eu não me queixo. Faço aquilo de que gosto e nunca sinto que estou a trabalhar porque adoro estar aqui, adoro este ambiente, esta energia e as pessoas que trabalham comigo, e acho que a minha vida agora nem fazia sentido sem isto».

Apesar de ainda não terem conseguido regressar ao que eram antes da pandemia, Paula frisa sentir já uma grande evolução, tendo a registar também muitas entradas. Chamar novas pessoas para praticar exercício físico é também o que esperam que aconteça no ginásio de Loulé, cuja abertura está marcada para o terceiro trimestre do ano.

Na cidade louletana, o espaço contará com 1500 metros quadrados e vai empregar perto de 30 pessoas.

«A novidade é uma sala de cycling, finalmente em anfiteatro, e vamos também apostar mais no led digital. Há coisas que se mantêm, mas, em cada ginásio que abrimos, pretendemos ter sempre coisas diferentes».

Tal como em todos os clubes, a mensalidade será de 37,90 euros e dá acesso a qualquer um dos Gymnasiuns, que estão abertos o ano inteiro (exceto Natal, Passagem de Ano, Dia de Páscoa, 1 de Maio e 15 de Agosto). De segunda a sexta-feira, funciona das 7h00 às 22h30, aos sábados, das 8h00 às 18h00, e ao domingo, das 8h00 às 13h00. Durante a semana, há ainda o gym kids, «onde os pais podem deixar as crianças de forma gratuita durante o período das aulas de grupo ao final do dia e também ao fim de semana de manhã».

Ao Sul Informação, Paula Caleça explica que a abertura de um novo espaço ronda um investimento de cerca de 800 mil euros. Apesar do valor avultado, refere que o que os faz arriscar é também o facto de acreditarem.

«Acreditamos sempre porque temos muita confiança naquilo que fazemos no nosso dia a dia. Tenho profissionais espetaculares a trabalhar comigo, que sei que dão o melhor deles todos os dias para que as coisas aconteçam».

Além disso, a forma como são recebidos em cada cidade faz, segundo Paula, com que tenham sempre vontade de expandir o negócio.

«Sentimos que somos muito bem aceites – e Loulé foi a prova disso também. Quando lançámos a notícia, notámos que as pessoas ficaram muito felizes por irmos. Era algo que já nos pediam há algum tempo, mas nós ainda não tínhamos encontrado um espaço ideal», frisa.

Questionada sobre a possibilidade de alargar o negócio também para fora do Algarve, Paula diz não excluir essa possibilidade, mas, para já, não é um objetivo.

«A minha terra é esta e isso diz-me muito. Nós, normalmente, aqui, no Algarve, nunca temos coisas diferentes, chega cá sempre tudo muito depois, ou então são marcas de fora que vêm explorar o que é nosso – e eu não quero isso. Isto, para  nós, é pensado para o Algarve e para os algarvios», remata Paula Caleça.

Fotos: Mariana Carriço|Sul Informação

 

 



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