Melhoria da qualidade de vida dos mais velhos já começou a ser pensada em Alte

Observatório vai analisar dados ligados às diferentes áreas ligadas ao envelhecimento

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

Albertina Madeira, de 99 anos e ainda hoje colaboradora ativa da publicação Ecos da Serra, é, desde há cerca de uma semana, a habitante mais velha de Alte. Nem de propósito, viu esta segunda-feira, dia 21 de Março, ser inaugurado no edifício em frente aquele onde vive, na rua Nova da Igreja, nesta aldeia do interior do concelho de Loulé, o Observatório Nacional para o Envelhecimento.

Ali, a pouco passos da porta de sua casa, será feito um trabalho «fundamental» para que os mais idosos de Alte, mas também de todo o país, tenham cada vez mais anos de vida ativa e com qualidade.

Esta estrutura de âmbito nacional, que junta em parceria o Algarve Biomedical Center (ABC) e centros de referência de quatro universidades – UAlg, NOVA Medical School de Lisboa, Universidade do Porto e Universidade da Beira Interior -, vai começar já a trabalhar para ajudar o Governo, neste caso o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) a criar políticas que permitam que a população portuguesa «envelheça de forma saudável, de forma muito ativa e que tenha uma ótima qualidade de vida».

«Nós estamos a falar do Observatório Nacional do Envelhecimento (ONE), que vai analisar os dados de uma das áreas que é mais importante e relevante em termos nacionais, nesta década e nas próximas», enquadrou Nuno Marques, presidente do ABC e presidente da Comissão Executiva do observatório.

 

Nuno Marques

 

«O que vai acontecer aqui é uma análise de dados de caráter nacional. Vamos analisar dados ligados às diferentes áreas ligadas ao envelhecimento. Estamos a falar da saúde, social, trabalho, da passagem à reforma, da área económica e da capacidade financeira das pessoas, conforme vão envelhecendo», enquadrou.

O ONE também se irá debruçar sobre «as questões do conhecimento, como sejam as questões do ensino ao longo do ciclo de vida e do digital, que tem um impacto muito grande mais tarde, bem como a habitação».

«É fundamental ter tudo isto em conta quando estamos a falar de um envelhecimento saudável e ativo, porque estamos a falar não só de saúde, mas de as pessoas terem a perceção que têm uma boa qualidade de vida ao longo dos  anos», acredita Nuno Marques.

Este observatório «vai olhar para os indicadores nacionais de todas estas áreas e, através de uma análise fina, vai conseguir propor políticas a serem implementadas pelos nossos decisores políticos, de forma a podermos ter uma melhoria».

 

 

«Penso que hoje é um dia histórico para Alte, mas também para Portugal, com o lançamento deste Observatório Nacional dedicado ao envelhecimento que congrega três centros de referência de universidades portuguesas em torno da investigação e do envelhecimento», afirmou, por seu lado, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que presidiu à cerimónia de inauguração do ONE.

«Isto é fundamental para termos a capacidade de ter opções bem informadas do ponto de vista daquelas que são as áreas críticas de intervenção para termos um envelhecimento cada vez mais ativo e saudável ao longo da vida e, cada vez mais, políticas associadas à longevidade mais focadas e com mais conhecimento associado», considerou.

Esta é, na visão da governante, «a grande vantagem de termos universidades associadas em trono deste observatório, para identificarem, por um lado, as áreas críticas de intervenção, onde devemos focar e canalizar os investimentos e priorizar as opções públicas, nomeadamente no contexto do Plano de Ação para o Envelhecimento Ativo e Saudável».

E há muito trabalho a fazer neste campo, uma vez que, como ilustra o presidente do ABC, Portugal está «ainda longe dos países nórdicos europeus» no que toca à qualidade de vida dos mais idosos.

«Temos uma longevidade conseguida, estamos muito próximos deles na esperança média de vida, mas num indicador que é chave em termos nacionais, ainda há muito caminho a fazer, nomeadamente nos anos de qualidade de vida que as pessoas têm acima dos 65 anos. Diria que estamos a cerca de uma década dos países nórdicos», defendeu.

 

 

António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, que também esteve ontem em Alte, reforçou esta mensagem.

«O nosso país é, neste momento, dos mais envelhecidos da Europa, o que torna este observatório ainda mais importante. (…) Quando envelhecemos devemos poder celebrar e não lamentar. É isso que estamos aqui a fazer», disse.

Para já, o ONE vai contar com trabalhadores, mas, «logo a seguir, passaremos para os oito técnicos diferenciados. Mais à frente chegaremos às 20 pessoas a trabalhar aqui».

«Tudo isto será articulado em rede. Nós temos a academia envolvida nisto. Temos as universidades do Porto e do Algarve, a NOVA Medical School, bem como a Universidade da Beira Interior, mas principalmente as três iniciais, que têm já investigadores a trabalhar  nestas áreas, que vão estar ligados em rede ao observatório e a contribuir para este conhecimento», explicou.

No fundo, o observatório irá ter uma equipa «com grande capacidade de preparar as bases de dados, a interligar umas com as outras e, acima de tudo, a prepará-las para as análises dos investigadores, para que possam pôr em prática nas várias áreas e setores ligados ao envelhecimento».

Neste primeiro ano, o ONE tem um orçamento de cerca de 1,1 milhões de euros, «até porque se trata de um ano de investimentos. Já investimos mais de 600 mil euros na criação de um Data Center protegido, uma vez que estamos a falar de dados sensíveis. Depois teremos de pensar nas demais despesas».

Além de Nuno Marques, fazem parte da Comissão Executiva do observatório Elísio Costa, do Centro de Referência Porto for Ageing, Hele,na Canhão do Ageing Group da NOVA Medical School, Sandra Pais, do Algarve Active Ageing, Susana Tavares, do MTSSS, e Assunção Pato, do Centro de Envelhecimento da Universidade da Beira Interior.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

 

 

 



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