“Clothilde” prepara novo álbum com sons da ilha «onde o tempo passa de outra maneira»

Com 46 anos, Sofia Mestre só criou a “Clothilde” há seis, apesar de o gosto pela música ser muito mais antigo

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

“Clothilde” é Sofia Mestre, uma artista de música eletrónica que passou a última semana na Culatra à caça dos sons característicos da ilha onde «o tempo passa de outra maneira». Ouviu-os e memorizou-os para agora os recriar em sintetizadores modulares, feitos pelo seu companheiro Zé Diogo (“HOBO & The Birds”). O álbum que conta lançar até ao final do ano, garante a própria, terá como ponto de partida estes dias, passados à beira da Ria Formosa. 

«Isto foi um fósforo: passou tão rápido», comentava Sofia Mestre, pouco tempo depois de a residência artística, promovida pelo Teatro das Figuras (Faro), ter terminado esta quinta-feira, 14 de Abril.

Para trás, tinha ficado uma semana em que os sons da Culatra foram a musa inspiradora de “Clothilde”.

A música reflete a chuva, o vento, as ondas ou o «barulho dos vizinhos». São esses os sons que compõem o trabalho feito por Sofia Mestre e Zé Diogo nos últimos dias.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Numa pequena casa da Culatra, transformaram uma sala em estúdio.

Em cima da mesa, veem-se sintetizadores, dezenas de fios num colorido de amarelo, azul, vermelho, verde, branco…

«O que nós fizemos foi recriar os sons que fomos ouvindo, mas de forma sintética. Não gravámos nada», conta Sofia, enquanto vai mostrando o resultado final.

O seu trabalho, confessa a própria, acaba por ser sempre «mais cinematográfico» porque as músicas rapidamente nos remetem para uma banda sonora de um qualquer filme.

Com 46 anos, Sofia Mestre só criou a “Clothilde” há seis, apesar de o gosto pela música ser muito mais antigo.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«Eu ouço música desde que me lembro, apesar de só ter começado aos 40 anos desta forma mais profissional: antes trabalhei em publicidade e cinema», relata.

Depois destes dias na Culatra, Sofia Mestre já tem uma certeza: o álbum, que quer lançar até final do ano, vai ter como «base» as vivências desta residência artística.

«Espero conseguir que esse álbum seja quase um objeto, com desenhos, ilustrações, eventualmente fotografia, não sei se em forma de fanzine, por exemplo. Mas isso é mais um objetivo do que uma promessa», graceja.

Gil Silva, diretor do Teatro das Figuras, acompanhou todo este processo de mais uma residência artística, um tipo de iniciativas que são para continuar.

«Temos feito estas residências na Culatra e queremos mantê-las porque este é um espaço com toda as condições para a criação: é ligado à natureza, é calmo, onde o tempo passa de outra maneira. Isso permite pensar para criar», diz aos jornalistas.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Ao mesmo tempo, com as residências, que contam com todo o apoio logístico do Teatro das Figuras, «promovemos esta localidade que é um pequeno paraíso do qual às vezes estamos desligados», acrescenta.

Para este responsável, o som de “Clothilde” é «uma viagem» e «relaciona-se muito bem» com a Culatra.

Sofia Mestre, de resto, ficou com vontade de voltar – talvez para o ano, para quando estará marcado, em princípio, um concerto de “Clothilde” no Teatro das Figuras.

Olhando para os sintetizadores, a artista conclui: «há uma simbiose entre mim e a máquina: no fundo, eu aqui sou a maestrina de uma orquestra e sou eu quem controla todos os instrumentos».

 

 

 



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