Olhão tem um novo jardim que poupa água

Renovado jardim Patrão Joaquim Lopes foi inaugurado no domingo

A relva foi arrancada e, no lugar dela, foram plantadas espécies «que quase não precisam de água». Esta e outras soluções de engenharia natural que permitem aumentar a eficiência hídrica são «o grande mérito» do novo jardim Patrão Joaquim Lopes, em Olhão, que foi inaugurado este domingo, dia 27, depois de um investimento de 1,75 milhões de euros, comparticipado em 1 milhão pelo Fundo Ambiental.

A abertura oficial deste parque urbano contou com a presença de João Matos Fernandes, o ainda ministro do Ambiente, que teve em Olhão o seu último ato público oficial, porque «os olhanenses não esquecem quem lhes faz bem», como fez questão de frisar António Pina, presidente da Câmara olhanense.

E o que mudou neste amplo jardim à beira-ria, situado a nascente dos Mercados Municipais olhanenses?

«Há uma coisa que muda, desde logo, que é uma maior abertura para a Ria Formosa. Com a retirada dos muros, o jardim tem hoje uma integração muito maior com esta zona húmida», enquadrou António Pina.

«Depois, também há mudanças ao nível de espécies, que são adaptadas a esta realidade presente e certamente futura da escassez de água», acrescentou o autarca.

 

 

Foi precisamente esta vertente ligada à poupança da água que convenceu o Ministério do Ambiente a apoiar financeiramente este projeto, um dos quatro parques urbanos do país que receberam verbas do Fundo Ambiental.

Todas as propostas vencedoras «são de parques urbanos e todos pensados para a adaptação às alterações climáticas».

«Aqui em Olhão, estamos a falar de uma zona com pouca água e onde era essencial poder continuar a existir um espaço de fruição pública para os olhanenses e para quem visita, mas utilizando a menor quantidade de água possível», explicou João Matos Fernandes.

«Por isso, a relva que existia aqui, deixou de existir – e até houve alguma reação negativa, como bem explicou o senhor presidente da Câmara -, e o prado e estas plantas que aqui estão são espécies que praticamente não consomem água. Também existem muitas zonas de chão com saibro», reforçou.

Esta é «uma outra forma de fazer espaços públicos, gastando a menor quantidade de água possível».

«Por contraste, no caso do Porto, no Parque da Asprela, que inaugurei na semana passada, trata-se de uma ribeira onde foi preciso fazer uma bacia de retenção, porque havia muitas cheias. Ou seja, é um parque que vai inundar imensas vezes, foi pensado para isso. Mas nos 99 em cada 100 dias em que não inunda, é um parque, todo ele feito com engenharia natural», acrescentou o ministro.

 

 

Voltando a Olhão, o Jardim Patrão Joaquim Lopes está integrado num conjunto mais amplo, cujo elemento central são os mercados, todo ele alvo de uma recente requalificação.

Num primeiro momento, foi requalificada a Avenida 5 de Outubro, a artéria onde se concentram muitos dos restaurantes de Olhão.

De seguida, foi intervencionado o Jardim Pescador Olhanense, a poente dos Mercados, que, apesar de estar inserido na mesma empreitada do parque inaugurado no domingo, já está aberto ao público há muito tempo.

«Criámos alguns pontos que permitem uma maior fruição, nomeadamente esta zona do pontão, que foi feito de forma a simular a proa de um barco e, à semelhança das plataformas que existem no outro jardim [o Jardim Pescador Olhanense, a poente dos Mercados Municipais], permitem um contacto mais direto com a Ria Formosa», disse António Pina.

«Também optámos por juntar os dois parques infantis no Jardim Pescador Olhanense, até porque era um problema para quem tinha filhos de diferentes idades, que tinham de vir a este meia hora com o mais velho e depois andar até ao outro, para ficar lá mais um bocado», concluiu.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



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