Festival de Caminhadas do Ameixial começa com debate sobre recuperação de caminhos antigos”

Jornadas Técnicas contam com a presença de investigadores de Portugal e Espanha

Umas Jornadas Técnicas sobre “Valorização e Recuperação de Caminhos Antigos”  vão dar o pontapé-de-saída ao Festival de Caminhadas do Ameixial, no dia 21 de Abril, a próxima quinta-feira, às 17h00, no Espaço Sul, Sol e Sal – Casa do Meio Dia, em Loulé.

Neste encontro, vai-se «refletir sobre a recuperação de caminhos antigos, processo que tem tido fortes desenvolvimentos noutros destinos, nomeadamente em Espanha, onde várias organizações têm trabalhado afincadamente no seu inventário, recuperação e preservação», segundo a organização.

«Pretende-se assim discutir e debater este tema, em torno do qual se pretende alavancar futuras iniciativas para a salvaguarda e conservação destes caminhos ancestrais», acrescenta.

A reflexão será feita pelos oradores convidados, entre os quais se contam «investigadores e técnicos do Instituto catalão de Desenvolvimento e Promoção do Alto Pirenéus (IDAPA) que tem um trabalho robusto e amplo em torno da recuperação de caminhos antigos e na sua valorização naquela região espanhola».

As jornadas vão contar ainda com a participação do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS) «que procedeu a uma investigação sobre a documentação histórica do Arquivo Municipal de Loulé», e bem como do Gabinete Técnico de Apoio às Aldeias do Algarve (GTAA).

«O interesse inerente aos caminhos antigos reflete-se em diversos aspetos. Por um lado, é o de preservar um valor patrimonial da região que remonta, em inúmeros casos, a um passado longínquo com milhares de anos. A ligação entre povoações sempre foi e é um dos elementos estruturantes na paisagem moldada pelo homem, soluções como caminhos de pé posto, veredas, carreiros de bestas, atalhos, calçadas, poldras, pontes, estradas “carroçáveis”, estradas macadamizadas e vias alcatroadas são ainda hoje essenciais», enquadram os promotores da iniciativa.

Por outro lado, «muitos destes caminhos são obras artesanais, testemunhos de técnicas hoje quase em extinção cujo valor imaterial importa preservar, como calçadas, muros e valados».

O facto de se tratarem de caminhos públicos é um «aspeto muito pertinente numa região cuja propriedade dos caminhos é por vezes questionada».

Estas vias «também apresentam um imenso potencial para a pratica de caminhadas, atividades pedagógicas e de observação da natureza, pois estão intrinsecamente ligados aos aglomerados urbanos e estão plenamente enquadrados na paisagem, muitos até foram entretanto resgatados pela natureza com frondosas galerias ripícolas».

«Assim, no fundo, são um valioso recurso que pode ser aproveitado para impulsionar numerosas atividades, sejam elas turísticas, educativas, lazer e bem-estar», dizem.

No entanto, avisa a organização, «estes caminhos estão em rápido declínio. Da enorme rede que o Algarve ainda guarda, especialmente na zona do Barrocal, muitos estão abandonados, obstruídos por densa vegetação, com valados desmoronados e destruídos até. Está por elaborar um inventário dos mesmos, uma avaliação do seu valor e estado de conservação, e é necessário elaborar uma estratégia para o futuro. Importa, por isso, pensar em os conhecer para os poder proteger».

Estas Jornadas Técnicas, «à semelhança do que tem acontecido nas edições anteriores do Festival, pretendem promover um debate e reflexão em torno de um tema considerado relevante para a dinamização sustentável do interior algarvio: a valorização do seu património cultural e a promoção de actividades turísticas na natureza».

O 9º Festival de Caminhadas de Ameixial, que decorre entre 21 e 25 de Abril, é uma iniciativa da Câmara Municipal de Loulé e da Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade (QRER), com organização da Proactivetur e do Projecto ESTELA. Integrado nas iniciativas do Geoparque Algarvensis, tem ainda o apoio da Região de Turismo do Algarve, da Junta de Freguesia de Ameixial, da Visacar, da ANA aeroportos, da Direcção Geral do Património Cultural, do Museu Municipal de Loulé e do Espaço Sul, Sol e Sal – Casa do Meio Dia.

 

 



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