Edifício da Alfândega passa para a Câmara de Faro para ser espaço de gastrodiplomacia

Negociação entre o município e o Ministério das Finanças, ao qual pertence o edifício, estão na reta final

O edifício da Alfândega, na Baixa de Faro, junto à doca de recreio e ao Hotel Eva, vai transformar-se numa «Embaixada Gastronómica», um «espaço de gastrodiplomacia, onde se fará o cruzamento de culturas» e dos sabores e saberes culinários de diferentes países, revelou ao Sul Informação Paulo Santos, vice-presidente da Câmara de Faro.

A autarquia farense e o Ministério das Finanças estão quase a concluir o acordo que permitirá que este icónico edifício passe para a posse da Câmara.

«Há muito que anunciámos a perspetiva do espaço da Alfândega vir à posse da Câmara. E não era só porque nos apetecia: vir para a nossa posse com um objetivo bem definido», enquadrou Paulo Santos.

E a meta é fazer deste «um espaço multicultural de diálogo e de encontro da cultura gastronómica».

 

Paulo Santos

 

E o que é que isso significa, na prática?

«Já há vários projetos a acontecer em Faro neste momento que são um exemplo de gastrodiplomacia. Um deles é o Cataplanas do Mundo», contou.

Neste projeto, está a ser utilizado «um utensílio de cozinha tipicamente algarvio, marcadamente nosso, mas com sabores diferentes».

«Desafiámos cozinheiras – também podem ser cozinheiros, mas, até agora, foram só senhoras -, de Cabo Verde, da Roménia, da China e de outros países a colocar os seus ingredientes, os seus sabores, os seus paladares num recipiente que é algarvio», acrescentou o também vereador da Cultura da Câmara de Faro.

Mas no edifício da Alfândega, no futuro, pode acontecer o contrário: «Fazer cruzamentos com a gastronomia de outros locais, a partir da nossa cultura gastronómica, dos nossos sabores e dos nossos produtos».

 

Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

Para que isso seja possível, é preciso, primeiro, que a Alfândega passe para a alçada do município.

«Quando começámos o processo de candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027, foi um dos primeiros edifícios que nós entendemos que seriam estratégicos para este processo. Logo no processo de candidatura, optámos por não avançar para a construção de grandes e novos edifícios. A nossa ideia passou muito por reaproveitar o que já existe, dando-lhe um novo uso», explicou Paulo Santos.

Foi com esse espírito que o município andou «três anos em negociações com o Ministério das Finanças».

«Chegámos à reta final dessa negociação, estamos já numa fase de final de processo. O edifício vai passar para nós e a Autoridade Tributária vai para um novo local. Estamos neste processo de permuta de um terreno nosso pelo edifício, com as avaliações e compensações necessárias», revelou.

 

Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

Uma vez que a Alfândega está atualmente a ser usada pelas Finanças, apesar do processo «se concluir agora em termos de acordo», o espaço «só poderá ser utilizado por nós depois do novo edifício para a Autoridade Tributária estar construído».

«Mas este é um passo importante para afirmar este edifício como um espaço de gastrodiplomacia ou embaixada gastronómica, como lhe queira chamar. Trocando por miúdos, queremos que seja um espaço de cruzamento de culturas através da gastronomia», resumiu.

Faro já sabe que não será a Capital Europeia da Cultura em 2027, mas, apesar de ter sido pensado no âmbito dessa candidatura, «este é mais um dos projetos que vamos desenvolver de certeza, independentemente disso».

 

 

 

 



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