O que é uma espécie endémica?

Como é que surgem as espécies endémicas?

Entende-se por espécie endémica a que possui uma área de distribuição restrita, isto é, existe apenas numa determinada área, e em nenhum outro lugar do planeta, em estado selvagem.

No entanto, podemos entender a sua área de ocorrência a várias escalas, uma vez que uma dada espécie poderá existir num só continente, na Península Ibérica, num só país, numa ilha, num monte ou num só charco de água. Falamos, então, na sua ocorrência a uma macro ou micro escala.

Nunca se perguntou porque é que designamos por lobo ibérico, quando nos referimos ao lobo que habita, entre outros territórios, o Parque Natural de Montesinho? Ou lince ibérico, quando se fala no felino mais ameaçado da Europa? Isso mesmo, significa que eles se distribuem apenas pela Península Ibérica.

Mas como é que surgem as espécies endémicas?

Os endemismos ocorrem e resultam da evolução de uma população que geralmente fica isolada do resto da sua espécie. O isolamento pode resultar de vários fatores, entre eles pela fragmentação do seu habitat, devido por exemplo, a um incêndio, à construção de uma estrada ou a fenómenos climatológicos, como as glaciações.

A população que fica isolada do resto da sua espécie continua a reproduzir-se e a evoluir separadamente, originando, assim, uma outra espécie, a que se designa de especiação. Os endemismos surgem tanto em animais como em plantas, sendo mais frequentes em espécies com mobilidade mais reduzida.

Sabia que no Parque Natural de Montesinho pode observar cerca de 50% dos endemismos ibéricos de répteis e anfíbios existentes em Portugal Continental?

Sabia que o Maciço de Morais, no concelho de Macedo de Cavaleiros, é uma zona de grande interesse geológico em Portugal, dado que se trata de uma das maiores áreas contínuas de serpentinitos e associada à sua riqueza geológica existem endemismos serpentinícolas que surgiram devido à natureza do solo?

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira são também locais onde ocorreram várias especiações, sendo formados por ilhas ricas em espécies endémicas.

Quando os endemismos se localizam em áreas muito pequenas ou degradadas (sobretudo devido à ação do Homem), têm vindo a ser motivo de preocupação relativamente à sua conservação, uma vez que são espécies mais suscetíveis de desaparecer, levando a sua extinção a uma diminuição da biodiversidade e, consequentemente, a um empobrecimento do nosso planeta.

 

Autora: Clotilde Nogueira é Comunicadora de Ciência e Monitora no Centro Ciência Viva de Bragança

 



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