Empresas algarvias ajudam funcionários ucranianos e dão emprego a refugiados

Há empresas de vários setores a oferecer oportunidades de emprego aos refugiados

Empresas algarvias das mais diversas áreas, desde o setor da inovação e tecnologia ao turismo, estão a dar apoio aos seus colaboradores ucranianos e às suas famílias e a disponibilizar-se para integrar na sua equipa refugiados que escolham o Algarve como destino.

«Temos sido contactados por várias empresas daqui do Algarve e também há propostas vindas do Norte. Vamos apresentar estas propostas às pessoas, quando elas estiverem cá, e elas vão decidir o que querem», revelou ao Sul Informação Igor Korbeliak, presidente da Associação de Ucranianos no Algarve, que também já deu conta de que os primeiros refugiados devem chegar ao Algarve nos próximos dias.

Esta não é, como se percebe, uma realidade que se viva apenas no Algarve, mas que se estende a todo o país.

Na segunda-feira, o Governo lançou a iniciativa “Portugal for Ukraine”, que visa «apoiar os cidadãos da Ucrânia que pretendem, por razões de conflito armado e humanitárias, residir em Portugal».

Este programa tem várias dimensões, entre as quais a do emprego. Para isso, foi lançado um formulário online através do qual as empresas podem manifestar ao Instituto do Emprego e de Formação Profissional (IEFP) a intenção de contratar pessoas que estejam a fugir da guerra.

Segundo anunciou ontem Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho e da Segurança Social, já foram carregadas no site do IEFP mais de 2000 ofertas de emprego, que serão depois traduzidas para ucraniano.

 

Miguel Fernandes, presidente da Algarve Evolution

 

A associação empresarial Algarve Evolution foi das primeiras a tomar a iniciativa e a questionar os seus membros sobre a disponibilidade de integrar pessoas vindas da Ucrânia nas suas equipas.

«Nós já temos entre 15 a 20 vagas de emprego, em áreas como o desenvolvimento tecnológico, project management e uma série de funções. Houve várias empresas que demonstraram interesse em acolher e contratar», disse ao nosso jornal Miguel Fernandes, presidente desta associação que reúne empresas algarvias da área das novas tecnologias.

«Também estamos em articulação com outras redes a nível nacional, porque não faz sentido cada um estar a trabalhar para o seu lado», acrescentou.

Mas esta autêntica onda de solidariedade vai bem mais longe do que simples ofertas de emprego. Há empresários empenhados em ajudar funcionários a trazer familiares da Ucrânia e a acolhê-los no Algarve.

«Para já, o que estamos a fazer é a tentar perceber quais são as necessidades dos ucranianos que trabalham connosco e das famílias deles. É importante, antes de tudo, ajudar os que nos estão próximos e as suas famílias, que estão a tentar sair e ainda não conseguiram chegar à Polónia», ilustrou ao Sul Informação João Soares, diretor do D. José Beach Hotel, em Quarteira, e delegado da Associação Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) no Algarve.

«Temos estado a conversar com os nossos funcionários. Temos seis ucranianos aqui no nosso hotel. Logo que tenham a certeza de que tipo de ajuda é que as suas famílias precisam, tudo faremos, dentro das nossas possibilidades, para lhes dar o apoio necessário», assegurou.

A partir do momento em que estas pessoas e outros refugiados que possam vir para o Algarve estejam instaladas e com a sua situação estabilizada – «as pessoas não vão chegar aqui e começar a trabalhar no dia seguinte, como é óbvio» -, este empresário, bem como outros sócios da AHP, terão «toda a abertura para os integrar nas nossas equipas».

«E é para ganharem o mesmo que qualquer outro trabalhador com as mesmas funções, não haverá aqui nenhum aproveitamento», salientou João Soares.

 

 

O empresário não tem qualquer dúvida de que estas são pessoas que se adaptarão rapidamente e que podem ser uma mais valia.

«A generalidade dos hotéis da região tem ucranianos nas suas equipas. São uma comunidade muito forte no Algarve e que está muito bem integrada», referiu.

Entretanto, já estão desde ontem no Algarve as filhas e netos de Maria, uma funcionária ucraniana do conhecido restaurante Noélia, em Cabanas de Tavira.

Este foi o culminar de uma ação de solidariedade que teve o seu rosto mais visível em Noélia Jerónimo, chef e proprietária do restaurante, que, através das redes sociais, apelou a ajuda e deu conta do andamento da viagem e das atribulações das refugiadas .

Também a Timing, uma das maiores empresas de trabalho temporário do Algarve, já veio a público anunciar que irá ajudar os seus colaboradores ucranianos.

«A Timing Portugal irá contactar todos os atuais e antigos colaboradores de nacionalidade ucraniana, que ainda são bastantes, informando a nossa disponibilidade para os ajudar e dar apoio em tudo o que estiver ao nosso alcance», publicou nas redes sociais Ricardo Mariano, o proprietário da empresa.

Também a União de Misericórdias de Portugal apelou aos seus membros de todo o país para que vissem qual a disponibilidade que teriam para acolher cidadãos ucranianos nos seus quadros, trabalho que o Secretariado das Misericórdias do Algarve já está a realizar, como Armindo Vicente, o seu presidente, já havia revelado ao Sul Informação.

 

 

 

 



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